Campanha contra a poliomielite é encerrada com 46% do público vacinado

Imunização continuará sendo oferecida nas unidades de saúde para crianças, adolescentes e adultos que precisam atualizar cartão vacinal; baixa vacinação pode causar retorno da doença


Por Nayara Zanetti, estagiária sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

03/10/2022 às 16h41

A campanha de vacinação contra a poliomielite terminou na última sexta-feira (30) em Juiz de Fora com apenas 46,68% do público alvo vacinado. Segundo a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), 11.254 crianças de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias receberam o imunizante. A PJF já havia prorrogado a campanha em setembro para ampliar a cobertura vacinal na cidade, mas, ainda assim, o índice ficou abaixo da meta.

O infectologista Marcos Moura aponta que a baixa adesão à vacinação é um fenômeno mundial, e no Brasil não está sendo diferente. A falta da vacina pode, inclusive, causar o retorno da doença. “É muito complicado você ter uma doença erradicada, que tem vacina, e ainda correr risco de a doença retornar no Brasil. Se começarmos a ter falhas vacinais, e as pessoas não fazerem reforço, vamos ter muitas pessoas vulneráveis, e aí pode ter a volta dos sintomas”, alerta.

Para o médico, o problema que impacta diretamente nessa baixa procura é a quantidade de desinformação que circula nas redes sociais, com publicações que questionam a eficácia da vacina, fazendo com que muitas pessoas fiquem com medo ou desacreditadas. O médico também analisa que, em muitos casos, a população acredita que já está protegida contra a poliomielite por ter se vacinado contra a Covid-19. “Na verdade, uma vacina não se sobrepõe à outra, é preciso preencher todo o cartão vacinal”, orienta.

O infectologista reforça ainda que a vacina é segura e a sua eficácia pode chegar até 98% se o esquema vacinal estiver completo. Existem dois tipos de vacina contra a poliomielite: a VPO (vacina pólio oral) ou Sabin, também conhecida por ser a vacina da gotinha; e a VIP (vacina inativada pólio) ou Salk, por via intramuscular, ou seja, aplicada com injeção. Para o esquema vacinal ficar completo, a criança precisa tomar cinco doses, sendo que três são aplicadas durante a infância, e duas, na adolescência. Porém, o adulto que não recebeu o imunizante pode tomar em qualquer idade.

De acordo com o infectologista, a vacina é conhecida e administrada em todo mundo, e os efeitos adversos são muito raros. O imunizante pode causar reações leves em algumas pessoas, porém, os sintomas são brandos, como um pouco de febre ou gripe. “Qualquer medicamento imunológico pode gerar um efeito adverso até colateral, mas não é comum na vacina da poliomielite. A gente pode ter uma dor no local da aplicação, um episódio de diarreia, febre baixa ou cansaço, mas é temporário e se resolve rapidamente.”

Segundo a Prefeitura, apesar de a campanha nacional ter sido encerrada, as vacinas seguem sendo oferecidas nas unidades de saúde, sendo aplicadas conforme idade ou conforme a necessidade de atualização vacinal.

O que é a poliomielite?

A poliomielite é uma doença contagiosa, que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos. A transmissão acontece de pessoa para pessoa por via fecal-oral ou por água ou alimentos contaminados, e também de forma oral-oral, por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. A doença é grave e pode provocar paralisia irreversível nas pernas e também em músculos respiratórios, causando óbito.

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