Mãe e filho morrem soterrados em São Mateus
Atualizada às 17h55
Mãe e filho, de 35 e 6 anos, morreram soterrados dentro de uma casa, no Bairro São Mateus, Zona Sul, no fim da noite desta terça-feira (13). Segundo informações do Corpo de Bombeiros, por volta de 23h30, um barranco com cerca de 30 metros de altura cedeu e atingiu o imóvel, localizado na Rua Benedito Pinto.
Um dos cômodos afetados foi o quarto que ficava nos fundos da residência onde estavam Akemi Vieira Yamakoshi e João Pedro Yamakoshi Oliveira Amaral. Segundo os Bombeiros, que trabalharam no local por cerca de 3 horas, relatos de vizinhos deram conta de que, logo após o desabamento, foram ouvidos gritos de socorro vindos do quarto, mas quando as equipes chegaram para fazer o socorro, os pedidos já haviam cessado. No momento em que os militares conseguiram acessar o local, cerca de 2 horas depois, os dois já estavam sem vida. Uma árvore, que estava na parte de cima do barranco, também teria atingido o cômodo.

Além da mulher e da criança, uma idosa, 66, também estava na residência, mas foi retirada com vida por populares. Segundo o relato de pessoas que ajudaram no resgate, ela estava em um quarto na parte da frente da casa e conseguiu sair pela janela. De acordo com os Bombeiros, a idosa foi avaliada por uma equipe médica e liberada. Na manhã de hoje, ela estava na casa de amigos, na mesma rua onde ocorreu a tragédia. Eles relataram que a sobrevivente estava em estado de choque. Uma família, moradora da Rua Monsenhor Gustavo Freire, foi desalojada preventivamente pela Defesa Civil. O imóvel onde eles vivem fica acima do talude que cedeu e atingiu mãe e filho.
Ainda sem acreditar no que estavam vendo e muito emocionados, vizinhos, muitos deles amigos de Akemi e de sua família, se aglomeraram na via na manhã de hoje. Eles contaram que a família morava na rua há mais de 30 anos, e que eram muito queridos por todos. “Vendo isso tudo, caiu a ficha que podia ser com a gente, com qualquer um de nós. Conheço a Akemi desde pequena, meu filho, que tem a mesma idade do João, vivia aqui brincando com ele. A sensação que tenho é que vou acordar e isso tudo não vai passar de um pesadelo”, disse uma vizinha, que preferiu não se identificar.
Vizinhos ainda acessaram o imóvel para tentar resgatar Akemi e a criança, porém, a terra obstruía a entrada de onde eles estavam . Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML). As vítimas serão veladas no Cemitério Municipal, a partir de 15h30. O sepultamento ocorrerá amanhã às 8h.
O deslizamento atingiu ainda a fiação elétrica, que será reparada pela Cemig. Conforme informações da assessoria de comunicação da concessionária de energia, uma equipe foi ao local ainda na madrugada e interrompeu o fornecimento de parte da rua, para evitar riscos de acidente. Os trabalhos seriam retornados nesta manhã. O número total de clientes afetados não foi informado. A única informação é de que oito ramais precisaram ser desligados.
Conforme o chefe do Departamento de Operação Técnica da Defesa Civil, Walter de Melo, o órgão iniciou uma pré-análise da situação do entorno ainda durante a madrugada. “A Defesa Civil esteve ontem, durante todo o tempo, acompanhado os trabalhos de resgate dos corpos. Fizemos uma pré-análise da situação, para dar uma segurança ao pessoal do entorno. Foram orientados aqueles que poderiam permanecer no local.” Ainda conforme Walter, no mapeamento de áreas de risco, desenvolvido pela Defesa Civil, há a presença de áreas dos bairros São Mateus e Dom Bosco. Ele, no entanto, não soube precisar se o imóvel atingido na noite de ontem estaria na relação dos pontos mais preocupantes.
Susto e dor
Anna Brugger, que também reside nas proximidades, estava muito abalada. Ela contou que Akemi passou a tarde de ontem junto com ela, e elas fizeram planos para um novo encontro na próxima semana. “Só posso dizer que não dá para acreditar, não parece que estamos vivendo isto”, contou. Sheila Machado detalhou como foram os momentos após o barranco ceder. “Primeiro ouvi um barulho forte de água, parecendo uma enxurrada, imaginei que eles (moradores da casa atingida) estavam esvaziando a piscina. De um minuto pro outro, veio um barulho mais forte e a fiação pegou fogo. Saímos para a rua e só aí vimos o que estava acontecendo. Tinha uma pessoa que gritava dentro da casa, mas não dava pra saber quem era. Foi desesperador. Esta não é a primeira vez que este barranco cede, só que desta vez foi fatal”, comentou, acrescentando que está muito receosa com a situação de sua casa. Outra vizinha, Raquel Campos, contou que a princípio achou que estava pegando fogo em algum lugar na via. “Chamei meu marido, pegamos nosso cachorro e saímos para a rua. Vimos a árvore caída, mas achei que não tinha atingido a casa, estava muito escuro pois ficou sem luz. Só depois vimos a tragédia, foram momentos de muita apreensão”, disse.
Mais chuva
Conforme boletim meteorológico, divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na tarde desta terça, a previsão é de acumulado significativo de precipitações nesta quarta-feira em Juiz de Fora, que pode chegar a até 100 milímetros no somatório geral do dia. Nas últimas 24 horas, pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden
Além do deslizamento no São Mateus, outras cinco ocorrências foram registradas pela Defesa Civil, nos bairros Aracy, Costa Carvalho, Eldorado, Francisco Bernardino e Santa Cruz. Nenhuma, no entanto, apresentou gravidade.