Carros e motos na mira de ladrões


Por MARCOS ARAÚJO E SANDRA ZANELLA

09/03/2016 às 07h00- Atualizada 09/03/2016 às 07h58

A explosão de roubos de veículos em Juiz de Fora está amedrontando motoristas e motociclistas. Desde o dia 14 de fevereiro, já foram contabilizados, pelo menos, 12 roubos de veículos, uma média de um caso a cada dois dias. Chama a atenção também o modelo dos veículos roubados, normalmente novos e mais potentes. Investigação da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos aponta que casos são isolados, mas ainda não descarta a possibilidade de uma quadrilha estar por trás dos assaltos. Em menos de dez horas, mais dois casos graves foram registrados pela Polícia Militar, entre a noite de segunda-feira e a manhã de ontem. No Bairro Alto dos Passos, Zona Sul, uma mulher foi rendida com revólver na cabeça, agarrada pelo pescoço e teve seu Hyundai HB20 Sedan roubado logo depois de estacionar o carro. O assalto com violência aconteceu às 7h30, mostrando que os bandidos não escolhem mais hora para agir e atacar suas vítimas. Já no Bairro Santo Antônio, Zona Sudeste, um motociclista foi interceptado por dois criminosos armados, que estavam em outro veículo de duas rodas. O assalto aconteceu por volta das 23h, quando a Rua Francisco Cerqueira Cruzeiro já estava erma.

“Fiz o trajeto que faço sempre voltando para casa. Antes de chegar no semáforo novo, começaram a encostar o pneu dianteiro deles no meu traseiro, emparelharam o veículo e me abordaram com a arma. Gritaram para eu descer, entregar o celular, a moto e sentar no chão”, contou o professor Tadeu Moreira de Classe, 27 anos, que teve sua Yamaha Fazer 250, ano 2015, levada pelos assaltantes. Segundo ele, os ladrões estavam em uma moto de 600 cilindradas e aparentavam ser jovens. Armado com revólver, o carona foi quem anunciou o assalto e assumiu a condução da moto. “Foi muito rápido.” Além dos mais de R$ 13 mil em prejuízo pelo roubo da Yamaha e do celular, o professor perdeu vários materiais didáticos, que estavam no baú.

A vítima seguiu até a 135ª Companhia da PM, no Bairro de Lourdes, e registrou a ocorrência. Várias viaturas foram mobilizadas no rastreamento. Durante as buscas, os militares encontraram um capacete abandonado, que foi reconhecido como sendo de um dos criminosos. No entanto, nenhum suspeito foi encontrado, e a moto não foi localizada.

Onda de assaltos

Desde o início do ano, a cidade vive uma onda de roubos de veículos, e os motociclistas, incluindo os motoboys, são as vítimas mais visadas, já que os veículos de duas rodas são os preferidos dos assaltantes para a prática de crimes. Só na noite da última quinta-feira, outros dois casos foram registrados. Um no semáforo na Rua Carlos Otto, esquina com a Avenida Brasil, próximo ao Bairro Costa Carvalho, quando o condutor de uma Yamaha XTZ 250 foi rendido por dois jovens armados. No outro, o motociclista foi abordado por ladrão encapuzado e com revólver ao parar sua Yamaha Fazer 250 na Rua Visconde de Mauá, entre os bairros Santa Helena e Jardim Glória, próximo à rotatória de acesso ao Vale do Ipê.

“Este ano explodiu, parece que os roubos estão acontecendo em todos os lugares”, observou Tadeu. “A polícia me falou que provavelmente esses veículos serão usados no tráfico, homicídio e outros crimes. Já acharam motos abandonadas em matagal, mas também podem estar sendo mandadas para desmanche.” O professor acredita que a desativação de postos policiais, como os que existiam no Santo Antônio, perto de onde foi assaltado, e no Vila Ideal, contribuiu para a insegurança. “Também precisava ter mais patrulhamento nessas vias de ligação para outros bairros, nos horários que estudantes voltam para casa à noite.”

 

assalto.NET

Mulher rendida à luz do dia no Alto dos Passos

Não só os motociclistas têm sofrido insegurança em trajetos do dia a dia. Por volta das 7h30 de ontem, uma mulher, 46, foi rendida com revólver na cabeça e teve o carro roubado na Rua Belmiro Braga, no Alto dos Passos. Segundo a Polícia Militar, a vítima foi surpreendida por dois criminosos armados, que chegaram ao local em um Gol preto. Ela havia acabado de estacionar um Hyundai HB20 Sedan branco na via e, ao desembarcar, foi rendida pela dupla.

Com a arma apontada contra sua cabeça, a vítima foi obrigada a entregar o celular e a chave do veículo. Durante a ação violenta, a mulher ainda foi agarrada pelo pescoço. Um dos bandidos assumiu a direção do Sedan, enquanto o comparsa seguiu no Gol. Os veículos teriam cruzado a Rio Branco em direção à região Sudeste. Câmeras do Olho vivo flagraram a passagem do Gol usado no crime próximo à Praça do Bom Pastor. A PM fez rastreamento pela região, mas ninguém foi preso, e o HB20 não foi encontrado. Dentro do carro ainda estavam cerca de R$ 200 em compras de mercado e um óculos.

Outro caso que chamou a atenção foi o uma caminhonete Toyota Hilux levada em assalto a uma loja de som automotivo no dia 16 de fevereiro no Fábrica. A recuperação do veículo três dias depois pela PRF em Igrejinha causou surpresa, já que o mesmo já estava com as placas adulteradas, clonadas de outra caminhonete do Mato Grosso. Uma mulher acabou presa por receptação.

De acordo com o delegado da Delegacia de Repressão a Roubos, Carlos Eduardo Rodrigues, ela foi ouvida e alegou que o carro era de uma pessoa que tinha deixado com ela. “Já temos informações de quem pode ser esta pessoa. Foi feita alteração grotesca. Não mudaram chassi, motor ou numeração, apenas colocaram uma placa nova.”

Veículos são usados em ações criminosas

Para inibir os assaltos e dar uma resposta à sociedade, a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos realiza um mapeamento para cruzar informações e chegar mais rápido aos autores destes crimes. Conforme os dados, em 2013, foram 41 roubos, em 2014, 72 registros e, no ano passado, 91. Para o delegado titular, Carlos Eduardo Rodrigues, apesar da frequência dos assaltos e da semelhança do modo de agir dos bandidos, as investigações mostram que os casos não têm ligação, acontecendo em todas as regiões da cidade, principalmente naquelas onde há maior fluxo de circulação de veículos. “Eles estão sendo roubados para a prática de outros crimes. Os assaltantes ficam rodando com eles até que sejam encontrados pela polícia, o que está durando uma média de duas semanas, como uma moto roubada no Jardim Glória, que foi reconhecida em assalto no Monte Castelo e apreendida na Vila Olavo Costa”, ressaltou o delegado, lembrando que, no final do ano passado, uma caminhonete foi roubada, no Aeroporto, e recuperada no Vale do Ipê, apenas com a placa trocada.

De acordo com a Polícia Civil, os veículos roubados servem para o deslocamento dos bandidos. “Eles não mudam o chassi, que precisa de identificação só com exame mais elaborado e conhecimento específico. O que temos percebido são alterações grotescas, nas quais o criminoso vai ser preso na primeira blitz em que for parado. Há um carro que foi roubado aqui e recuperado em Barbacena, sem nenhuma alteração. No caso das motos, só retiram as placas e rodam até ser apreendidos”, afirma Carlos Eduardo. Apesar dos casos de recuperação dos veículos, há ainda aqueles que não foram localizados, segundo o delegado.

Mesmo com o trabalho que vem sendo realizado pelas polícias Militar e Civil, o titular da Especializada orienta que condutores devem adotar medidas de autoproteção. Ele enfatiza que paradas nos semáforos e a entrada na garagem de casa são os momentos mais vulneráveis para as vítimas. “É preciso sempre prestar atenção na movimentação na rua ao chegar em casa e suspeitar de moto com duas pessoas no período da noite, além de evitar deslocamento em locais desertos”, alerta.

O delegado ainda destacou que o levantamento que vem sendo realizado pela sua equipe mostra que não há um tipo de veículo considerado alvo dos assaltantes, uma vez que diversos estão na mira. “Estamos cruzando informações dos veículos roubados com os dos recuperados, a fim de chegar aos autores dos crimes. Para isso, temos utilizado câmeras dos estabelecimentos comerciais e das residências e, quando há possibilidade, imagens do Olho vivo.

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