Ex-marido é suspeito de desaparecimento de mulher na Zona Norte
Polícia Civil investiga presença de sangue no carro de ex-companheiro
A Polícia Civil de Juiz de Fora investiga o desaparecimento de uma moradora da Zona Norte da cidade, Claudia de Paiva, 47 anos. Ela sumiu no dia 6 de julho, um sábado, e nunca mais deu notícias a familiares ou amigos. Até o momento, as apurações e os indícios encontrados apontam para a possibilidade de ela ter sido morta, e o principal suspeito é seu ex-marido, 41, que está foragido. As últimas imagens de Claudia foram registradas pelas câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais do Bairro Nova Era e de um ônibus urbano e são consideradas cruciais para a apuração do caso. Nelas, também aparecem o carro do ex-companheiro, transitando em direção à mesma via em que a mulher se dirigiu. Além disso, peritos da Polícia Civil encontraram, por meio do uso da substância luminol, vestígios de sangue no carro do suspeito e na jaqueta que ele estaria usando no dia do desaparecimento.
Quem está à frente do caso é o delegado Rafael Gomes, que respondia pela 3ª Delegacia Distrital, quando teve início a investigação. Segundo ele, foi o próprio suspeito que procurou a Polícia Militar (PM) para registrar o sumiço. A ocorrência inicial foi feita às 11h56 do dia 8 de julho, dois dias após Cláudia não dar mais notícias. O documento policial aponta que o homem relatou que sua ex-esposa teria saído no dia 6, para “se divertir com uma amiga”, tendo ficado combinado que se encontraria com ela na casa desta amiga. Ele disse aos policiais que a família a procurou em hospitais e tentou contato por telefone, sem sucesso. Depois do registro, uma irmã da desaparecida entrou em contato com a Polícia Civil. “Ela se mostrou muito preocupada, pois Cláudia não tinha o hábito de sair sem avisar ou mesmo de ficar sem fazer contato, principalmente com os filhos de 15 e 16 anos. Desde então, começamos a fazer várias diligências”, comentou o delegado.
Rafael Gomes afirmou que o ex-marido foi um dos primeiros a ser ouvido, não por haver suspeita de ligação com o desaparecimento, mas por ter sido quem registrou a ocorrência. Além de colher depoimentos, os investigadores começaram a fazer uma varredura em toda região, para buscar algum indício da localização da mulher. As últimas imagens dela foram obtidas em câmeras de segurança de uma padaria e de uma loja de produtos de agropecuária, ambas localizadas na Rua General Almerindo da Silva Gomes. Os registros são de pouco antes das 17h do dia 6 de julho. “A versão inicial dele é de que esteve bebendo com amigos entre 14h e 19h do dia 6 de julho, e, mais tarde, teria ido a uma festa. Porém, estes amigos foram também ouvidos e relataram que o homem esteve com eles apenas até por volta de 16h, voltando a se encontrarem depois das 19h”, detalhou o policial. Após as divergências, a Polícia Civil intimou o suspeito mais uma vez. “Ele disse que havia bebido e não se lembrava de horários e nem o que havia feito, justamente no horário que ela foi vista pela última vez. São as contradições nos depoimentos dele que o colocam sob suspeita”, afirmou.
Em análise criteriosa dos vídeos de dois estabelecimentos, os policiais civis identificaram o carro do suspeito passando pela Rua General Almerindo da Silva Gomes, em frente à padaria onde Cláudia entrou e fez uma recarga de celular, acessando, em seguida, a Rua Bezerra de Menezes, último local para onde Claudia se dirigiu. Ele teria parado o carro no local e esperado por ela. No início da imagens, a gravação mostra a mulher caminhando pela calçada da Rua General Almerindo da Silva Gomes. Claudia passa em frente a esta padaria e continua andando em direção à Rua Bezerra de Menezes. Para a polícia, ela caminhava como se estivesse procurando por alguém, olha pra trás e depois resolve entrar na padaria, onde faz a recarga de celular e fica apenas alguns minutos. A outra filmagem encontrada é da câmera da uma agropecuária, que está um pouco mais à frente da padaria. A imagem mostra a mulher indo em direção à Rua Bezerra de Menezes e também o carro do seu ex-marido passando.
Como os equipamentos não têm alcance até a Rua Bezerra de Menezes, onde supostamente o ex-marido aguarda Claudia em seu carro, a Polícia Civil precisou se atentar a detalhes que poderiam ajudar na exatidão desta possível localização em comum dos dois. Uma imagem foi crucial. “Os investigadores notaram que o carro do foragido estava transitando na frente de um ônibus coletivo. E foi por meio da câmera frontal deste ônibus que conseguimos ver Claudia entrando na mesma rua que seu ex. Depois disso, Claudia não passa a pé mais em nenhum local e nem retorna a via, então, tudo nos leva a crer que ela entrou no carro do seu ex-marido. O celular dela é desligado em seguida, e ela nunca mais foi vista”, contou Rafael Gomes.
Diante destes indícios, a Polícia Civil apresentou à Justiça um pedido de prisão temporária do homem. Ele soube do mandado, conforme a polícia, e fugiu. O carro dele também foi apreendido. Com o auxílio da perícia, foram encontrados resquícios de sangue no encosto de cabeça do banco do motorista, no cinto de segurança também do motorista e na jaqueta que o homem usava no dia do desaparecimento. Rafael Gomes afirmou que o material foi encaminhado para Belo Horizonte, onde será confrontado com DNA de familiares de Claudia. “O ex-marido buscava o tempo todo álibis para se livrar de estar envolvido no crime, começou com o fato de ele mesmo ter registrado o desaparecimento. Também levantamos que o casal tinha um histórico de relacionamento conturbado. Além disso, Claudia já chegou a ter medida protetiva contra o ex-marido. Eles moravam na mesma casa, que foi dividida, e, pelo que levantamos, teriam encontros casuais”, afirmou.
As investigações continuam para descobrir o paradeiro da mulher ou localizar seu corpo também prender o foragido.
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