Chegada do outono acende alerta para doenças respiratórias
Variações na temperatura podem afetar vias aéreas, esclarece especialista
O equinócio de outono, que marca a chegada da estação, aconteceu na madrugada desta quarta-feira (20). O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) explica que o início do período corresponde ao declínio do período chuvoso em Minas Gerais, com as chuvas ocorrendo em forma de pancadas isoladas, que gradativamente se tornam menos frequentes, além da transição para a estação seca.
Ainda de acordo com o Inmet, haverá, ainda nesta semana, passagem da frente fria pelo litoral do Brasil, o que favorecerá a ocorrência de chuvas. “No início do outono, as temperaturas ainda estão elevadas, não há perspectiva de frio para a Região Sudeste. Haverá redução do calor, devido ao aumento da nebulosidade e chuva, mas não significa frio. Temperaturas mais baixas são esperadas apenas para o sul do país, por enquanto. Há previsão de grande acumulado de chuva para a Zona da Mata entre sexta e sábado”, explica o órgão.
Com as variações climáticas provocadas pela passagem da frente fria, além da mudança de estação, a saúde das pessoas entra em pauta. De acordo com o pneumologista pediátrico e Doutorando em Saúde Coletiva pela UFRJ, Henrique Binato, o mais importante é entender que a saúde pode ser acometida pelas possibilidades de extremos de temperatura – calor e frio intensos. “Isso prejudica demais a via aérea, que é o órgão do organismo com maior contato com o meio externo, através do nariz e sua comunicação direta com os alvéolos dos pulmões. Então, as alterações são agressivas”, ressalta.
Nesse contexto, as doenças alérgicas, como asma, rinite alérgica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outras, tendem a desenvolver sintomas. “A maior concentração de poluentes também é uma causa da variação climática que deve ser levada em consideração no aumento das enfermidades”, acrescenta Henrique.
Maior risco de infecções
Há, além disso, alterações consideráveis na umidade relativa do ar. O pneumologista esclarece que isso interfere na função dos cílios, protetores das vias aéreas. “Com a diminuição da proteção, o risco de infecções aumenta. Outro risco real, mais global, é a possibilidade de vírus, que estejam cristalizados em geleiras durante muitos anos, começarem a circular com o derretimento delas.”
Para as questões de prevenção e tratamento, Henrique destaca a importância de uma conscientização não apenas por parte da população, mas, também, de entidades – especialmente as da cadeia produtiva. “Uso consciente da água e redução da poluição são fundamentais. No tratamento, manter hidratação oral e nasal adequadas, calendário vacinal em dia e boa alimentação, além de exercícios físicos regulares, fortalece o sistema imune.”