Passageiros envolvidos em caso de motorista esfaqueado prestam depoimento nesta quarta

Condutor do veículo de app permanece internado no CTI do HPS, onde mantém quadro grave e estável


Por Marcos Araújo

06/10/2020 às 18h04- Atualizada 06/10/2020 às 20h31

Os passageiros envolvidos na ocorrência que terminou com um motorista de aplicativo esfaqueado devem ser ouvidos nesta quarta-feira (7), na Delegacia Especializada em Homicídios, unidade responsável pela investigação do caso classificado como homicídio tentado qualificado. O delegado Rodrigo Rolli, à frente da apuração, disse que sua equipe também está buscando outras possíveis testemunhas para esclarecimentos dos fatos. A vítima teria sido esfaqueada por um passageiro, na noite do último sábado (3), na Rua Espírito Santo, no Centro de Juiz de Fora. Na segunda (5), Rolli adiantou à Tribuna que realizaria uma acareação entre os envolvidos com o propósito de esclarecer os fatos que resultaram no crime, uma vez que houve contradições nos depoimentos apresentados até agora.

Rolli reiterou que seus investigadores continuam em busca de imagens de câmeras de seguranças instaladas nas proximidades de onde os fatos ocorreram e que ainda aguarda a melhora do estado de saúde da vítima, a fim de que possa ser ouvida. “Ele (o motorista) precisa ter uma melhora para que, pelo menos, possamos ouvi-lo de forma informal, para que suas informações possam constar no inquérito”, disse o delegado, acrescentando que a faca utilizada para golpear o condutor não foi encontrada.

Nesta terça-feira (6), a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora informou que o motorista esfaqueado permanece internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde mantém quadro grave e estável.

O caso

De acordo com o delegado Rodrigo Rolli, durante a viagem solicitada pelo aplicativo, houve uma discussão no interior do carro entre o motorista e os três passageiros, sendo duas mulheres, de 32 e 28 anos, e um homem, 31. O desentendimento, a princípio, seria pela questão de o condutor ter se recusado a ligar o ar-condicionado em um momento em que fazia calor, segundo relato dos passageiros.

Já o motorista teria alegado que também entrou em atrito verbal porque os passageiros não quiseram utilizar a máscara, conforme determinação do Ministério da Saúde no procedimento de prevenção à Covid-19. Dessa forma teria se iniciado uma discussão, e o veículo parou na Eua Espírito Santo, onde os ocupantes desceram e aconteceu uma briga, que teria resultado em uma luta corporal.

Após ser golpeada, a própria vítima se deslocou com seu carro para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde foi atendida e hospitalizada. Os três passageiros foram presos em flagrante e conduzidos à delegacia de Santa Terezinha. Conforme Rolli, apenas o homem, 31, teve sua prisão ratificada, sendo encaminhado para a cadeia de Matias Barbosa por questões preventivas da Covid-19. As duas mulheres foram liberadas.

Empresa diz que irá oferecer apoio a motorista

 

Em nota em encaminhada à Tribuna, a Uber, empresa para a qual o motorista trabalhava no momento do crime, lamentou o caso e considerou inaceitável o uso de violência. Informou também que a conta da usuária responsável por solicitar a corrida na qual os fatos aconteceram foi desativada tão logo a empresa tomou conhecimento do ocorrido. “Todas as viagens na plataforma são cobertas por um seguro para acidentes pessoais, e a seguradora vai entrar em contato com a família do motorista a fim de oferecer apoio. A Uber também permanece à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei”, ressaltou.

Ainda conforme a empresa, diante da pandemia de Covid-19, “o aplicativo tomou uma série de medidas preventivas embasadas em orientações das autoridades responsáveis e especialistas médicos. Todos os usuários são informados sobre as precauções necessárias para uma viagem, como o uso de máscara, utilização apenas do banco traseiro do carro, janelas abertas para ventilação, além da higienização das mãos.”

Em caso de descumprimento dos protocolos recomendados, pontua a Uber, “encorajamos que motoristas e usuários denunciem o ocorrido pela Ajuda do app. Recomendamos também que motoristas parceiros e usuários contatem imediatamente as autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados”.

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Representantes da PJF reuniram-se com lideranças dos trabalhadores para ouvir demandas relacionadas à segurança daqueles que atuam nas ruas, após protesto nesta segunda (Foto: Divulgação/PJF)

Após manifestação, categoria se reúne com PJF

Em razão do ocorrido, os motoristas por aplicativo realizaram, na segunda (5), uma carreata contra a violência. Eles saíram do Bairro Cruzeiro do Sul e percorreram a Avenida Rio Branco até o Bairro Manoel Honório, de onde seguiram pela Avenida Brasil até a sede da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). No mesmo dia, representantes da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc) da PJF se reuniram com membros da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic-JF) e Sindicato dos Taxistas.

Conforme a Prefeitura, a nova secretária da pasta, Sônia Parma, convidou os componentes da categoria para um encontro a fim de ouvi-los e juntos buscarem melhorias quanto à segurança ao setor. Na pauta, ações que devem ser adotadas para o incremento da proteção de usuários e de trabalhadores foram discutidas. Na próxima semana, a Sesuc se reunirá com as polícias Militar e Civil, com objetivo de dar encaminhamento ao pleito da categoria e de integrar novos parceiros neste esforço. Esteve presente ao encontro também a comandante da Guarda Municipal de Juiz de Fora (GM-JF), Emilce de Castro. A corporação é órgão integrante da secretaria.

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