Roubos crescem nas ruas
Em que rua do Centro o juiz-forano mais corre o risco de ser assaltado? Para buscar essa resposta, a Tribuna analisou reportagens sobre roubo contra pedestres publicadas de outubro de 2016 a janeiro de 2017. As avenidas Rio Branco, Itamar Franco, Francisco Bernardino e Andradas e as ruas Santo Antônio, Batista de Oliveira, José Calil Ahouagi, Marechal Deodoro, Benjamin Constant e Delfim Moreira aparecem como as dez vias na região central onde este crime mais aconteceu nesse período. Pautada em números estatísticos, a 30ª Companhia de Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento na área central, confirma que Rio Branco, Itamar Franco, Francisco Bernardino, Andradas e ainda Getúlio Vargas e Brasil são, entre as avenidas, as que possuem maior concentração de casos. Em todo o município, esse tipo de crime cresceu 45% na comparação entre os anos de 2015 e 2016. No ano passado, a cidade acumulou 1.251 casos contra 859 em 2015, segundo dados da 4ª Região de Polícia Militar. Só no Centro, 28 roubos a transeuntes foram registrados no último mês, conforme a 30ª Companhia. A PM afirma que vem acompanhando a situação e trabalhando para reduzir os índices. Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, 129 pessoas foram presas por roubo a pedestres na área central. Desse total, oito delas já haviam sido presas duas ou três vezes pelo mesmo delito nesse mesmo período.
De acordo com o comandante da 30ª Cia, capitão Herivelton Soares, a grande extensão das avenidas, principalmente da Rio Branco que abrange não somente a zona central, é uma das razões para que tenham um montante maior de registros. Além disso, elas dão acessos a diversas outras ruas, o que facilita a fuga. Na região do Mergulhão, por exemplo, além da alta circulação de pessoas, a proximidade com o Rio Paraibuna e com a linha férrea facilitam a evasão dos assaltantes. “Naquela região não há muito comércio, ela serve mais para passagem, o que acaba sendo atrativo para o infrator. É um local em que fazemos o patrulhamento a pé ou de bicicleta e que recebe uma demanda especial por parte da PM”, ressalta Soares, acrescentando que, diariamente, é deslocado patrulhamento das 7h às 22h para a região.
Cuidado redobrado
Na avaliação da PM, a Rua José Calil Ahouagi merece cuidado redobrado por se tratar de área onde existem serviços da Prefeitura de atendimento à população de rua. “Acaba que o local tem criminosos e usuários de drogas que se infiltram entre a população de rua. Ainda há naquele trecho uma empresa de call center com grande circulação de pessoas, o que gera concentração de possíveis vítimas e também de infratores. Todavia, é uma das ruas onde mais apreendemos drogas e realizamos prisão de traficantes e autores de roubos”, afirma o capitão. Segundo ele, em 2016, foram registrados 16 roubos a transeuntes na Calil Ahouagi. Do total, seis suspeitos foram presos em flagrantes, outros três identificados e com ofícios encaminhados ao Ministério Público e à Polícia Civil para obtenção de mandados de prisão.
De acordo com a PM, a ligação com a Calil Ahouagi impacta a criminalidade na Benjamin Constant, uma vez que usuários de drogas e autores de assaltos migram de uma área para outra, colocando a via na rota de crimes praticados no Centro. Em outubro do ano passado, na “parte baixa” da cidade, um jovem,18, foi atacado com três facadas numa tentativa de roubo, durante a madrugada, num ponto de ônibus na esquina da Rua Silva Jardim com a Avenida Francisco Bernardino. O assaltante atacou a vítima, já desferindo as facadas. O pedestre ainda entrou em luta com o bandido, que fugiu sem levar qualquer objeto. Quando a PM compareceu, ele já estava sendo socorrido por uma equipe do Samu na Rua Benjamin Constant. Ele sofreu uma perfuração no abdômen e duas na perna direita. O assalto no ponto de ônibus, aliás, foi um delito muito frequente no ano passado. A Tribuna noticiou diversos casos acontecidos no Centro e em outros bairros. Em muitos deles, o ladrão estava com um comparsa e munido de arma de fogo ou faca. Quando não estavam armados, apelavam para agressão contra a vítima.
Celular: visado por ladrões
Dados da Polícia Militar comprovam que o roubo de celular eleva as estatísticas, uma vez que o aparelho aparece como alvo favorito dos bandidos, colocando mulheres e estudantes como as principais vítimas. “Verificamos que os autores se aproveitam da falta de atenção dos transeuntes, principalmente, quando usam o celular. Nossa orientação é para que o pedestre procure, indo ou voltando da escola ou do trabalho, estar sempre acompanhado. Se isso não for possível, fazer o uso do aparelho em locais com o maior número de pessoas, parar próximo a algum estabelecimento comercial para utilizá-lo ou dentro do ônibus”, adverte o policial, destacando que o telefone móvel está entre os objetos mais roubados, não só na área central de Juiz de Fora, mas em todo o país, porque é um aparelho fácil de levar e tem grande aceitação para troca e venda por um valor muito baixo, para aquisição de drogas. Soares ainda enfatiza que, apesar do medo de ser assaltado alegado pelas pessoas, elas não adotam medidas de autoproteção.
Com a volta às aulas na última semana, a 30ª Cia retornou com o policiamento próximo aos estabelecimentos de ensino. “Pedimos aos pais que orientem os filhos que vão sozinhos para o colégio que evitem fazer o uso do celular no percurso. O estudante deve preferir também andar em grupo, evitar ficar parado e permanecer em praças com o celular, pois pode se colocar em risco”, alerta Soares. Como aponta o comandante, o Centro conta com patrulhamento a pé em algumas partes onde se faz necessário. Ainda há o patrulhamento de bicicletas, motocicletas e viaturas. A 30ª Cia conta ainda com o apoio da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado.
Situação se agrava nos finais de semana
A situação se agrava nos finais de semana. Um exemplo se deu entre o sábado, dia 28 de janeiro e a segunda, dia 30. Na ocasião, pelo menos dez pedestres foram rendidos por motociclistas em diversos pontos da cidade. A maioria dos crimes aconteceu em São Mateus, Zona Sul, e na região central. Um adolescente de 17 anos e um jovem, 18, acabaram detidos pela PM após câmeras do Olho Vivo flagrarem a Yamaha Factor 125 usada em um dos assaltos. As vítimas eram duas mulheres, de 20 e 22, surpreendidas quando seguiam pela Rua Santo Antônio. Os ladrões estavam armados com faca e roubaram dois telefones e uma mochila. A moto foi abordada perto do Mergulhão, e um dos rapazes estava com a arma branca usada para ameaçar as vítimas.
O uso da moto pelos infratores para assaltar pedestres repercutiu entre os leitores da Tribuna como uma nova modalidade de roubo nas ruas de Juiz de Fora. Porém, o comandante da 30ª Cia da PM, capitão Herivelton Soares, tranquiliza a população, afirmando que não se trata de novidade nas artimanhas dos bandidos. “Esses casos foram específicos, com autores presos e inclusive identificados pela vítima. O flagrante do maior foi confirmado, e ele foi identificado como autor de outro roubo. Já o adolescente infrator, que não foi acautelado, irá responder por mais um processo. A moto continua sendo um veículo que demanda nossa atenção para crimes não tão voltados para o transeunte e sim mais contra estabelecimentos comerciais nos quais são levados objetos de maior valor.”