Juiz de Fora chega a 567,7 mil habitantes em nova projeção do IBGE

Estimativa do aponta crescimento de 0,34% em um ano e de 1,21% desde o Censo 2022


Por Mariana Souza*

07/09/2025 às 06h34

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Levantamento divulgado pelo IBGE aponta crescimento populacional de Juiz de Fora e consolida Minas como estado mais populoso (Foto: Leonardo Costa)

Juiz de Fora alcançou 567.730 habitantes, segundo estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em alterações de limites territoriais posteriores ao Censo 2022. Os dados têm como referência 1º de julho de 2025 e são utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios, além de servirem de base para indicadores econômicos e sociodemográficos entre censos.

Em comparação a 2024, Juiz de Fora cresceu 0,34%, enquanto em relação a 2022 o aumento foi de 1,21%. No cenário nacional, o IBGE aponta que 45,8% dos municípios com até 20 mil habitantes perderam população, a maior proporção entre as faixas analisadas. Já os municípios com população entre 100 mil e 500 mil tiveram maior presença de crescimento acima de 1%, representando 19% do total.

Para a professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Késia Anastácio, o resultado local, embora modesto, merece atenção. “No Censo de 2022, Juiz de Fora cresceu 0,39%, abaixo da média nacional. Agora, na estimativa de 2025, aparece com alta de 1,21%, chegando a 567 mil habitantes,” afirma.

Segundo a pesquisadora, o município tem forte circulação populacional, recebendo estudantes e perdendo parte dos jovens formados que migram em busca de oportunidades de trabalho. Por essa razão, ela ressalta que os dados devem ser avaliados com cautela, uma vez que se tratam de estimativas. “O IBGE pode ter projetado um impacto migratório positivo para o município, mas a taxa de 1,21% deve ser interpretada com cuidado”, observa.

Apesar disso, Anastácio destaca o papel regional exercido por Juiz de Fora. “A cidade é considerada uma capital regional pelo IBGE. Tem papel de mediação na hierarquia urbana, com universidades, hospitais e serviços especializados. Recebe até fluxos internacionais, como o de venezuelanos. Isso mostra como exerce cada vez mais influência sobre os municípios da Zona da Mata, que perdem moradores e dependem dela”, avalia.

Na Zona da Mata, algumas cidades também apresentaram crescimento, como Viçosa (0,37%) e Muriaé (0,26%). Já Santos Dumont (-0,40%), Cataguases (-0,20%) e Além Paraíba (-0,56%) tiveram queda populacional.

Para Anastácio, os municípios de pequeno porte são os mais afetados. “Eles têm baixa atratividade, pouca diversificação econômica e dependem fortemente dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios. Em Minas, onde a maioria das cidades é de pequeno porte, essa perda é ainda mais evidente.”

Tabela IBGE Populacional

Minas segue como segundo estado mais populoso

O levantamento confirma Minas Gerais como o segundo estado mais populoso do país, com 21,39 milhões de habitantes, atrás de São Paulo. O Rio de Janeiro ocupa a terceira posição, com 17,22 milhões.

Entre as capitais, Belo Horizonte ocupa posição de destaque: é a terceira região metropolitana mais populosa do Brasil, com 6 milhões de habitantes, atrás apenas de São Paulo (21,6 milhões) e Rio de Janeiro (12,9 milhões).

A professora observa, no entanto, a relevância crescente das cidades médias. “Municípios médios concentram serviços como universidades e hospitais, além de funções econômicas que atraem novos moradores. O Censo de 2022 já mostrou isso: São Paulo perdeu população, Belo Horizonte cresceu menos que Uberlândia e Uberaba. Essas cidades ganharam importância.”

Crescimento desacelera no Brasil

De acordo com o IBGE, a população brasileira chegou a 213,4 milhões em 2025, com aumento de 0,39% em relação ao ano anterior. Entre os 5.571 municípios do país, 37,3% perderam população, 54% cresceram até 0,9% e apenas 2,2% tiveram aumento superior a 2%.

Para Anastácio, o cenário reflete uma tendência de longo prazo. Ela lembra que, desde a década de 1970, a taxa de crescimento vem diminuindo, em grande parte pela queda da fecundidade. “Nos municípios que perderam população, pesam tanto a redução da fecundidade quanto a baixa capacidade de atrair moradores. Já aqueles que cresceram acima de 2% são, sem dúvida, cidades que conseguiram atrair fluxos migratórios significativos, o que impacta diretamente seus índices.”

Estagiária sob a supervisão da editora Carolina Leonel

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