JF tem queda de 65,5% no número de hospitalizações por Covid
No último sábado (9), a cidade zerou o número de internados em leitos de UTI Covid no SUS pela primeira vez; para especialistas, dados são reflexo do avanço da vacinação
As hospitalizações por complicações da Covid-19 estão diminuindo em Juiz de Fora. Entre fevereiro e março deste ano, o Município registrou uma queda de 65,5% no número de hospitalizados pela doença. No mês de fevereiro, durante o pico da variante Ômicron, foram contabilizadas 4.878 internações, enquanto em março foram 1.681. Já em abril, até o dia 12, a cidade confirmou 127 hospitalizados. No último sábado (9), pela primeira vez, o Município zerou o número de internações em leitos de UTI Covid no Sistema Único de Saúde (SUS), o que voltou a acontecer na segunda (11) e na quarta-feira (13). O levantamento foi realizado pela Tribuna com base nos dados disponibilizados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Para o secretário de Saúde da PJF, Ivan Chebli, é possível afirmar que as internações em razão da Covid-19 caíram no Brasil inteiro por causa do alcance da campanha nacional de imunização e das medidas iniciais de isolamento social, que contiveram a disseminação da doença. “Em Juiz de Fora, a campanha de imunização foi muito bem conduzida. Hoje nós temos uma cobertura de mais de 80% da população com duas vacinas no mínimo e o resultado é uma redução significativa das necessidades de internação ao longo das últimas semanas e dos últimos meses”, pontua.
O infectologista Marcos Moura concorda que os baixos índices epidemiológicos, tanto em relação às internações quanto aos números de óbitos e casos, são reflexo do avanço da vacinação contra o coronavírus no município. Até o dia 12 de abril, último dia em que a Prefeitura divulgou dados da vacinação, 1.234.341 doses contra a Covid-19 foram aplicadas em Juiz de Fora. Atualmente, a cidade apresenta 85% da cobertura vacinal. “Além de uma diminuição do número de internações, temos uma taxa de óbito muito pequena, tendendo a zero. Inclusive, as mortes diárias estão repetidamente em zero”, analisa.
No entanto, o infectologista também reforça a importância de continuar monitorando os índices, pois outras cidades e países estão com dificuldades na vacinação. “Uma vez que você não tem a vacinação completa em todos os países, podemos ter cepas mais virulentas, então precisamos ter o alerta e estabelecer os cuidados de higiene.”
Pesquisa
A professora de epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Isabel Leite, também diz que os dados mostram um cenário mais favorável do que as ondas anteriores da Covid. De acordo com Isabel, a onda da variante Ômicron revelou uma capacidade intensa de disseminação do vírus, porém apresentou quadros menos graves, com ocupação de leitos menos expressiva.
Ao longo da pandemia, Isabel desenvolveu pesquisas sobre a Covid-19 na macrorregião de Minas Gerais e realizou, junto com outros pesquisadores da universidade, projeções em que foi possível notar que quando ocorria o aumento do número de casos, após sete dias, as internações também cresciam. Depois de 14 dias, era registrada elevação do número de óbitos. Agora, o cenário mudou, e o tempo de internação em alguns casos também tende a diminuir.
“Atualmente, temos notado redução expressiva do número de casos. Mesmo os casos existentes não impactam de forma tão gritante em internações, sejam em UTI ou leitos de enfermaria. É claro que existem exceções, principalmente em relação aos mais vulneráveis, como a população com faixa etária elevada e também pessoas com outros comprometimentos sistêmicos graves”, afirma a pesquisadora.
Há um ano, o maior índice de hospitalizados
No dia 2 de abril de 2021, Juiz de Fora vivia seu maior índice de hospitalizações, com 652 pessoas internadas nos equipamentos públicos e privados da cidade. Segundo Marcos Moura, desde o início da pandemia, os trabalhadores da área médica temiam um colapso no sistema de saúde devido ao alto número de pacientes precisando tanto de internações quanto de terapias intensivas. O infectologista explica que a vacina contribui para o restabelecimento do sistema de saúde, pois o imunizante, embora não bloqueie a transmissão da doença, reduz os casos graves e as internações.
“Hoje não corremos mais esse risco. Temos uma doença caracterizada como branda na maioria das pessoas. Mas é claro que, ainda assim, pessoas que têm debilidade na saúde, como imunossuprimidos e idosos, podem ter um caso desfavorável. Então precisamos ficar em alerta, especificamente para esse grupo, até que todo o esquema vacinal esteja completo.”
Baixa adesão à dose de reforço
A pesquisadora Isabel Leite reforça que várias pesquisas mostram que, hoje, a maioria dos casos e, consequentemente, de internações por Covid-19 é de pessoas que estão com o esquema vacinal incompleto. De acordo com a pesquisadora, a população brasileira tem uma tradição de adesão à vacinação, como foi possível ver na busca pela primeira e segunda doses. Porém a procura pelas doses de reforço não tem sido da mesma forma.
Até o momento, cerca de 45% da população juiz-forana recebeu a terceira dose da vacina contra o coronavírus. O percentual considera a estimativa populacional de 2021 (população de 577.532 pessoas), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Na atual situação epidemiológica do país e de Juiz de Fora, o que percebemos são pessoas abandonando os cuidados coletivos, como a vacinação de reforço, em que observamos uma baixa busca do imunizante, inclusive pelos grupos etários mais vulneráveis, que é o caso dos idosos. Isto é grave, pois a pandemia ainda não acabou e a possibilidade de surgir novas variantes ainda existe”, alerta Isabel.