Funcionários dos Correios entram em greve
Trabalhadores também se manifestam contra privatização da empresa e ausência de medidas para protegê-los durante pandemia
Cerca de cem mil funcionários dos Correios deflagraram greve em escala nacional na noite de segunda-feira (17). Os trabalhadores protestam contra a retirada de direitos, a privatização da empresa pública e alertam para a falta de proteção dos empregados durante a pandemia de coronavírus. A empresa, por sua vez, rebate, sob a alegação de impossibilidade de atender às reivindicações dos funcionários em função da fragilidade econômica.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), órgão que representa os trabalhadores em âmbito nacional, os funcionários foram surpreendidos com a revogação do atual acordo coletivo, que tinha vigência até 2021. Conforme a Fentect, cláusulas do acordo foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.
“A empresa está trabalhando para tirar nossas conquistas. Por isso, estamos fazendo toda uma manifestação para essa grande greve em nível nacional”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz de Fora e Região (Sintect/JF), João Ricardo Guedes. A entidade também denuncia a precariedade do protocolo sanitário adotado pelos Correios em função da pandemia de coronavírus. “Embora a empresa fale que está tomando todos os cuidados necessários, isso é uma balela. Eles fazem um paliativo quando tem reclamação, mas depois voltam à normalidade de não querer garantir a proteção ao trabalhador”, acusa Guedes.
Segundo o Sintect, mesmo nas agências de Juiz de Fora e região, há resistência quanto ao oferecimento de máscaras protetivas e sanitização dos espaços de convívio comum dos trabalhadores. “Não há o distanciamento necessário para que os trabalhadores possam trabalhar de maneira segura”, protesta o diretor. De acordo com Guedes, o sindicato fez doação de máscaras aos funcionários, mas o Correios impede a utilização dos equipamentos devido à decoração com o logotipo sindical.
Correios nega retirada de direitos
Em nota, o Correios negou a pretensão de “suprimir direitos dos empregados”. A empresa afirma propor ajustes dos benefícios concedidos, mas resguardando os direitos dos trabalhadores. “Considerando a realidade financeira da estatal, com um cenário de dificuldades que tem se agravado a cada ano, a estatal precisa se adequar não só ao que o mercado está praticando, mas, também, ao que está previsto na legislação”, afirma.
Os Correios afirmam que a proposta visa adequar os benefícios empregatícios à realidade financeira do país e da empresa, uma vez que, atendendo aos pedidos da Fentect, a empresa teria que arcar com acréscimo de R$ 961 milhões nas despesas anuais. O plano de retração orçamentária, por outro lado, estipula economia de R$ 600 milhões ao ano. “É dever de todos, empregados e dirigentes, prezar pela manutenção das finanças dos Correios e, consequentemente, dos empregos dos trabalhadores”, argumenta o Correios.
A empresa pública também negou as falhas nas medidas de prevenção ao coronavírus. “Os Correios seguem firmes na estratégia de proteger seus empregados e continuar servindo à população”, afirma.