JF fica na 70ª posição do ranking de saneamento básico
Apenas 7,5% do esgoto total da cidade é tratado, mas 94% é coletado, informa Cesama; levantamento avaliou os cem maiores municípios do país
Foi divulgado, nesta terça-feira (22), o Ranking do Saneamento Básico de 2022, que avalia os cem maiores municípios do Brasil. No estudo, realizado pelo Instituto Trata Brasil, Juiz de Fora ocupa a 70ª posição, a pior colocação entre as oito cidades mineiras avaliadas. O relatório faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), com dados referentes a 2020, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Para definir as cem cidades avaliadas, o documento usa a estimativa populacional mais recente do IBGE.
A nota geral de Juiz de Fora foi 5,89 em um total de 10 pontos. Para chegar nessa média, o estudo avaliou diversos indicadores do saneamento na cidade, como população atendida, fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos em saneamento e perdas de água no sistema. Das 12 notas divulgadas na pesquisa, Juiz de Fora ficou abaixo da média em quatro delas. Uma das avaliações negativas foi dada na comparação entre a quantidade de esgoto tratado em relação à quantidade de água consumida, cuja nota foi 0,15 em uma máxima de 2,5 pontos. Essa média colocou a cidade como uma das dez piores ranqueadas neste índice de avaliação. A nota para o número de ligações faltantes para que o serviço de água seja universalizado no município também foi baixa, a avaliação foi de 0,11 pontos de um total de 0,5.
Juiz de Fora também ficou abaixo da média na avaliação dos investimentos para o saneamento básico. Neste indicador, segundo o Instituto Trata Brasil, considera-se não apenas os investimentos realizados pelo prestador, que no caso do município é a Cesama, mas também os investimentos realizados pelo Poder Público em um período de tempo de cinco anos. No caso de Juiz de Fora, a nota de investimento total por arrecadação foi de 0,29 em uma máxima de 0,75 pontos. Já a nota de investimento do prestador por arrecadação foi 0,28 de um total de 0,75 pontos.
Juiz de Fora, entretanto, apresentou melhora de posicionamento em relação ao ranking divulgado em 2021. Na época, a cidade ficou na 71ª posição, com informações compiladas pelo SNIS referentes ao ano de 2019. Na pesquisa divulgada nesta terça-feira, a cidade apresentou bons resultados acerca do indicador que mede o número de novas ligações de esgoto, em relação ao total de ligações que deveriam ser feitas para universalizar o serviço na cidade. Nesse quesito, o município recebeu nota máxima, de 1,25 pontos, entrando no quadro dos dez mais bem colocados.
Entre as cidades mineiras avaliadas, Uberlândia ocupou a segunda posição e Montes Claros a 20ª, ambas classificadas como uma das 20 melhores cidades com saneamento básico do Brasil. As demais cidades do estado foram Uberaba, na 27ª posição, Belo Horizonte (37ª), Contagem (51ª), Betim (56ª) e Ribeirão das Neves (61ª).
Baixo índice de tratamento de esgoto prejudica avaliação
Sobre a posição da cidade no ranking, o diretor presidente da Cesama, Júlio César Teixeira, reconheceu que Juiz de Fora possui como ponto negativo o baixo índice de tratamento de esgoto, o que prejudicou a avaliação pela pesquisa. “Apenas 7,5% do esgoto total da cidade é tratado. A média nacional está na faixa de 46%. (…) É importante destacar que Juiz de Fora possui uma topografia muito desfavorável para fins de tratamento de esgoto, realidade reconhecida na publicação do Panorama do Saneamento Básico no Brasil de 2021, editado pelo Governo federal. Portanto comparar a cidade com Uberlândia, que é uma cidade plana, mostra alguma das fragilidades da metodologia da pesquisa.”
O presidente ainda ressaltou que a empresa atende 95% da população com água tratada e faz a coleta de 94% do esgoto da população da cidade. “A Cesama investe, em média, R$ 51 milhões por ano em saneamento, que, se comparado com sua receita, na faixa de R$ 250 milhões, é um valor extremamente expressivo.”
Saneamento não é realidade para milhares de pessoas no país
Em cenário nacional, a pesquisa apontou que a ausência de acesso à água tratada atinge quase 35 milhões de pessoas. Além disso, cerca de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto. Os números refletem em centenas de pessoas hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica todos os anos no Brasil.
Os dados do SNIS apontam que o país ainda possui grande dificuldade com o tratamento do esgoto, do qual somente 50% do volume gerado são tratados – o equivalente a mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento, despejadas na natureza todos os dias. Outro ponto abordado é sobre os investimentos feitos em 2020, que atingiram R$ 13,7 bilhões, valor insuficiente para que sejam cumpridas as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, informou o instituto.