Cidade tomada por pernilongos


Por MARCOS ARAÚJO E KELLY DINIZ

06/11/2015 às 07h00- Atualizada 06/11/2015 às 09h09

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Nesta época do ano, é comum caminhar pelas ruas do Centro e, às vezes, até assustar-se com o som de estalos. A presença dos vendedores de raquetes elétricas insinua que o zunido dos indesejados pernilongos tem incomodado muita gente. Basta conversar com as pessoas que adquirem o produto, que já é recomendado por especialistas por não emitir inseticida, para saber que a incidência dos insetos é realidade em todas as regiões da cidade. A jornalista Michelle Cafieiro, mãe da pequena Maitê, de apenas 5 meses, é moradora do Bairro Santa Terezinha, na Zona Nordeste, e faz uso da raquete, mas não abre mão de outros recursos. “Também uso repelente na tomada e de passar no corpo”, afirma, acrescentando que o calor dentro de casa aumenta a fim de manter a janela fechada, para evitar a entrada dos intrusos. Para proteger sua filha, ela tem mosquiteiro no berço e no carrinho de bebê.

A impressão que muitas pessoas têm é de que os repelentes eletrônicos não têm mais surtido efeito. O veterinário Eduardo Beuttemmuller afirma que é possível que os pernilongos tenham criado resistência a esses aparelhos. “O ideal é associar o repelente de corpo com os de tomada.” Para a professora Lígia Castro, 28 anos, moradora do Fábrica, região Norte, a raquete é a arma mais eficaz. “Lá em casa é impossível dormir. O barulho é infernal, sem contar que estou toda picada.”

De hábitos noturnos, o pernilongo é mestre em tirar o sono de quem quer dormir. De acordo com o veterinário responsável pelo Setor de Zoonoses da Secretaria de Saúde, José Geraldo de Castro Júnior, é no período do anoitecer que o mosquito deixa seu abrigo para invadir as residências à procura de sangue.

Para tentar impedi-lo no seu intento, o especialista orienta que as pessoas fechem as janelas antes de escurecer. “Outra opção é a instalação de telas nas janelas, com malha fina, evitando sua entrada. Entretanto, se já estiver dentro de casa, deve-se procurá-lo antes de dormir, vasculhando atrás de cortinas, debaixo da cama e atrás dos móveis, sempre em locais escuros, onde ficam abrigados. Ao achá-los, deve-se tentar matá-los mecanicamente. Uma boa opção é a raquete elétrica que tem sido usada com eficácia, principalmente em situação de alta infestação”, afirma o veterinário.

A atriz Cristina Braga, 35, moradora do Santa Cecília, na Zona Sul, lança mão de repelentes em spray. “Sou alérgica e sofro muito com as picadas”, afirma. Mas José Geraldo adverte que repelentes não devem ter uso contínuo. “Tantos os de passar na pele como os que são ligados à tomada ou de spray são produtos químicos e, por isso, não devem ser usados continuamente, pois podem causar alterações alérgicas. Depois do uso desses produtos, deve-se abrir a janela para que a pessoa não fique respirando o princípio ativo que fica no ar.” Ele orienta que dormir com ventilador ligado também ajuda. “O vento forte inibe o pouso do pernilongo no corpo.”

APPs

Existem ainda vários aplicativos de celular que prometem espantar os mosquitos. Esses apps emitem um som não audível para os humanos, mas que afastam os insetos. Entre eles estão o Anti Mosquito Prank e Mosquito Scare. A avaliação desses aplicativos não são altas, e os comentários dos usuários se dividem entre os que dizem que funciona super bem, os que reclamam do barulho e os que falam que os apps não dão certo.

Mosquito da espécie culex não transmite doença

Nas épocas de período de estiagem, a população observa a maior incidência do pernilongo. Como pontua o veterinário José Geraldo de Castro Júnior, este inseto, diferentemente do mosquito da dengue, reproduz-se em água suja, ou seja, com muita matéria orgânica. “Esgoto com fezes, depósito de folhas e com alimentos deteriorados fazem do ambiente o local preferido para a reprodução. Nas épocas de chuvas, em que há grande volume de água, essas matérias orgânicas são carregadas para os rios e córregos com a correnteza, não ficando estagnadas próximo das residências. Na seca, a pouca quantidade de água faz a matéria orgânica ficar parada e, em consequência disso, os pernilongos têm o local ideal para reprodução, causando uma infestação maior”.

Fumacê

O veterinário deixa claro que o pernilongo, que é da espécie culex, na região de Juiz de Fora, não transmite doença. “Recebemos ligações diversas, e algumas pessoas acham que devemos usar o fumacê com inseticida, mas existe uma recomendação técnica do Ministério da Saúde que prevê o uso apenas em situações como no caso do Aedes aegypti, que transmite a dengue. É uma relação de risco e benefício, o benefício é prevenir a população contra a doença, pois sabemos que pode causar reações alérgicas.”

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