Campanha busca tratamento na Tailândia


Por GUILHERME ARÊAS

10/04/2016 às 07h00

Pais de Gabriel lideram campanha na internet (Guilherme Arêas)

Pais de Gabriel lideram campanha na internet (Guilherme Arêas)

Mais uma família de Juiz de Fora busca no tratamento com células-tronco no Sudeste Asiático um alento para a distrofia muscular de Duchenne, uma doença incurável que atinge apenas meninos e reduz a expectativa de vida do paciente. Uma campanha na internet pede ajuda para custear a viagem do jovem Gabriel Brum Sabadin, de 17 anos, à Tailândia, onde um hospital oferece um tratamento experimental através de injeções de células-tronco. O procedimento médico ainda não é permitido no Brasil e não cura a doença, mas alguns pacientes que se submeteram às aplicações relatam melhora na qualidade de vida. A distrofia muscular de Duchenne atinge os músculos, inclusive os respiratórios e cardíacos, que vão degenerando até a perda completa dos movimentos. Por isso, a expectativa de vida dos acometidos pela doença é bastante reduzida.

O nome dado à página da campanha no Facebook (Gabriel #anjoguerreiro) não foi à toa. A distrofia, diagnosticada aos 4 anos de idade, não foi o único problema de saúde enfrentado por Gabriel. Aos 5, a família recebeu o diagnóstico de um câncer raro, o rabdomiossarcoma alveolar, que só foi totalmente curado três anos depois, quando o menino completou 8 anos. De lá para cá, Gabriel vive uma rotina de tratamentos que buscam retardar os efeitos da distrofia de Duchenne, por meio de fisioterapia e corticóides.

A doença já atingiu os membros inferiores e compromete algumas funções dos braços. Desde o final do ano passado, o estudante do ensino médio precisa dormir com um respirador mecânico. “O Gabriel já apresenta falta de ar e apneia. O coração ainda está preservado, mas buscamos tratamento antes de a doença atingir os músculos cardíacos”, diz o pai, o pastor e assistente social Max Sabadin, 42. “O Gabriel é neurologicamente um garoto ativo, feliz, resolvido nas questões dele. Mas temos que correr contra o tempo. Temos relatos de crianças que melhoraram consideravelmente após o tratamento na Tailândia”, reforça o pai.

A empresa chinesa que realiza o tratamento com células-tronco, a Beike Biotechnology, já enviou uma carta de aceite para a família, que agora espera arrecadar os cerca de R$ 140 mil que calcula gastar com as injeções, transporte e hospedagem na Tailândia. “São cerca de R$ 110 mil para o tratamento, R$ 12 mil de passagem, além de outros gastos que poderemos ter por lá”, diz Max.

Mais informações sobre a campanha estão disponíveis na página Gabriel #anjoguerreiro no Facebook e no site gabrielanjoguerreiro.blogspot.com.br.

Família aguarda resultados de aplicações

A campanha de Gabriel é a segunda em Juiz de Fora que busca custear o tratamento com células-tronco na Tailândia. Em dezembro do ano passado, o jovem Victor Araujo Lage de Siqueira, 15, morador da Zona Norte da cidade, viajou com os pais para realizar o procedimento na Ásia, após a família arrecadar cerca de R$ 125 mil através de uma campanha que durou nove meses. Apesar de não prever a cura da distrofia de Duchenne, a expectativa é que os primeiros efeitos das aplicações de célula-tronco sejam percebidos entre o terceiro e o sexto mês após a realização do tratamento, conforme informação dos médicos tailandeses. Os relatos dos pacientes que se submeteram às injeções há mais tempo é de que alguns movimentos, principalmente dos braços, são retomados, ao passo em que também é observada melhora nas funções respiratória e cardíaca, aumentando a qualidade de vida do paciente.

“Na Tailândia, o Victor tinha acompanhamento com fisioterapia todos os dias, além de acupuntura, hidroterapia e das aplicações de células-tronco. A dieta que foi recomendada lá, estamos mantendo. Mas aqui é muito mais devagar em relação à fisioterapia, por exemplo. Quando chegamos da Tailândia, ele ficou um mês e meio sem fazer, porque dependemos do serviço público. A acupuntura também não estamos conseguindo custear”, explica a mãe de Victor, Vanilda Siqueira.

Na região, a família do jovem Vinícius Moreira, 22, de Senhora dos Remédios, também realiza uma mobilização com o objetivo de realizar o tratamento na Tailândia. A campanha já arrecadou, em três meses, cerca de R$ 100 mil. “Só faltam as passagens aéreas e o dinheiro para as despesas extras. Até o final do mês já estaremos partindo”, explica o pai de Vinícius, Beto Moreira. Quem quiser ajudar, pode buscar mais informações na página facebook.com/viniciusmoreiracampanhabeneficente.

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