Em notícia-crime contra Bolsonaro, senadores querem explicações em 48h
Parlamentares pedem ao STF investigação das suspeitas de irregularidades relatadas na compra da vacina indiana Covaxin
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e mais dois senadores protocolaram, nesta segunda (28), no Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro. Eles querem uma apuração sobre o suposto crime de prevaricação por Bolsonaro, que teria sido cometido, segundo os senadores, quando o presidente não determinou uma investigação das suspeitas de irregularidades relatadas na compra da vacina indiana Covaxin.
Na peça, os senadores pedem que a notícia-crime seja admitida pelo STF, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) intimada para oferecer denúncia contra Bolsonaro. Eles também querem que o STF intime o presidente para responder, em 48 horas, se foi comunicado das denúncias feitas pelos irmãos Miranda, se chegou a apontar o líder do governo na Câmara e deputado, Ricardo Barros (PP-PR), como provável responsável, e também se em algum momento adotou medidas para investigação das suspeitas.
Além disso, os senadores pedem que a Polícia Federal tenha 48 horas para dizer se houve abertura de inquérito no caso. Além de Randolfe, assinam o documento os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO). O STF é responsável por julgar o chefe do Executivo federal em caso de crime comum, mas, nesse caso, precisa de autorização da Câmara dos Deputados.
A representação foi motivada pelos depoimentos prestados à CPI da Covid na última sexta-feira, 25, pelos irmãos Miranda. À comissão, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) disse que, durante uma reunião com Bolsonaro no dia 20 de março, no Palácio da Alvorada, o presidente citou Ricardo Barros como o parlamentar que queria fazer “rolo” no Ministério da Saúde com a Covaxin.
Miranda e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor de carreira da pasta, confirmaram à CPI ter avisado Bolsonaro sobre suspeitas de corrupção na compra da vacina indiana. Barros nega envolvimento no caso. Ontem, Bolsonaro afirmou que desconhecia os detalhes sobre o contrato de compra da vacina e negou irregularidades no negócio.