Mata próxima ao mirante do Morro do Cristo volta a pegar fogo
Segundo o Corpo de Bombeiros, até as 18h, mais de 13 mil litros d’água já tinham sido utilizados na tentativa de apagar o incêndio na mata
A mata próxima ao mirante do Morro do Cristo, localizado no Bairro São Pedro, Cidade Alta, voltou a pegar fogo no início da tarde desta quarta-feira (21), após um incêndio iniciado na noite de terça-feira (20) ter sido debelado pelo Corpo de Bombeiros. Até as 18h, focos isolados em locais de difícil acesso ainda mobilizavam os bombeiros, que atuavam também para proteger edificações próximas aos focos. Para além do risco de avanço do fogo, a situação preocupa também em relação à baixa umidade do ar em Juiz de Fora, já que a mata é central e a fumaça impacta uma grande parte da cidade.
Conforme o Corpo de Bombeiros, na noite de terça-feira, a vegetação foi atingida pelo fogo próximo ao mirante do Morro do Cristo. O incêndio se estendeu até a madrugada desta quarta, mas foi extinto. Já na manhã desta quarta, no entanto, um novo foco de incêndio voltou a mobilizar os militares, que estiveram no local e controlaram as chamas. Entretanto, poucas horas depois, novos focos surgiram.
Até o fechamento desta edição, oito militares, um caminhão-bomba e 13.500 litros de água já tinham sido empenhados na ocorrência, na tentativa de debelar as chamas completamente e proteger as edificações próximas. Porém, conforme os bombeiros, não era possível determinar o que teria causado o fogo e qual a área total atingida. Os bombeiros informaram que somente ao final da ocorrência seria possível contabilizar os danos causados pelo fogo.
Brigadistas de JF também atuam em Parque Estadual
Desde o início da semana, militares de Juiz de Fora também atuam em um incêndio que atingiu o Parque Estadual Serra do Brigadeiro no último domingo (18). Nesta quarta-feira (21), um posto de comando, no município de Araponga, onde o parque está localizado, foi criado. Segundo os militares, duas frentes do incêndio foram debeladas, mas ainda havia fogo no local.
“As operações continuam ao longo dessa semana. O combate é dificultado, devido aos fortes ventos da região, às altas temperaturas e à dificuldade da topografia do terreno do parque, já que todos os deslocamentos e emprego de tropa são realizados por meio de aeronave”, explicou o tenente Queiroz. Esses obstáculos, além da quantidade de fumaça, impossibilitaram até mesmo o avanço por via aérea, nesta quarta.
Para esta quinta-feira (22), os trabalhos continuam, com previsão de emprego da aeronave que já está atuando e mais um avião que faz lançamento de água. A atuação de 14 militares do CBMMG, 9 da PMMG, 18 brigadistas e de dois voluntários está prevista. A operação conta com brigadistas voluntários de Juiz de Fora, Viçosa e Manhuaçu, que atuam em cerca de seis frentes de trabalho.
Número de incêndios em JF supera todo o ano de 2020
Casos como esses não são exceção. Somente neste ano, entre de 1º janeiro até 21 de agosto, foram registradas 781 ocorrências de incêndio em Juiz de Fora, número maior que o registrado durante todo o ano de 2020, em que foram registradas 637 ocorrências.
A estatística registrada esse ano preocupa, já que o número representa mais de 132% do registrado no mesmo período do ano passado (2023), mais de 101% do registrado em 2022, 98% do registrado em 2021 e 188% do número registrado em 2020.
O número de ocorrências de janeiro a agosto de 2024 ficou atrás apenas de 2021, ano em que foram registrados 789 incêndios. Esse número, porém, foi contabilizado utilizando os dados de todos os dias de agosto daquele ano, diferentemente do apresentado em 2024, no qual foram contabilizadas apenas as ocorrências até o dia de produção desta reportagem, 21 de agosto. Os registros também contemplam todos os casos de incêndio registrados, não só aqueles relacionados a fogo em vegetação.
Condições climáticas favorecem queimadas
De acordo com a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Juiz de Fora segue dentro da área com grande potencial de onda de calor nesta quinta-feira (22). O dia na cidade deverá ser de céu claro, névoa seca, além de baixa nebulosidade e sem possibilidade de chuvas. Ainda conforme o órgão, a temperatura mínima será de 13 graus, e a máxima, de 28. Já a umidade relativa do ar poderá variar de 30% a valores superiores a 90% no decorrer do dia.
Segundo a coordenadora da estação climatológica ECP da Universidade Federal de Juiz de Fora/Inmet, Cássia de Castro, tais condições climatológicas acarretam em um maior número de incêndios. “Isso gera não só um solo muito seco, como também uma desidratação das plantas. Consequentemente, isso acaba criando um um ambiente muito propício para qualquer fogo se alastrar”, afirma.
Atmosfera prejudicada
Além de favorecer a ocorrência de queimadas, o clima seco também impacta na qualidade do ar, já prejudicado pela fumaça que paira sobre a cidade.
Segundo o Inmet, existe a possibilidade de chuvas isoladas em Juiz de Fora, mas sem grande volume, no domingo (25). A tendência é que a precipitação siga na cidade na segunda-feira (26). Porém, de acordo com a meteorologista, “a precipitação não é suficiente para limpar a atmosfera e nem para resolver esse stress hídrico”.
Desta forma, com as condições atmosféricas atuais, a ocorrências de problemas respiratórios aumenta de forma significativa. “Essa situação gera danos à saúde humana, principalmente relacionados às doenças respiratórias. Nesse caso, podem aumentar as rinites alérgicas e o número de casos, por exemplo, de pneumonia, porque as pessoas estão inalando todo esse material oriundo das queimadas”, explica Cássia.
Orientações dos Bombeiros
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais orienta para que a população evite atitudes de risco, como colocar fogo em lotes ou terrenos vagos. O ideal é optar sempre pela capina ou roçamento, para evitar que o fogo fuja ao controle e resulte em um incêndio. Além disso, ao dirigir em rodovias, não se deve jogar pontas de cigarro para fora de veículos.
Ao se deparar com atitudes de indivíduos que possam causar um incêndio, deve-se denunciar pelos telefones 190 (PM), 193 (Bombeiros) ou 181 (Disque Denúncia Unificado). Em caso de incêndio em vegetação, ligue para o 193. O rápido acionamento garante a mobilização das equipes para o combate ao incêndio e minimiza os prejuízos causados ao meio ambiente.