Juiz de Fora terá novo HPS; estrutura do Regional pode ser demolida para ceder o local
Mais de R$ 70 milhões também serão investidos na Ascomcer, Hospital João Penido, Santa Casa e Maternidade Therezinha de Jesus
Um novo Hospital de Pronto Socorro (HPS) será construído em Juiz de Fora. O anúncio foi feito pelo vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), nesta sexta-feira (22), em visita à Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer).
O recurso para a construção – R$ 65 milhões – já está disponível, mas a Prefeitura precisa submeter o projeto à vigilância para que seja aprovado. Uma parte das verbas já pode, inclusive, ser liberada para a contratação do projeto.
Segundo o Secretário de Saúde, Jonathan Tomaz, havendo a viabilidade técnica para usar o espaço onde há a obra interrompida do Hospital Regional, a prefeita Margarida Salomão (PT) está disposta a levar para lá o HPS. Simões esclarece que o Estado não reconhece como possível utilizar a estrutura de fundação, que está mal construída, mas o terreno, sim.
Questionado pela Tribuna sobre o motivo de construir um novo HPS, em vez de investir na reparação dos problemas do que já existe, o Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira, o vice-governador explicou que ele tem pouco espaço e, para fazer intervenções, seria necessário fechar o hospital, o que seria terrível para a cidade e para a região. Enquanto um novo é construído, os atendimentos não param, e depois de pronto, são transferidos.
“É claro que, depois que transferir, a Prefeitura vai usar aquele imóvel, provavelmente com uma finalidade de saúde mesmo. Pode-se levar para lá uma policlínica, um centro de imagem, muita coisa pode ser feita ali”, conclui.
Mais de R$ 70 milhões em outros hospitais
Além do HPS, outros R$ 72 milhões ou R$ 77 milhões serão investidos em outros hospitais de Juiz de Fora. A Ascomcer, onde foi feito o anúncio, receberá R$ 10 milhões ou R$ 15 milhões, que já estão prontos para serem liberados, dependendo se o hospital conseguirá aderir ao Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon). Caso consiga, será investido um valor maior.
O investimento de R$ 10 milhões é para adquirir um novo acelerador linear, “uma máquina que utiliza alta tecnologia para gerar raios-X poderosos e precisos, usados no tratamento de câncer”, na definição da Sociedade Brasileira de Radioterapia. “O desafio é fazer com que esses raios-X cheguem exatamente no local do tumor, sem danificar muito o tecido saudável ao redor. Para isso, o acelerador linear é equipado com uma série de dispositivos que controlam e moldam o feixe de raios”. O valor é justamente o que pode ser obtido pelo Pronon.
Caso sejam investidos R$ 15 milhões, será paga metade da ampliação que está projetada e que será enviada para aprovação em Belo Horizonte nas próximas semanas. “A expansão significa uma ampliação de leitos de UTI, de salas cirúrgicas e de enfermarias. O secretário de Saúde municipal me dizia que nós temos hoje mais de 200 pessoas na fila aguardando cirurgia oncológica. Essa fila seria zerada se a gente conseguisse fazer essa ampliação”, revela Simões.
O Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus receberá R$ 10 milhões em equipamentos de neurocirurgia. Uma parte já foi paga, a aquisição já começou e será entregue ao longo dos próximos meses.
A Santa Casa de Misericórdia receberá R$ 2 milhões em equipamentos. O recurso e a compra de equipamentos são muito rápidos, segundo o vice-governador.
O Hospital João Penido será ampliado, com R$ 50 milhões. O dinheiro já está liberado, há projetos em andamento e algumas das ampliações já estão sendo executadas, em meio ao processo de discussão da Ordem de Serviço. A expectativa é de que, ao final, ele possa funcionar em regime de “porta aberta”, ou seja, atendimento sem passagem prévia por unidade básica de saúde.
Valores vêm da tragédia de Brumadinho
Os investimentos vêm dos R$ 150 milhões que o Governo de Minas Gerais havia firmado como compromisso de investimento na saúde de Juiz de Fora, resultantes de indenização paga pela Vale, na tragédia de Brumadinho. Até chegar à solução, houve uma grande novela, envolvendo o direcionamento da verba ao Hospital Regional.
“Chegamos à conclusão de que faria mais sentido reestruturar a saúde em Juiz de Fora, ampliando capacidade de atendimento e qualidade, mas reforçando o interior da Zona da Mata, para que as cidades do resto da macro-região pudessem ganhar uma certa independência e não depender tanto de Juiz de Fora em si”, explica Simões.
Serão investidos R$ 26 milhões em Muriaé, R$ 11 milhões em São João Nepomuceno e Bicas, R$ 11 milhões em Leopoldina e Cataguases, R$ 6 milhões em Santos Dumont, R$ 6 milhões em Além Paraíba, R$ 4 milhões em Carangola e R$ 4 milhões em Lima Duarte. A ideia é que as cidades possam ter novas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), para que só casos complexos cheguem a Juiz de Fora.

Tópicos: hospital regional / HPS / Mateus Simões