Período de chuvas pode aumentar número de doenças transmitidas pelo rato
Leptospirose, hantavirose e raiva são algumas das enfermidades que podem ser contraídas

Com o início da temporada das fortes chuvas também começam, em Juiz de Fora, as preocupações sobre as consequências das precipitações. Alagamentos, enchentes e trombas d’ água são alguns dos efeitos diretos da chuva em locais que possuem drenagem insuficiente, bueiros entupidos e solos irregulares, situações que são agravadas pela falta de manutenção das vias.
No último dia 21, foi registrado o segundo maior temporal, desde 2007, em Juiz de Fora, quando foi implantada a estação meteorológica automática na UFJF. A precipitação aconteceu durante a tarde, tendo 30 minutos de intensas chuvas, com trovões e raios, que causaram a queda de diversas árvores, alagamentos, inundações em lojas e danos por toda a cidade, como a queda de parte da estrutura do ponto de ônibus na Avenida Rio Branco, no Centro.
Além dos estragos, a chuva também traz consigo mais um receio para a população, o aumento da transmissão de doenças com roedores. No dia do temporal, um vídeo de um rato se segurando em um poste na Avenida Getúlio Vargas viralizou nas redes sociais. Outro vídeo com um rato sendo chutado por um homem para afastá-lo também foi registrado. Os trabalhadores que estavam nas lojas do Centro também relataram que baratas apareceram por conta da chuva.
O médico infectologista Rodrigo Daniel explica a razão do aumento das transmissões de doenças no período de chuvas intensas. “O alagamento de galerias de esgoto, faz com que os animais busquem refúgio em outros locais. Isso aumenta o risco de exposição a esses animais, assim, como aumenta a possibilidade de extravasamento da água contaminada com a urina de ratos. Se houver contato prolongado dessa água com a pele íntegra de uma pessoa ou com mucosas, há risco de desenvolvimento de leptospirose”, afirma.
Cuidados em períodos de alagamentos
O infectologista esclarece que a forma de prevenção a doenças como a leptospirose, a hantavirose, a doença da mordida do rato; e a raiva variam de acordo com a forma em que elas são transmitidas. Em geral, recomenda-se que o indivíduo que está em um local alagado preste muita atenção por onde pisa, até para evitar se machucar em uma material enferrujado e correr o risco de contrair tétano também. “Evitar ao máximo ter o contato direto com a água, a fim de se precaver contra a leptospirose. Mas, se for necessário esse contato, é indicado proteger a pele com luvas, botas e até sacolas. Caso ocorra o contato com a água, é preciso lavar com água tratada a área exposta o mais rápido possível”, ressalta.
Mesmo dentro de casa, ainda é interessante tomar algumas precauções, já que, com a inundação, os animais saem de seus locais procurando abrigo. É necessário avaliar calçados e iluminar locais onde vai explorar com as mãos para reduzir o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e até cobras. Os alimentos que entraram em contato com a água de enchentes devem ser descartados, evitando bactérias.
Aos primeiros sintomas, médico de ser procurado
De acordo com Rodrigo Daniel, a pessoa que estiver se sentindo mal após ter entrado em contato com a água possivelmente contaminada, deve prestar atenção nos principais sintomas. “Após exposição a enchentes, para as doenças transmitidas por ratos, os sintomas principais são febre, dor de cabeça e no corpo. Se apresentar um ou mais desses sintomas, deve-se procurar atendimento médico e lembrar de informar ao profissional sobre o contato com água de enchente”, explica.
No estado de Santa Catarina, no município de Urubici, um menino, de 11 anos, morreu após ter sido mordido por um rato silvestre e contraído hantavirose. Segundo a Vigilância Epidemiológica de Urubici, existem 18 casos suspeitos da doença que é contraída por mordidas ou inalação aerossol de excrementos dos ratos. O infectologista tranquiliza a população de Juiz de Fora e diz que não há motivo para pânico, já que a hantavirose e a leptospirose são de ampla distribuição geográfica, mas alguns casos tendem a ser pontuais e esporádicos, como em Urubici, geralmente relacionados a atividades laborativas.