Sete suspeitos ligados ao CV são presos em JF, Cabo Frio e Arraial

Operação Êxodo desarticulou célula que movimentou R$ 30 milhões com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e agiotagem


Por Sandra Zanella

04/11/2025 às 17h18

Sete suspeitos ligados ao CV são presos em JF, Cabo Frio e Arraial
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Duas mulheres e cinco homens suspeitos de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV) foram presos nesta terça-feira (4), em Juiz de Fora e nas cidades fluminenses de Cabo Frio e Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, durante a Operação Êxodo, desencadeada pela Polícia Civil para desarticular célula que movimentou R$ 30 milhões com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e agiotagem.

A manobra mobilizou 80 policiais, em meio ao cumprimento de dez mandados de prisão e de 24 de busca e apreensão, inclusive em Ubá, na Zona da Mata mineira, onde um dos investigados, que não chegou a ser preso, usava uma produtora de eventos para lavar dinheiro do crime, segundo a polícia. O Bairro Linhares, na Zona Leste de Juiz de Fora, onde fica o Complexo Penitenciário, concentrou as ações no município. Além de três armas de fogo, R$ 21 mil em dinheiro e drogas, foram apreendidas duas lanchas e três jet skis.

A operação que mirou integrantes da facção acontece uma semana depois da megaoperação das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, para prender membros do CV. A investida do Estado contra o grupo que domina territórios cariocas foi considerada a mais letal da história, com mais de 120 mortos, incluindo quatro policiais. O coordenador do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil em Juiz de Fora, Márcio Rocha, explica que as investigações da Êxodo começaram há dez meses.

“Com essa ação que tivemos no Rio, achamos oportuno fazer essa operação o mais breve possível”, destaca, lembrando que as apurações são um desdobramento da Operação Gênesis 3:19, deflagrada pela Polícia Civil em junho do ano passado para combater suspeitas de agiotagem e ameaças comandadas por três pessoas de uma mesma família, moradora do Bairro São Geraldo, Zona Sul.

“Temos apoio de equipes do Rio de Janeiro para a localização de alguns alvos foragidos”, conta o delegado regional Bruno Wink, destacando a participação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil e de cães farejadores. Ainda em relação à operação no Rio na semana passada, o delegado Márcio tranquiliza a população de Juiz de Fora quanto à possível migração de criminosos, após o cerco fechado na capital: “Há presença da facção na cidade, mas aqui não existe controle de território armado. Aqui a polícia entra, em qualquer lugar, a qualquer hora”, garante.

“Estamos monitorando esses grupos organizados, essas facções, tanto é que constantemente fazemos operações para prender quem se declara faccionado. Então é uma realidade que o Comando Vermelho tem uma expansão nacional, com presença em Minas, que é um estado muito importante, central e destino de rotas, mas estamos atuando.”

Aeronaves e viaturas

A movimentação de policiais nas primeiras horas da manhã, com viaturas e aeronaves, chamou a atenção de moradores do Linhares. Ainda de acordo com o delegado Márcio, a presença de integrantes do CV exatamente no bairro onde ficam as unidades prisionais na cidade pode ser vista como estratégica. Ele não descarta que os criminosos mantinham alguma comunicação com os detentos, recebendo ordens e tentando enviar materiais ilícitos, como celulares e drogas. Só em Juiz de Fora, cinco pessoas foram presas. Rádios comunicadores também foram apreendidos.

“A nossa (delegacia) regional conta com mais de cem operações, voltadas a desarticular organizações criminosas, especialmente do Comando Vermelho. Essa é mais uma dessas operações. Isso acaba criando, de certa forma, no âmbito da Polícia Civil, um cinturão de segurança. Nós já estamos nos articulando com outras forças de segurança para robustecer essa segurança no nosso perímetro para, de maneira inteligente, evitar que criminosos venham ou retornem aqui para a nossa região “, enfatiza o delegado regional.

Operação Gênesis 3:19

Os três presos na Operação Gênesis 3:19 seriam do ramo da construção civil e teriam, na época da investigação, patrimônio estimado em R$ 10 milhões. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 3,5 milhões em contas bancárias e o sequestro de cinco veículos. Os mandados de prisão foram cumpridos contra o pai, 54 anos, uma filha, 28, e o marido dela, 31, por crimes de agiotagem, extorsão, lavagem de dinheiro e associação criminosa, que estariam sendo praticados desde 2020.

Durante o cumprimento de dois mandados de busca no São Geraldo foram apreendidos cerca de R$ 30 mil, arma de fogo e munições, além de documentos de contabilidade que comprovam o esquema de agiotagem. “Dia 10 você vai tá morta. Se eu não te encontrar até lá, pode ser que você me mande o Pix, mas eu te encontrando antes você vai tá. Aí não vai ter como você me enviar o Pix, beleza?”, revela áudio obtido pela polícia, no qual a suspeita ameaça de morte uma devedora.

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