Polícia Civil cria grupo para investigar fake news

Equipe vai atuar apurando denúncias no âmbito de Juiz de Fora e região


Por Michele Meireles

19/07/2018 às 07h00- Atualizada 19/07/2018 às 07h44

Juiz de Fora e região têm agora um grupo especializado da Polícia Civil que vai apurar crimes ligados à divulgação de notícias falsas. O Grupo Especializado de Combate às Fake News pretende evitar a disseminação das notícias falsas, principalmente aquelas que visam a difamar, caluniar e injuriar pessoas por meio das redes sociais. Conforme o chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira Costa, a criação da equipe, que será formada por um delegado, dois investigadores e um perito criminal, aconteceu depois que foi notado um aumento no número deste tipo de ocorrência. Os policiais vão a Belo Horizonte receber um treinamento no Núcleo de Inteligência da Delegacia de Crimes Cibernéticos. Eles serão responsáveis pela investigações de crimes ocorridos em todo o âmbito do 4º Departamento, que engloba 86 municípios, tendo como cidades polo Juiz de Fora, Muriaé, Ubá, Leopoldina e Viçosa.

A Polícia Civil destacou que, quando uma pessoa cria e propaga uma falsa notícia, pode configurar crime contra a honra (calúnia, difamação ou injúria), dependendo do conteúdo. A portaria que cria o grupo foi publicada no último dia 12. Conforme o delegado-geral, antes mesmo da criação da equipe, crimes do gênero já eram apurados pela Polícia Civil. A titular será a delegada Mariana Veiga. Carlos Roberto afirmou ainda que os casos mais complexos serão encaminhados à equipe. Uma das preocupações se dá com o período eleitoral. “Este é um tipo de crime mais complexo, que demandava a criação deste grupo. Além disso, causa um dano enorme à vida da vítima, como, por exemplo, aquelas que têm fotos divulgadas como sendo falsamente autores de algum crime. Com a criação do grupo, vamos conseguir concentrar as investigações e dar mais celeridade”, comentou, acrescentando que a escolha da equipe foi feita de forma especial, buscando aqueles que já tinham afinidade com a área cibernética.

De acordo com Carlos Roberto, quando identificadas notícias falsas ou no caso de denúncia, todas passarão primeiro por ele, que encaminhará os casos ao grupo. “Todos os casos já eram investigados antes, mas o grupo fará um trabalho mais específico e abrangente”, afirmou. O chefe do 4º Departamento destacou que os integrantes da equipe já passaram por um primeiro processo de capacitação junto ao Núcleo de Inteligência e Investigação de Crimes Cibernéticos, sediado em Belo Horizonte. Porém, eles vão voltar à capital para mais uma etapa de aprofundamento dos conhecimentos. “Estes policiais continuarão com suas funções anteriores. Eles irão atuar quando houver casos. As denúncias poderão ser feitas diretamente nas delegacias. De lá, elas serão encaminhadas a esta equipe”, comentou, acrescentando que o grupo atuará de maneira independente.

Cientista política vê preocupação

O cientista político Paulo Roberto Figueira Leal afirmou que vê com preocupação a criação da equipe. “É muito perigoso se tiver isso. É um risco que a polícia ou outras instituições comecem a determinar o que é informação verdadeira ou não. É preocupante este tipo de ação tornar a politização como um instrumento que interfira neste processo. Se alguém faz circular esta informação falsa, que responda judicialmente por isso, mas alguma instituição achar o que é informação falsa é extremamente perigoso”, finalizou.

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