Acusado de matar casal em carro é condenado a 36 anos de prisão
Condenação se deu após júri popular ocorrido nesta terça-feira (19); suposto mandante do crime não foi julgado
Após mais de 14 horas de julgamento, Higor Paulo da Silva foi condenado a 36 anos de reclusão em regime fechado pelo assassinato do casal Luísa Lima Machado, 22, e Caio Sérgio Gomes Marques, 24, mortos a tiros em julho de 2017. A sentença aponta que o acusado, hoje com 28 anos, agiu a mando de outro réu, 22, que teria planejado uma emboscada para assassinar as vítimas. A motivação para o crime seria uma dívida de drogas do mandante e também uma forma de ele acabar com a concorrência na venda do entorpecente, já que Caio comercializaria haxixe (entorpecente produzido com folhas da cannabis sativa), segundo a sentença. O mandante, entretanto, não foi julgado na terça-feira (19) porque, segundo seu advogado, estaria internado em uma clínica psiquiátrica. Por este motivo, o juiz Paulo Tristão, titular do Tribunal do Júri, determinou que ele fosse submetido a exames de sanidade mental. Ainda não há previsão para o segundo julgamento.
A sentença do júri popular, divulgada no início da madrugada desta quarta-feira (20), assinala que o plano do réu de 22 anos consistia em encomendar de Caio cerca de 200 gramas de haxixe, que tem alto valor no mercado. Na época, estimava-se que cada grama da droga fosse comercializada entre R$ 60 e R$ 150. Conforme as investigações, o réu teria contratado Higor para matar Caio, além de roubar sua droga, que depois seria vendida. Com o lucro, o mandante pagaria dívidas de drogas. A emboscada foi montada no dia 2 de julho de 2017, por volta das 20h, quando o casal estava em um carro na Rua Haroldo Furtado Vidal, Bairro Previdenciários, Zona Sul.
No local combinado, Higor se posicionou na parte de trás da caminhonete de Caio, efetuou os tiros nas cabeças das vítimas, que morreram no veículo. Ele usou uma pistola calibre 45, de uso restrito. O Ministério Público entendeu que os réus dificultaram as defesas das vítimas ao surpreendê-las com os disparos na cabeça. Além disso, a dupla agiu por motivo torpe, segundo entendimento do MP. Segundo a sentença proferida pelo juiz Paulo Tristão, as vítimas “tiveram as vidas interrompidas muito jovens, causando impacto aos familiares”.
Higor foi condenado a 36 anos de reclusão em regime inicial fechado, sendo 19 pela morte de Caio e 17 pelo assassinato de Luísa, já considerando os agravantes e os atenuantes. Foi negado a ele o direito de recorrer em liberdade, segundo o documento, pela gravidade dos fatos, pela motivação mercenária e pelo temor das testemunhas. O acusado e o mandante do crime foram presos em setembro de 2017, porém, apenas Higor continuava detido.
O crime
Os assassinatos de Luísa e Caio foram descobertos por volta das 20h, do domingo, 2 de julho de 2017, pela Polícia Militar, que fazia patrulhamento na área. As vítimas já estavam sem vida no interior de uma caminhonete, parada em um lote vago coberto por mato na Rua Roberto de Lemos, no Previdenciários. O veículo estava com os faróis e o som ligados e a porta do carona aberta. Os jovens foram encontrados caídos sobre os bancos e ensanguentados com tiros de pistola na cabeça.
Na janela do motorista havia uma perfuração causada por disparo de arma de fogo. Conforme a PM, a perícia da Polícia Civil apontou que o atirador estaria no interior do veículo quando disparou contra as vítimas. Duas cápsulas de pistola calibre ponto 45, de uso restrito, foram encontradas no banco e no assoalho do carona. Um boné vermelho, achado atrás do banco foi apreendido, além de três celulares. Uma das testemunhas ouvidas durante o processo disse ter visto, um dia antes do assassinato, na Praça do Bairro São Mateus, o mandante usando um boné de cor vermelha igual ao que fora encontrado no carro em que as vítimas foram assassinadas.
As investigações da Polícia Civil na época apontaram que Luisa, apesar de saber da relação do namorado com o tráfico, não tinha envolvimento. “Ela estava no local errado, na hora errada”, ressaltou na época o delegado que investigou o caso, Armando Avolio.