Câncer de próstata: início assintomático torna a doença ainda mais perigosa
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, atrás apenas do de pele, segundo o INCA
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, atrás apenas do de pele, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Uma característica presente na doença, que a torna ainda mais perigosa, é o fato de o tumor se originar de forma assintomática, o que pode retardar o diagnóstico caso não haja um acompanhamento regular e adequado, conforme explica o urologista Pedro Bastos.
“Quando o tumor de próstata chega a dar algum sintoma, seja dor óssea, perda de peso, quadro de sangramento na urina, obstrução urinária, já é uma situação onde provavelmente esse tumor já está em estágio mais avançado”, explica.
Entretanto, quando o câncer de próstata é descoberto na fase inicial, a chance de cura é superior a 90%. Esse foi o caso de três pacientes que se curaram: Carlos Augusto Ferraz, de 64 anos, Ismael Evangelista, 67, e Alexandre Athouguia Cardoso, 48. “Esses três pacientes mostram a realidade da importância do exame de próstata. Estavam completamente assintomáticos, mas fizeram o rastreio do câncer de próstata e identificamos a alteração, seja no PSA, seja no exame de toque”, reforça o oncologista.
Acompanhamento é primordial
Carlos Augusto, atualmente com 64 anos, vai, anualmente desde os 50 anos, ao urologista. Seus exames nunca apresentaram nada de anormal — inclusive o de PSA, sigla em inglês para antígeno prostático específico. Até que, neste ano, foi descoberta uma alteração durante o exame de toque. A partir disso, foram realizados outros exames complementares que constataram o câncer de próstata. “Eu fiquei muito chateado, muito frustrado, porque eu sou uma pessoa que cuida da saúde. Eu faço meu check-up anual com vários especialistas, cardiologista, gastro, oftalmologia, urologista”, relata.
Apesar do baque inicial causado pelo diagnóstico, Carlos Augusto afirma que, dias depois, agradeceu a Deus por descobrir a tempo, só possível graças a seu hábito de ir a especialistas para cuidar da saúde. O seu tumor era considerado agressivo, o que poderia ser fatal em caso de tratamento tardio.
A opção de Carlos Augusto foi pela cirurgia robótica, menos invasiva, para retirada da próstata. O procedimento foi realizado, com sucesso, em agosto. Com isso, o tratamento através de quimioterapia ou radioterapia não se fez necessário. “Tenho que fazer o exame de PSA de três em três meses. Faço esse acompanhamento para saber se ficou algum resquício. Em fevereiro vou fazer novamente e espero que permaneça em um nível bom, como está atualmente”, diz.
Carlos Augusto reforça a importância do acompanhamento anual e do exame de toque, já que, sem ele, não teria descoberto o câncer de próstata. “O PSA não é um exame suficiente para você avaliar. Claro que existem outros sintomas, como levantar muito à noite para urinar, alguma dor, mas eu não tinha nada disso. Se não fosse o exame de toque, não teria sido constatado nada”, reforça.
“Fui incentivado pela minha família”
Assim como Carlos Augusto, Ismael também descobriu o câncer através de exames de rotina. Em uma das suas consultas anuais, foi constatado que o índice de seu exame de PSA estava alto. Depois, foi realizada uma ressonância e o exame de toque, que confirmaram a presença de um tumor. “Na hora que ele falou pra mim, eu fiquei muito assustado. Achei que seria o final de tudo, mas o Dr. Pedro conversou comigo e foi muito tranquilo, me acalmou”, relembra.
Após o diagnóstico, foram oferecidas a Ismael a cirurgia tradicional e a robótica. Inicialmente, se mostrou relutante por estar assintomático, mas foi convencido por sua esposa e por sua filha, e optou pelo procedimento tradicional. “Vale muito a pena a gente fazer o tratamento e não ter medo, porque quando a gente tem coragem e tem Deus, Ele abençoa os médicos e também a nossa vida. Eu fui abençoado, e hoje estou me sentindo muito bem”, aconselha.
A cirurgia de Ismael também foi um sucesso, dispensando o tratamento com quimioterapia ou radioterapia. Atualmente, ele realiza acompanhamento trimestral do exame de PSA. “Eu sou tão agradecido a Deus. Eu estou muito feliz, porque eu esperava uma coisa e veio outra. Minha esposa falou para mim que é momento só de agradecer, porque vejo que muitas pessoas que não tiveram a oportunidade de descobrir cedo. Eu tive”, celebra.

“Segunda chance de vida”

O caso de Alexandre é diferente dos demais. Com 48 anos, ele não tinha o hábito de ir, anualmente, a um urologista. Por isso, sua namorada insistiu para que ele procurasse um médico e fizesse o exame de PSA e de toque, o que acendeu o alerta. “O meu PSA estava alto, então fui atrás do urologista, que me indicou uma ressonância. Por incrível que pareça, não acusou nada na ressonância. Então, passei a tomar um antibiótico, só que, ao invés de abaixar, o PSA aumentou. Diante disso, o Dr. Pedro Bastos me pediu para fazer uma biópsia. Eu fiz e com ela fui diagnosticado com câncer de próstata em fase inicial”, descreve.
“Foi a pior sensação que eu já tive na minha vida, porque, apesar do apoio que o Dr. Pedro Bastos me deu, dizendo que, por eu ser novo, por ter sido no início, que teria mais chance de cura só na cirurgia, a gente fica sem chão, por conta das notícias a respeito de câncer serem as piores.”
Alexandre optou pela cirurgia tradicional, que foi realizada com sucesso. Atualmente, faz o acompanhamento do exame do PSA, o que só foi possível graças ao diagnóstico precoce. “Se não fosse o exame de PSA que fiz no ano passado, com certeza o meu câncer de próstata ia estar avançado, o que poderia não saber, já que não tive sintomas”, garante.
Ele entende que possui a responsabilidade de conscientizar outros homens com relação ao cuidado com a próstata. “Mesmo sem histórico familiar, com a idade que eu tenho, eu tive o câncer de próstata. Então, o mais correto para você saber se tem ou não é fazer um exame”, aconselha.
Atualmente, Alexandre agradece por ter sido curado e afirma ter mudado alguns de seus hábitos por conta do diagnóstico. “Eu era fumante, hoje eu sou um ex-fumante. Agora é só alegria, porque, graças a Deus, graças a minha namorada também, descobri esse câncer na fase inicial”, diz.
Rastreio é fundamental para diagnóstico
O urologista Pedro Barros acompanhou o tratamento de Carlos Augusto, Ismael e Alexandre, e de inúmeros outros pacientes. Quando o diagnóstico é feito de forma precoce, as chances de se ter uma vida normal após o tratamento são altas, por isso o médico reforça a importância de se fazer o rastreio da doença.
“Como é uma doença assintomática, na maioria dos casos, o paciente, às vezes, tem uma falsa segurança. Mas esse protocolo é feito para ser respeitado anualmente, porque um paciente que fez um exame de próstata, foi rastreado, dificilmente terá um tumor localmente avançado. A metástase pode ocorrer, mas é muito fora da curva, muito fora do padrão.”, explica o urologista.
O homem assintomático que não se enquadra em fatores de risco deve iniciar o rastreio a partir dos 50 anos. Todavia, homens negros ou que possuem algum parente de primeiro grau com histórico de câncer de próstata deverão iniciar o controle a partir dos 45 anos.
Cuidado vale para mulheres trans
O trabalho de prevenção do câncer de próstata também deverá ser feito por mulheres trans, conforme explica Bastos. “A próstata é mantida na cirurgia de redesignação sexual. A cirurgia cria a neovagina e reposiciona estruturas, mas a glândula continua lá. Então, ela tem que fazer o rastreio normalmente. O PSA após 50 anos, ou mais cedo, se houver fatores de risco, e toque retal”, orienta o urologista.
Resumo desta notícia gerado por IA
- O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens e costuma surgir sem sintomas, o que torna o rastreio essencial.
- Três pacientes sem sinais da doença descobriram o câncer de próstata em fase inicial por meio do PSA e do exame de toque.
- O diagnóstico precoce garante chance de cura superior a 90% e, em muitos casos, permite tratamento apenas com cirurgia.
- Homens a partir de 50 anos, grupos de risco a partir de 45 e mulheres trans devem manter rastreio periódico com urologista.
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