Bolsa fecha em queda de 4,87%, com ‘risco Bolsonaro’
Após troca na presidência da Petrobras, papéis da empresa caíram mais de 20%
O Ibovespa teve variação de 6,7 mil pontos entre mínima e máxima desta segunda-feira (22), algo não visto desde o pior momento da pandemia, em março, quando os ativos globais se preparavam para uma espécie de fim do mundo, e também no fim de abril, momento em que a ruidosa saída de Sergio Moro do governo trouxe volatilidade. No Brasil, a consumação da interferência no comando da Petrobras na sexta à noite e a promessa feita no fim de semana pelo presidente Bolsonaro, de que “tem mais por vir” e de que pode “meter o dedo” no setor elétrico, colocaram os ativos do país em espiral negativa desde a abertura, com dólar a R$ 5,53 na máxima do dia e perdas superiores a 20% para as ações ON e PN da Petrobras nesta segunda-feira.
Ao fim, o Ibovespa mostrava queda de 4,87%, aos 112.667,70 pontos, no menor nível desde 3 de dezembro. Em porcentual, a queda desta segunda-feira superou a de 28 de outubro (-4,25%), quando se esboçava a segunda onda de lockdown na Europa, e foi a pior desde 24 de abril (-5,45%) de 2020, dia em que o então ministro Sergio Moro deixou o cargo.
A decisão do governo de trocar o comando da Petrobras após os reajustes nos preços dos combustíveis tem viés negativo na análise de risco de crédito da estatal, segundo a Moody’s, enquanto, para a S&P, a interferência pode afetar a lucratividade e o fluxo de caixa da empresa. Nesta segunda-feira, casas como XP, Bradesco BBI e Credit Suisse reduziram o preço-alvo e cortaram a recomendação para as ações da petrolífera – por sua vez, o JPMorgan rebaixou a recomendação para os bonds da empresa.
O silêncio do ministro Paulo Guedes sobre a demissão sumária de Roberto Castello Branco, um liberal pós-graduado em Chicago indicado pelo próprio Guedes, também não passou despercebido. “Este tipo de interferência, populista de direita, é um déjà vu da política populista de esquerda adotada pelo governo da ex-presidente”, afirmou um analista de mercado. “A pergunta que se faz é como o ministro da Economia irá se posicionar diante da gravidade da decisão do Executivo.