Família e amigos organizam vaquinha para custear cirurgia de Sophia
Síndrome de Moyaya causa isquemias em artérias do cérebro. Custo da primeira fase do tratamento é de R$ 180 mil

Aos 7 meses de idade, Sophia da Costa Florenzano, hoje com 2 anos, teve um ataque isquêmico decorrente de uma doença, que a família veio a descobrir logo depois, denominada Síndrome de Moyamoya. A enfermidade, conforme explica a mãe da criança, Moniza Mayara Aparecida de Ferreira Florenzano, é uma condição cerebrovascular rara, que predispõe as pessoas afetadas a ataques isquêmicos transitórios ou permanentes. Isso porque, ocorre estenose (compressão) ou oclusão da artéria carótida interna, o que reduz o fornecimento de sangue ao cérebro, levando a uma carência de oxigênio. “Essa síndrome geralmente se manifesta em crianças, mas na faixa etária entre 7 ou 8 anos. A minha filha desenvolveu a Moyamoya muito novinha, e o ataque isquêmico dela foi permanente, deixou sequelas”, relata Moniza, que é técnica em enfermagem e, desde que recebeu a notícia de que a pequena Sophia tinha o diagnóstico da síndrome, se debruçou a pesquisar sobre a rara condição e procurar formas de tratamento. Dessa forma, uma vaquinha on-line foi criada para tentar custear a cirurgia que Sophia precisará fazer.
“A lesão que ela teve aos sete meses foi muito grande, comprometeu quase todo o lado direito do cérebro, com isso, também desenvolveu quadro de epilepsia, por conta do tamanho da lesão”, conta Moniza. Dessa forma, a mãe explica que o tratamento da filha é uma delicada cirurgia. À espera da vaga pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a técnica de enfermagem também tem buscado novos meios de viabilizar a cirurgia para a filha, uma vez que, com a pandemia, as chances de a operação ser marcada em breve, pelo sistema público de saúde, é baixa. Por esse motivo, a família e amigos de Moniza têm organizado uma vaquinha virtual para arrecadar fundos e viabilizar o tratamento cirúrgico, estimado em R$ 180 mil. “Eu fui precisei procurar um neurocirurgião especializado na área para fazer a avaliação. Aqui em Juiz de Fora não temos profissionais que façam esse tipo de cirurgia, por isso precisei ir a São Paulo. Na verdade, Sophia vai ter que passar por duas cirurgias, operar os dois lados da cabeça, porque essa esquenose é bilateral, mas esse valor (R$ 180 mil) cobre apenas uma cirurgia. O médico vai operar primeiro o lado que está menos acometido, para preservar a artéria”. De acordo com Moniza, os honorários da equipe médica custam cerca de R$ 85 mil, fora o valor da parte hospital. Ela conta que tem feito orçamentos em três hospitais de São Paulo, que variam entre R$ 79 mil e R$ 120 mil.
Iniciada em 24 de julho, na segunda-feira, dia 10, a vaquinha virtual já contava com 275 apoiadores e mais de R$ 29 mil arrecadados. Interessados podem contribuir com qualquer valor. Apesar de ainda estar longe do valor total necessário, Moniza fica feliz que a campanha feita por amigos e família tenha alcançado as pessoas que já se sensibilizaram com a luta da pequena Sophia e já contribuíram. “Qualquer valor é bem-vindo”, diz. Por outro lado, a mãe conta que tem procurado também alternativas por via judicial, para caso a meta de arrecadação não seja atingida. “Mesmo que a gente não consiga o valor, a vaquinha já trouxe coisas boas, conheci muitas pessoas querendo ajudar. Por meio dela, consegui uma advogada, que sem custo algum, se colocou à disposição para me ajudar, para ver se conseguimos, através de uma liminar, que o Estado custeie a cirurgia. A gente está tentando de tudo.
Desde que teve a primeira manifestação da doença, aos sete meses, a família de Sophia tem buscado formas de amenizar os sintomas e tratar as sequelas causadas pela lesão cerebral na menina. “Por conta da epilepsia, ela faz uso de anticonvulsivante e, desde os sete meses, faz terapia ocupacional, fisioterapia e fonoterapia, o que tem ajudado no seu desenvolvimento. Mas essa condição atrasou a fala; ela tem falta de coordenação na mão, não consegue fazer alguns movimentos, e tem um pouco de desequilíbrio, porque a lesão também afetou parte do cerebelo. Meu medo é que ela sofra outra isquemia, porque não sabemos o que pode acontecer. É bem delicado”, expõe Moniza.
Apesar disso, a mãe a descreve com uma criança muito inteligente e que, apesar de ainda não ter desenvolvido a fala, consegue transmitir o que quer pelo olhar. “Ela foi muito planejada e é muito amada. É uma criança carinhosa, mas geniosa, não gosta que fiquem abraçando muito. Ela também adora dançar.”