Instituto Amargen atende cerca de 180 crianças e jovens em JF
Projeto auxilia famílias em situação de vulnerabilidade social do Dom Bosco por meio de atividades educativas e outras oportunidades
O Instituto Amargen, projeto que tem como objetivo assistir famílias em situação de vulnerabilidade social no Bairro Dom Bosco, na Zona Sul de Juiz de Fora, completa 11 anos em 2023. Há cerca de dois, os integrantes do projeto, que atende cerca de 180 crianças e adolescentes semanalmente, concretizaram o sonho de transformar o projeto em uma instituição de forma oficial. A organização, sem fins lucrativos, tem apoio de parceiros e voluntários e, atualmente, possibilita que os atendidos participem de oficinas educativas, culturais e esportivas.
Situado na Rua Professor Inácio Werneck 35, no Dom Bosco, o projeto social não sobrevive apenas do apoio de parceiros, mas também tem um negócio social, como conta o diretor e cofundador, Raphael Leonello. “Atualmente, nós sobrevivemos de parceiros, apoiadores, doações de pessoas físicas e jurídicas e de captação através de editais. Além disso, o nosso patrocinador principal é a Gerando Falcões. Também temos um negócio social com três pilares: os bazares que fazemos com ajuda do brechó Lujinha405, a nossa loja que vende alguns produtos e os eventos que participamos em Juiz de Fora.”
Raphael explica que para além das atividades para as crianças e jovens, o instituto também passou a capacitar jovens e adultos com formação profissional desde o ano passado. “Ajudamos principalmente as crianças e jovens, mas, no último ano, atendemos também os adultos com os cursos de qualificação profissional. No instituto, oferecemos atividades como forma de transformação. Buscamos oportunidades de qualidade, para que sejamos ponte para as crianças e os adolescentes conseguirem desenvolver talentos e despertar dons para que eles visem uma nova expectativa de futuro. Com os adultos, buscamos tanto a iniciação como a recolocação no mercado de trabalho”, destaca.
Três pilares
As atividades são divididas em três pilares: educação, cultura e esporte. Dentro da educação, são disponibilizados reforço escolar, alfabetização, inglês e astronomia; em cultura, tem teatro, dança, breaking, artes e música; e em esportes, jiu-jitsu, judô, muay thai, futevôlei e skate. “Toda semana acontecem 19 oficinas aqui. Tentamos oferecer o máximo de atividades possível, e o mais importante é que sempre focamos no desenvolvimento a partir do empreendedorismo social”, explica Lívia Silveira, que também é diretora e cofundadora do Amargen.
Conforme ela explica, cada pessoa pode escolher até três aulas dentro do instituto, e normalmente é escolhida uma de cada nicho. Essas atividades são usadas como ferramentas de transformação e desenvolvimento, tanto físico como psíquico. Para isso, Lívia conta que o Amargen tem por volta de sete empresas colaboradoras. “Nesse ano, também estamos com algumas parcerias de oficinas externas, como natação, ginástica artística de trampolim, futevôlei, muay thai e skate. Elas também são bem importantes para complementar a formação, já que, normalmente, os alunos que se destacam ganham bolsa nesses lugares.”
Aulas de educação ambiental também fazem parte do escopo. “Entendemos que para transformar socialmente uma comunidade precisamos atuar em todos os pilares. Acreditamos que quanto mais cedo aprendemos sobre sustentabilidade, mais natural se torna. Aqui tem reciclagem, separação dos materiais e dos orgânicos, dois produtos sociais e sustentáveis: ecocopo e ecobag.”
Segunda ela, todas as aulas têm planejamento estratégico, análise de frequência, relatório de aula, reuniões mensais com os professores e semanais com o time. “Sempre medimos o impacto do que estamos fazendo para entender se realmente está dando certo ou se precisamos mudar a rota. Acredito que o que temos feito aqui na cidade realmente, a médio ou longo prazo, vai gerar uma comunidade transformada, não só pessoalmente, mas também na mentalidade”, enaltece.
O instituto também conta com 40 doadores na campanha de alimentação, que contribuem com o valor de R$ 19,20 por criança assistida. Nesse sentido, Lívia destaca que a alimentação cedida é saudável e nutritiva. “Acompanhamos peso e altura dessas crianças. Ainda não conseguimos ceder almoço e jantar, mas no lanche, depois das aulas, damos sanduíche natural, vitamina, suco natural e outros”, ressalta.
‘Capacidade de transformação’
Uma das alunas do projeto é Valentina Teixeira, de 11 anos. Ela faz parte do Amargen há cerca de dois anos e meio e relata que é um momento especial quando está na instituição. “Adoro fazer parte do instituto. Gosto de participar das aulas e tenho muito carinho pelo pessoal daqui. Fico feliz pela oportunidade de estar aprendendo nesse lugar. Sou muito bem tratada, e minhas partes preferidas são as aulas de dança e de artes”, conta.
Aysla Salazar, de 15 anos, começou como aluna e hoje é menor aprendiz. Ela participa das aulas de dança e moda. “A dança, para mim, é como uma terapia, uma forma de expressão. Eu gosto muito de dançar. Então poder fazer algo que eu gosto é muito bom, tanto física como mentalmente”, exalta. Ela conta que no novo cargo de menor aprendiz consegue incentivar tanto as crianças quanto as pessoas que moram no bairro. “Fico muito feliz de estar à frente das transformações do instituto e ser um exemplo para os mais jovens.”
Já Yandra Nascimento, de 32, é coordenadora de operações do Amargen. Entretanto, ela começou como mãe assistida pelo projeto. “A minha filha entrou no instituto assim que abriu. Depois de um tempo, entrei como voluntária. O Amargen abriu minha mente para seguir na minha área, que é a da educação, e hoje estou aqui como uma das coordenadoras. Como mãe, percebi muitas mudanças para minha filha. Ela amadureceu dentro de casa, nas atitudes que ela vai passar a tomar para a vida, o caminho a seguir”, comemora. Contudo, Yandra conta que isso não aconteceu somente com ela. “Muitas mães do bairro também comentam sobre o desejo de, futuramente, serem voluntárias. Pelo papel que exerço, percebo que o projeto está transformando muito as crianças e as famílias. O alcance chega a uma parte do bairro que era, no geral, esquecida socialmente.”
Como ajudar
Para se matricular no instituto, é necessário ser morador do Dom Bosco ou regiões próximas e comprovar a situação de vulnerabilidade social. Os diretores explicam que as inscrições acontecem normalmente no início de cada ano, para que a pessoa participe da atividade o ano inteiro. No caso dos voluntários, são abertos processos seletivos em momentos esporádicos, de acordo com a necessidade. Nesses casos, o grupo sempre divulga as oportunidades no Instagram (@institutoamargen), que geralmente abrem no meio e no final do ano.
Além disso, o projeto também aceita propostas de projetos. “Quando alguém quer executar um trabalho, apresenta para nós e, a partir disso, analisamos de acordo com a disponibilidade e a demanda. Tudo o que colocamos aqui dentro é escutado pela comunidade”, esclarece Lívia.
Já para doação existem várias formas. É possível comprar produtos na loja social, entrar no site e ser um doador pontual ou recorrente e ceder ingredientes para colocar junto aos itens de mercadinho solidário. Por fim, é possível contribuir com conhecimento para agregar de alguma forma. “Como a gente está tentando alcançar essa transformação, precisamos de gente em todas as áreas, como finanças e marketing”, convida.