Estudantes e professores encontram dificuldades com aulas remotas
Sindicato dos Trabalhadores em Educação recebeu reclamações sobre instabilidade em site do Estado
Nesta segunda-feira (18), o Governo Estadual iniciou o regime de estudo não presencial por meio do programa “Se liga na educação”, transmitido pela Rede Minas. No canal da emissora no YouTube, a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) registrou picos de cerca de 270 mil visualizações simultâneas. Por volta de 9h30 desta terça-feira (19), segundo dia de aulas remotas, mais de 35 mil pessoas acompanhavam a transmissão. Em Juiz de Fora, professores e alunos relataram ao Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação em Minas Gerais (Sind-UTE/ Subsede Juiz de Fora) dificuldades de acesso aos conteúdos por conta de instabilidade no site disponível para assistir às aulas.
A categoria já havia demonstrado preocupação em relação ao retorno das aulas estaduais de maneira remota. O receio do sindicato é em relação ao fato de muitos alunos não terem acesso à internet. De acordo com a coordenadora do Sind-UTE, Victória Mello, professores e estudantes da rede estadual relataram problemas ligados ao novo modelo de aulas iniciado pelo Estado nesta segunda. Para os professores, a principal questão está relacionada ao fato de não terem participado da produção das apostilas e teleaulas. “Isso já causa uma dificuldade muito grande para os professores, porque eles têm que acompanhar com os alunos deles uma aula cujo conteúdo não foi elaborado por eles.”
O site da Rede Minas também teria apresentado instabilidade durante o primeiro dia de aula, segundo Victória. Alunos e professores relataram quedas na rede, além de dificuldade em compreender o que estava sendo passado por conta destes problemas técnicos. “O que nós notamos é que foi muito confuso. Além do fato de não ter atingido nem um terço dos estudantes do estado inteiro – porque a Rede Minas abrange só um terço (através da rede de televisão aberta) -, ainda os que foram atingidos tiveram muita dificuldade com a rede e de compreensão do que estava sendo colocado”, diz a coordenadora do Sind-UTE.
‘Diálogo com comunidade escolar’
No entendimento da categoria, o Governo estadual deveria buscar uma solução para a situação da educação atual juntamente com a comunidade escolar. “Esse método é excludente, e aqueles que têm acesso, mesmo assim, o têm com dificuldades. Ele ainda coloca uma educação que chamamos de ‘educação aligeirada’, que não se aprofunda nos conteúdos”, diz Victória. “O que nós achamos que deve ser a solução: o Governo deve suspender esse processo e fazer um diálogo com a comunidade escolar, isto é, com os representantes dos trabalhadores em educação e com representante dos pais. Assim, coletivamente, achar a melhor forma de trabalharmos a educação com os estudantes enquanto durar a pandemia e, quando terminar a pandemia, sentar novamente e fazer a reconstrução do calendário escolar.”
Em nota, a SEE-MG destacou que os estudantes que não conseguirem acompanhar o “Se Liga na Educação” no momento de transmissão, podem acessar o material por meio do aplicativo Conexão Escola ou pelo site estudeemcasa.educacao.mg.gov.br . A pasta também informou que o programa também será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube da Secretaria (estudioeducacaomg) e, em seguida, disponibilizado na plataforma.
“Sobre a instabilidade por problemas técnicos no site da Rede Minas no início da transmissão da segunda-feira, a emissora esclareceu que a situação foi rapidamente resolvida”, diz o texto da SEE-MG. Além do “Se Liga na Educação” e do aplicativo Conexão Escola, a pasta esclareceu que o Regime de Estudos não Presencial conta também com as apostilas do Plano de Estudo Tutorado (PET), de forma que as três ferramentas funcionem de maneira complementar.
Em relação ao apontamento do Sind-UTE sobre buscar um acordo com a comunidade escolar, a pasta informou que “o modelo desenvolvido e adotado na rede pública estadual foi construído dialogando com professores, equipe pedagógica e entidades ligadas à educação. Todas as ferramentas foram pensadas para garantir que o maior número possível de alunos sejam contemplados”.
‘Ela não está sabendo mexer’
A mãe de uma aluna de 13 anos, da sétima série da Escola Estadual Presidente Costa e Silva (Polivalente de Benfica), que optou por preservar a identidade, não fez uma avaliação positiva do método remoto. Segundo ela, a estudante encontrou dificuldades para acessar o site e identificar o conteúdo que deveria acompanhar. “Não estou gostando. Está muito difícil para entrar. Hoje [terça-feira] era uma matéria, ela [filha] não soube colocar o que foi, aí deu outra matéria. Ela não está sabendo mexer”, relata a mãe.
‘Se liga na educação’
As teleaulas gravadas para o programa “Se liga na educação” são exibidas de 7h30 a 11h15. De 11h15 até 12h30, os professores esclarecem dúvidas ao vivo, encaminhadas pelos alunos aos canais de contato. Para isso, os estudantes podem enviar suas questões pelo WhatsApp para o número (31) 9 8295-2794 ou ligar para o (31) 3254-3009.
O conteúdo das teleaulas foi distribuído por áreas de conhecimento, em diferentes dias da semana. Nas segundas, os estudantes acompanham as disciplinas voltadas a linguagens (português, inglês, literatura, arte e educação física). Já na terça-feira, os assuntos são voltados para as ciências humanas (história e geografia). A quarta-feira foi definida para aulas de matemática. Nas quintas, os alunos acompanham ciências da natureza (biologia, química e física), enquanto nas sextas, a programação é voltada especificamente para aqueles que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A programação está disponível no site estudeemcasa.educacao.mg.gov.br, onde é possível baixar as aulas após a exibição. Os vídeos também são disponibilizados no aplicativo “Conexão escola” e no canal da SEE/MG no YouTube.
Balanço do primeiro dia
Segundo informações da Secretaria Estadual de Educação (SEE-MG), no primeiro dia de aulas, o canal da Rede Minas no YouTube registrou picos de cerca de 270 mil visualizações simultâneas. Até por volta de 18h45 desta segunda-feira, foram mais de 760 mil visualizações da transmissão do programa. A pasta também destacou a interação dos estudantes, que mandaram mensagens nos canais de atendimento, sendo a maior parte por meio do WhatsApp.
O site estudeemcasa.educacao.gov.br, onde a SEE disponibilizou as apostilas do Plano de Estudo Tutorado (PET), os vídeos das teleaulas e os guias práticos, registrou mais de 5 milhões de acessos nos últimos cinco dias. A média foi de mais de 1 milhão de acessos diários e 12 mil simultâneos por hora.
Também dentro do regime de estudo não presencial, o aplicativo “Conexão escola” ficou entre os mais baixados do Brasil na plataforma Google Play Store, alcançando a oitava posição. Até a manhã desta segunda-feira, a ferramenta contabilizou mais de 485 mil downloads. Já o aplicativo da Rede Minas teve aumento de 2.300%, com 12 mil downloads. Nele, também é possível acompanhar as aulas ao vivo.