Suspeito de desaparecimento da ex-mulher apresenta nova versão
Homem garante que mulher que embarcou em seu veículo no último dia em que a ex-companheira foi vista seria uma garota de programa
Por cerca de uma hora e meia, Jaime Tristão Alves, de 41 anos, principal suspeito pelo sumiço de sua ex-mulher, Claudia de Paiva Rezende Alves, 47, prestou depoimento ao delegado Rafael Gomes nesta quinta-feira (22). Ao policial, Jaime apresentou controvérsias em relação ao depoimento anterior e não quis detalhar os fatos, permanecendo no seu direito de ficar em silêncio durante a oitiva por diversas vezes. Entretanto, ele garantiu que a mulher com características físicas semelhantes às de Cláudia, vista em vídeo de câmera de segurança embarcando em seu carro no mesmo dia do sumiço da ex-companheira, era uma garota de programa. Anteriormente, Jaime havia negado a presença de outra pessoa no automóvel, apesar das coincidências entre os trajetos dele e de Cláudia no mesmo horário, apontadas pela polícia.
Claudia é residente do Bairro Nova Era, Zona Norte, e está desaparecida desde 6 de julho. Ela teria desaparecido na Rua Eraldo Guerra Peixe, mesmo endereço onde estava o veículo do suspeito no último dia em que ela foi vista, em horário próximo de quando há registrada uma ligação do celular dele para a vítima. Depois desse telefonema, o aparelho da mulher foi desligado.
“Os relatos dele continuam inconsistentes e ele não quis contar detalhes sobre o que teria acontecido aquele dia, permanecendo em silêncio por diversas vezes. Sobre a garota de programa com quem garante ter se encontrado, também não forneceu onde a teria deixado, nem mesmo formas para que façamos contato, bem como não informou seu possível endereço. Desde o início das apurações, ele nunca apresentou uma versão consistente”, afirmou o delegado Rafael Gomes, responsável pelo inquérito.
O suspeito está preso desde o dia 8, dois dias após o desaparecimento da ex-companheira. Na última sexta-feira (16), entretanto, ele teve a prisão temporária convertida em preventiva, após ser acatado pedido da Polícia Civil que apresentou elementos suficientes para tal conversão. A decisão foi corroborada pelo Ministério Público e determinada pela Justiça. Ele continua no Ceresp. Jaime foi capturado em uma casa em Rochedo de Minas, município da Zona da Mata, em um imóvel que teria sido alugado por ele há cerca de três meses.
Frio e indiferente
Questionado sobre uma possível morte da vítima, Rafael Gomes garantiu que a filmagem reforça a suspeita de que Jaime tenha praticado feminicídio e ocultação de cadáver. “A todo momento ele se mostra frio e não esboça qualquer reação de tristeza. Ele se demonstra indiferente e não apresenta qualquer testemunha que possa inocentá-lo. Apenas se limita a negar os fatos.”
Com o uso da substância luminol, vestígios de sangue no carro de Jaime e na jaqueta que ele estaria usando no dia do sumiço foram localizados. O veículo foi apreendido no decorrer das investigações e revelou resquícios do líquido vermelho no banco do motorista e no cinto de segurança. O material foi encaminhado para Belo Horizonte, para ser confrontado com o DNA de familiares de Claudia. O resultado é aguardado pela Polícia Civil e será anexado ao inquérito.
Outro fato que chamou atenção dos policiais foi o de o próprio suspeito ter procurado a Polícia Militar a fim de relatar o desaparecimento da ex-mulher, caindo em contradição posteriormente em depoimento. O suspeito deverá prestar novos depoimentos, caso surjam outros elementos. “Iremos continuar com as diligências, que seguem sob sigilo para não atrapalhar nas investigações”, finalizou o policial.
Histórico agressivo
Conforme as investigações, o casal tinha um relacionamento conturbado, e apesar de separados, eles dividiam um imóvel. Contra o suspeito, inclusive, a mulher havia requerido medida protetiva e já havia registrado boletins de ocorrência contra Jaime por agressão física e ameaça. Em uma da ocorrências, ela contou que seu esposo, por motivos de relacionamento, a ameaçou de morte e agressão, sendo contido pelos filhos.
Tópicos: feminicídio