Cantata de Natal une gerações de crianças e idosos

“O tempo passa, você já foi criança. Se você cuidar de mim e me der amor, é isso que vai receber. Estou aqui a sua espera para você cuidar de mim, pois no futuro eu serei aquilo que você me diz”, reforça a letra de uma das músicas cantada por um grupo de 62 crianças, entre 2 e 6 anos de idade, do Centro de Promoção do Menor de Juiz de Fora (Ceprom) à plateia de idosos do abrigo Santa Helena, localizado no Bairro Vila Ideal, Zona Sudeste. O momento, talvez, sintetize o intuito do projeto “Unindo Gerações”, que teve o ciclo de 2018 encerrado nesta terça-feira (4), com a realização de uma cantata de Natal para os idosos da instituição.

Segundo a coordenadora pedagógica do Ceprom, Regina Miranda, o objetivo da iniciativa foi resgatar valores, ao mesmo tempo que procura aproximar os pequenos dos mais velhos a fim de que eles possam aprender a respeitá-los. “Elas aprendem nessa idade, não é? Por isso, construímos o projeto dentro de um processo (junto com as crianças), para não perder a essência delas. Tudo é conversado (com as crianças): como abraçar, quando abraçar (um idoso). Então essa forma carinhosa com que eles recebem os idosos é conversada e também vem da própria convivência”, afirma.

A cantata de Natal, portanto, foi o desfecho do projeto que aconteceu a cada dois meses destes ano, nas instituições. Além da ação desta terça, o grupo promoveu encontros, piqueniques, contação de histórias e até passeios entre idosos e crianças fora da instituição. Esse modelo de convivência entre gerações tão diferentes tem tido resultados “excelentes”, conforme o presidente do Abrigo Santa Helena e também diretor do Ceprom, Antônio Carlos Estevão. “As crianças, muitas vezes, são carentes não só de coisas materiais, mas de afetividade. E essa interação faz com que todos pensem e aprendam sobre coisas que estão esquecidas”, comenta o presidente, que pretende incrementar a iniciativa para o próximo ano.

Troca entre gerações
Mais de oito décadas separam as gerações entre o “idoso mais velho do abrigo”, o senhor Luiz Elias – que completa 98 anos na próxima terça-feira (11) -, e o pequeno Arthur, 6, um dos mais velhos do grupo de crianças. A aproximação entre os dois, entretanto, tem ensinado o menino para além do projeto. Com uma avó e uma bisavó, com quem convive, Arthur conta que aprendeu a cuidar “muito bem delas” a partir desta união de gerações.
Já para Luiz Elias, o sentimento é de orgulho ao ver todas as crianças, com quem já vem criando laços. “Criança é a melhor coisa que pode existir. Elas me fazem feliz. Hoje estou me sentindo avô de todas elas e também dos idosos, porque sou o mais velho do abrigo”, orgulha-se.

Ceprom
O Centro de Promoção do Menor de Juiz de Fora é um espaço que busca consolidar a educação infantil como primeira etapa da educação básica. Segundo a coordenação, as atividades e os projetos desenvolvidos em conjunto com as crianças buscam promover a “garantia da igualdade de tratamento, do respeito às diferenças, da qualidade de atendimento e da liberdade de expressão”, além de “oferecer condições necessárias ao desenvolvimento físico, afetivo, cognitivo, social e cultural” aos atendidos.