Tempestade deixa família desalojada e causa alagamentos pela cidade
Ocorrência de desabamento foi registrada no início da tarde no Bairro Retiro, onde muro caiu sobre uma casa; novas tempestades podem atingir a cidade nesta sexta-feira
O início da tarde desta quinta-feira (8) foi marcado por uma forte tempestade em Juiz de Fora, que resultou em pontos de alagamentos em várias ruas e avenidas, além de uma ocorrência de destaque na Defesa Civil. Na Rua Antônio Joaquim de Melo, Bairro Retiro, Zona Sudeste, um muro de divisa, medindo três metros de altura e oito de comprimento, atingiu uma casa e causou abalo na estrutura de outra. Um carro Peugeot 206 e uma moto Honda Falcon foram soterrados.
Para Eduardo da Silva, que mora no mesmo terreno da casa atingida pelo muro, uma infiltração teria contribuído para o desabamento da estrutura. Ainda segundo ele, no local moram quatro famílias, mas a casa da irmã foi a mais afetada, com a destruição de duas paredes. Uma delas era a do quarto de uma criança de 2 anos, que, na hora da queda do muro, estava assistindo DVD e, por pouco, não foi atingida pelos escombros. Segundo a mãe do menino, Ana Cláudia da Silva, momentos antes ela retirou o filho da cama, que ficou destruída. Pelo menos três cômodos do imóvel ficaram danificados. Por conta disso, a Defesa Civil interditou a casa e orientou que pai, mãe e filho deixassem o local. Eles foram abrigados por parentes. Já o morador de um outro imóvel na área foi aconselhado a deixar a residência caso ocorram novos deslizamentos, já que parte da sustentação da casa foi afetada.
13% das chuvas
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em pouco mais de uma hora, o pluviômetro instalado no Campus da UFJF registrou 25 milímetros de precipitações. O índice corresponde a quase 13% do previsto para todo o mês de março. Os pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também identificaram pancadas pontualmente fortes. O resultado mais significativo veio do equipamento que fica na Represa João Penido, onde caiu 26 milímetros em uma hora. Segundo o Inmet, novas precipitações podem atingir o município nesta sexta-feira (9).
Defesa Civil
Além desta tempestade, outra, durante a madrugada, de 18 milímetros, também mobilizou equipes da Defesa Civil. Somados os dois eventos, o órgão contabilizou 28 chamados, sendo 11 até as 8h40, e mais 17 até as 18h. A região Leste foi a mais afetada, com nove atendimentos, seguida das zonas Sudeste (8), Nordeste (6) e Norte (3). Sul e Cidade Alta tiveram um chamado cada.
Entre os destaques estavam, além do caso do Retiro, um deslizamento e uma queda de muro de divisa, respectivamente nas ruas Francisco Cerqueira e Francisco Fontainha, no Santo Antônio, região Sudeste, além de uma ameaça de desmoronamento de pedras na Rua Diva Garcia, Bairro Linhares, região Leste.
Por causa da tempestade da madrugada de quinta, foram registrados ainda três escorregamentos de taludes nos bairros São Benedito, Zona Leste, Vale do Amanhecer, na Nordeste, e Aracy, Sudeste. Nenhum destes casos teve feridos.
Leitores relatam pontos de alagamentos
No Bairro São Mateus, Zona Sul, o fluxo ficou lento por causa do acúmulo de água próximo às bocas de lobo em parte da Rua São Mateus e na Rua Morais e Castro, perto da igreja. Situação semelhante na Zona Norte, em ruas como Paulo Garcia e Martins Barbosa, além da Avenida Pedro Tampone, em Benfica. Já na Cidade Alta, a Rua Otavio Malvacini, que dá acesso ao condomínio Spinaville, no São Pedro, ficou toda tomada pela água. Na Zona Leste, a Avenida Darcy Vargas, Bairro Ipiranga, apresentou trânsito confuso após parte do asfalto ser coberto pela água. E na região central, o mais atingido foi o Bairro Granbery, com transtornos observados nas ruas Sampaio e Barão de Santa Helena. Em razão do horário, pais tiveram dificuldades para deixar seus filhos na porta da escola. No mesmo bairro, uma enxurrada formou-se na Rua Santos Dumont devido à aclividade da via.
A leitora Silvana Abreu Silva enviou vídeo mostrando a força da água no córrego que passa pela Avenida Santa Luzia, bairro homônimo, Zona Sul. Segundo ela, durante tempestades é comum a calha não suportar o volume de água, que acaba transbordando para vias do entorno. “Assisto isso todo ano de camarote e às vezes chega a dar até onda. Não há colaboração nem da população nem de órgãos competentes”, desabafou. Já Alcione Silva, moradora do Vale Verde, região Sul, registrou a situação da principal via do bairro, a Rua Marciano Pinto. De acordo com ela, por ser próximo a um córrego, o alagamento é recorrente. O mesmo problema foi relatado por Lídia Oliveira, da Rua Coronel de Assis, Floresta, região Sudeste. Segundo ela, a rua fica inundada sempre que chove muito.
Segunda tempestade em menos de 24 horas
No Acesso Sul, comerciantes tiveram que correr contra o tempo para não ter lojas atingidas pela água da chuva. Neste caso, de acordo com Rafaela Carias, não foi preciso o córrego transbordar. “Foi por causa dos bueiros que estão entupidos e alagou a rua. Se não fosse meu marido ter tirado um pouco do lixo na boca de lobo, teria entrado água na nossa loja”, disse ela, proprietária de estabelecimento que vende roupas.
Secretaria de Obras
De acordo com a Secretaria de Obras, foram feitas vistorias em pontos que ocorreram alagamentos nesta quinta-feira, e em diversos locais observou-se que o problema foi ocasionado pelo grande volume de chuvas em curto espaço de tempo. Em nota, a pasta destacou que faz a limpeza periodicamente nas bocas de lobo da cidade. De acordo com a secretaria, grande parte dos entupimentos foi causado por lixo jogado nas ruas ou depositado fora do horário de coleta. Novas vistorias estão sendo realizadas, conforme o órgão, para verificação e providências destas situações.