Estudante juiz-forano se destaca em olimpíadas de Matemática
Caio Martins Temponi do Valle, de 11 anos, coleciona medalhas obtidas em competições e pretende representar o Brasil no exterior
Ao lado do guarda-roupas do estudante Caio Martins Temponi do Valle, de 11 anos, há ganchos de onde pendem uma série de medalhas. A mais recente ainda não chegou. A prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) foi anunciada no dia 4 deste mês, mas só deve ser entregue na casa de Caio mais adiante. Nesta sexta (20), ele recebeu a notícia de que ganhou menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), que seleciona os maiores destaques do país nesse campo do conhecimento. Mas Caio, que sonha em ganhar a insígnia dourada, não vai parar por aqui, e vai continuar participando das olimpíadas, inclusive representando o Brasil em competições internacionais.
Caio conta que das primeiras provas que fez, até aqui, muita coisa mudou. “Quando fiz as primeiras, eu ficava muito nervoso, demorava muito tempo, minha letra saía feia. Agora estou melhorando. Faço as provas com mais calma, porque agora também aprendi o conteúdo delas.” Além do reforço que recebe no Colégio Apogeu, onde estuda, o garoto também avança nos estudos de Matemática com a ajuda do pai. “A mesa fica toda cheia de livros e cadernos, fica parecendo mais uma biblioteca. Ele se dedica muito. Nós damos materiais, incentivamos, porque ele é muito interessado, sempre procura melhorar”, relata a mãe dele, Laurismara Martins Temponi.
A trajetória de Caio esse ano foi marcada por vários pódios. Tornou-se bicampeão no Concurso Canguru de Matemática e foi o único participante a conquistar ouro nos três níveis da Olimpíada Mineira de Matemática (OMM). Mesmo não sendo paulista, foi convidado a participar da Olimpíada Paulista de Matemática (OPM), onde também foi premiado com medalha de prata. O estudante foi convidado pelos resultados na Obemep, OMM e Canguru a participar da OBM. “Fico feliz de trazer essas medalhas para valorizar a cidade, e também por saber que vai ser importante para o futuro. Me sinto bem, recebo o carinho dos meus colegas. Quero continuar estudando”, pontua o menino.
Foco na preparação
Caio conta que, em apenas uma questão de uma das provas que fez, precisou do espaço de 23 linhas para desenvolver a resposta, o que reforça a necessidade de se prepara. Enfrentar um desafio do tamanho de uma olimpíada de conhecimento nem sempre é encarado com a devida maturidade pelos estudantes. “Ele já ficou mais de quatro horas fazendo provas. Se as crianças não estão preparadas, não dão conta de participar, porque as questões exigem muito. Chega o momento em que o raciocínio para. Então é preciso começar a estudar com antecedência”, frisa Laurismara.
A principal diferença entre os estudos rotineiros da matéria e de quem se prepara para uma prova de olimpíada de conhecimento, de acordo com o professor de Matemática de Caio, Victor Emanuel Pinto Guedes, é o grau de profundidade com que cada assunto é trabalhado. Ele também pontua que há diferenças entre as competições que visam fomentar o ensino de Matemática no país, por meio de resoluções e problemas, e outras que buscam encontrar talentos na área.
“Sem dúvida, um aluno que deseja destacar-se nas olimpíadas terá necessidade de aprofundar seus conhecimentos em livros com foco em um estudo específico para cada exame e em programas que proporcionem a ampliação de seu conhecimento científico, como o Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), oferecido a alunos premiados na Obmep”, explica o professor.
De acordo com ele, uma boa estratégia para quem começa a estudar para exames como esses deve ser buscar refazer as provas das edições anteriores. Por meio delas, segundo ele, é possível passar a conhecer o tipo de prova e a desenvolver estratégias para o aprofundamento dos estudos. “Além disso, as organizações das olimpíadas costumam disponibilizar em seus sites materiais de apoio para os alunos. A Obmep, por exemplo, disponibiliza em seu site uma série de apostilas com conteúdos muito além da sala de aula, que permitem ao discente uma imersão em todo o programa olímpico.”
Para Victor, além de desenvolver seu senso crítico, o aluno que participa de uma olimpíada do conhecimento também passa por uma mudança de ponto de vista sobre a disciplina. “A autonomia adquirida no processo de estudo desenvolve cada vez mais a capacidade do aluno de ‘pensar fora da caixa’, incentivando-o a resolver situações-problema que podem ajudá-lo no dia a dia ou em algum processo seletivo de que ele venha a participar.”
Oportunidades em universidades
Ao ver a participação de Caio nas Olimpíadas, os amigos de turma também começaram a se interessar pelas competições de conhecimento, o que trouxe mais duas menções honrosas para a turma dele no Concurso Canguru. A expectativa é de que outros discentes se interessem em aderir às provas de olimpíadas e, com isso, a forma de os alunos se preparem preparar seja incrementada.
“Tem muita gente que nem fica sabendo das provas. Agora as pessoas já começam a ficar mais atentas. Tem mais gente se interessando e isso é muito bom. Também é necessário incentivar os filhos a participar, oferecer material”, avalia Laurismara.
Para os estudantes que se dedicam às olimpíadas de conhecimento também há outra vantagem, além da experiência como um todo: algumas universidades disponibilizam vagas em cursos superiores ou até mesmo em projetos de iniciação científica, para estimular a continuidade dos estudos e para que esses talentos cheguem ao meio acadêmico.
E o sonho do ensino superior é só mais um na bagagem de Caio. Ele já projeta realizar o sonho de se tornar um juiz, ingressando em uma faculdade, seja por meio de uma dessas oportunidades oferecidas pelos resultados obtidos nas competições ou pelo vestibular tradicional. Em função de todas essas possibilidades e do interesse de Caio e de outros alunos em participar de olimpíadas, o Colégio Apogeu prepara um projeto específico para incrementar a preparação para as competições no próximo ano.