Juiz de Fora ocupa oitavo lugar em ranking mineiro de qualidade de vida

Município avança quatro posições no Índice de Progresso Social (IPS) 2025


Por Mariana de Souza*

22/06/2025 às 07h00

Juiz de Fora é a oitava cidade de Minas Gerais com melhor qualidade de vida, de acordo com o Índice de Progresso Social (IPS) 2025. No cenário nacional, o município ocupa a 107ª colocação, com uma pontuação de 67,37. O índice é apurado pelo IPS Brasil, uma colaboração entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, iniciativa Amazônia 2030, Anattá – Pesquisa e Desenvolvimento, e o Social Progress Imperative.

A cidade avançou quatro posições em relação ao ranking mineiro do ano anterior. O levantamento avaliou dados de 5.570 municípios brasileiros a partir de 57 indicadores sociais e ambientais, organizados em três dimensões: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades.

Diferentemente de indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB) ou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o IPS foca diretamente no impacto que políticas públicas e condições sociais e ambientais têm sobre a qualidade de vida das pessoas.

A edição deste ano trouxe a inclusão de cinco novos indicadores: consumo de alimentos ultraprocessados, cobertura previdenciária, resposta a processos familiares, índice de vulnerabilidade das famílias e famílias em situação de rua.

Entre os novos dados, apenas o índice de famílias em situação de rua foi classificado como ponto crítico em Juiz de Fora. Além dele, outros alertas identificados no relatório incluem a baixa cobertura vacinal contra poliomielite, as altas taxas de reprovação no ensino médio e o acúmulo de processos judiciais sem resolução também relacionados à cidade. 

Apesar dos desafios, Juiz de Fora obteve bom desempenho em áreas como acesso a programas e ações voltadas aos direitos humanos e das minorias, presença de áreas verdes urbanas, acesso à cultura, lazer e esporte, além de indicadores ligados à educação e tecnologia, como a proporção de empregados com ensino superior — em especial entre mulheres —, a nota mediana no Enem e a densidade de telefonia móvel.

Nova Lima é a melhor cidade do estado

A cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, alcançou a maior média do estado no índice, com 69,91 pontos. O município também se destaca nacionalmente, ocupando a nona posição no ranking das cidades com melhor qualidade de vida do país.

Entre os indicadores em que o município obteve os melhores desempenhos estão: acesso a programas de direitos humanos; existência de ações voltadas para os direitos de minorias; acesso à cultura, lazer e esporte; baixa taxa de gravidez na adolescência (menores de 19 anos); índice de vulnerabilidade das famílias do Cadastro Único (IVCAD); presença de praças e parques em áreas urbanas; alta expectativa de vida; baixa mortalidade entre 15 e 50 anos; baixa mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis; paridade de negros na Câmara Municipal; número de empregados com ensino superior; número de mulheres empregadas com ensino superior; e nota mediana do Enem.

Minas Gerais é o quinto estado em qualidade de vida

Minas Gerais ocupa o quinto lugar no ranking nacional de qualidade de vida, com uma média de 63,04 pontos. Os melhores ranqueados são Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina e Paraná, respectivamente.

Minas alcançou boas notas no componente saúde e bem-estar, que reflete a capacidade dos municípios brasileiros de proporcionar condições para uma vida saudável. Além disso, destacou-se em moradia, que avalia se a população tem acesso à habitação adequada com serviços básicos, sobretudo nas cidades da região sul do estado.

No entanto, Minas apresentou um ponto de alerta ao indicar alto índice de perdas significativas de vegetação original, especialmente no norte do estado.

Desmatamento preocupa

A Amazônia Legal concentra os piores índices de qualidade de vida do país, segundo o relatório. A região se destaca negativamente, especialmente no componente qualidade do meio ambiente, impactado pelo desmatamento acumulado e pelas altas emissões de gases de efeito estufa (GEE). O cenário revela um quadro preocupante de degradação ambiental e desigualdade social.

O relatório aponta ainda fragilidades em saúde e bem-estar, mesmo em regiões mais desenvolvidas do país, como o Sul e o Sudeste. Nessas áreas, preocupam os altos índices de obesidade, suicídio e mortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como enfermidades cardiovasculares, neoplasias, diabetes e doenças respiratórias.

O Brasil, como um todo, alcançou média de 61,96 pontos, em uma escala de 0 a 100. Entre as três grandes dimensões analisadas, Necessidades Humanas Básicas teve o melhor desempenho, com média de 74,79 pontos. Já Fundamentos do Bem-estar registrou 65,02 pontos, enquanto Oportunidades, que inclui temas como inclusão e liberdade, teve o pior resultado: 46,07 pontos.

Entre os 12 componentes do índice, Moradia apresentou a maior média (87,74), seguida por Água e Saneamento (77,90). Na outra ponta, os piores desempenhos foram observados em Direitos Individuais (32,41) e Inclusão Social (47,21), ambos pertencentes à dimensão Oportunidades.

A Inclusão Social revelou um país ainda distante da paridade de gênero e racial nas Câmaras municipais, além de registrar elevados índices de violência contra minorias. Ainda assim, parte da região Nordeste se destacou positivamente nesse componente.

A dimensão Necessidades Humanas Básicas avalia o acesso à alimentação adequada, cuidados médicos, água potável, saneamento, abrigo e segurança pessoal. As melhores notas foram registradas nas regiões Sul, Sudeste e em parte do Centro-Oeste.

Já os Fundamentos do Bem-estar medem o acesso à educação básica, liberdade de expressão, condições de saúde e qualidade ambiental. Apesar de alcançar média de 65,02 pontos, o relatório aponta uma grande desigualdade entre municípios, com os piores desempenhos novamente concentrados na Amazônia Legal, além de estados como Piauí, Bahia e Mato Grosso do Sul.

O relatório também revela que as melhores pontuações no IPS 2025 estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul, enquanto os piores resultados vêm do Norte, especialmente da Amazônia Legal. Entre os 20 municípios com menor pontuação, destacam-se Uiramutã (RR), Jacareacanga (PA), Amajari (RR), Bannach (PA) e Alto Alegre (RR).

Cidades paulistas lideram ranking

O topo do ranking das melhores cidades para se viver no Brasil é dominado por municípios paulistas. Das 20 primeiras colocadas no Índice de Progresso Social (IPS) 2025, 14 estão localizadas no estado de São Paulo. As cinco primeiras posições são inteiramente ocupadas por cidades paulistas: Gavião Peixoto, Gabriel Monteiro, Jundiaí, Águas de São Pedro e Cândido Rodrigues.

Pelo segundo ano consecutivo, Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, foi apontada como a cidade com melhor qualidade de vida do país, segundo o IPS 2025. Com uma pontuação de 73,6 — numa escala de 0 a 100 —, o município mantém o topo do ranking nacional.

Com cerca de 4.800 habitantes, Gavião Peixoto surgiu de um assentamento rural e, no início do século XX, abrigou uma colônia de imigrantes russos que fugiam da Revolução de 1917. Hoje, restam poucas marcas dessa passagem, como um cemitério com inscrições em russo. A cidade se consolidou ao longo dos anos com base na agricultura, mas passou por uma grande transformação após a instalação da Embraer, em 2001 — uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo.

Localizada entre os polos educacionais de São Carlos e Araraquara, Gavião Peixoto é reconhecida por oferecer serviços de qualidade em saúde, educação e lazer, com praças e parques bem equipados para todas as idades. É considerada um exemplo de acolhimento e bem-estar urbano.

*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

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