Estudo revela benefícios cerebrais de dietas vegetarianas com planejamento
Pesquisa publicada na revista Nutrients identifica mecanismos de proteção neurológica em alimentação baseada em vegetais, mas alerta para necessidade de atenção a nutrientes específicos

Pesquisadores espanhóis e colombianos identificaram mecanismos de proteção neurológica em dietas baseadas em vegetais, conforme publicação na revista científica Nutrients nesta quarta-feira (28). O estudo destaca a necessidade de atenção a nutrientes específicos para garantir os benefícios cerebrais.
“O estudo aponta vantagens e desvantagens das dietas veganas e vegetarianas em relação à saúde neurológica e destaca a necessidade de um planejamento adequado, que pode incluir a suplementação, para evitar deficiências nutricionais”, explica a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A pesquisa identificou que compostos antioxidantes presentes nos vegetais protegem o cérebro. Carotenoides encontrados em cenoura, abóbora e rúcula, junto com polifenóis do brócolis, uva e laranja, neutralizam radicais livres que podem acelerar processos neurodegenerativos e aumentar riscos de doenças como Alzheimer.
Vitaminas e minerais de feijões e castanhas também contribuem para essa proteção. Cardápios ricos em verduras, legumes, frutas, grãos e sementes auxiliam no combate a processos inflamatórios que podem danificar estruturas cerebrais.
O alto teor de fibras dessas dietas influencia positivamente a microbiota intestinal, favorecendo a produção de neurotransmissores essenciais para a comunicação entre células nervosas, segundo a EPA.
Pesquisas recentes na Nature Communications mostram que o aumento no consumo de proteínas vegetais, especialmente leguminosas como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico, contribui para a longevidade. A redução de alimentos de origem animal também beneficia a saúde cardiovascular.
“A educação nutricional e o monitoramento contínuo da saúde são fundamentais para maximizar os benefícios de dietas veganas e vegetarianas e minimizar os riscos de deficiências”, afirma a nutricionista do Einstein.
As dietas sem carne têm ganhado popularidade por questões de saúde e preocupações ambientais, como a redução na emissão de gases de efeito estufa. Elas variam entre veganos, que excluem todos os produtos animais; vegetarianos, que evitam carne vermelha mas podem consumir ovos e laticínios; e flexitarianos, que reduzem o consumo animal sem eliminá-lo completamente.
A vitamina B12, crucial para os neurotransmissores, requer atenção especial. Sua deficiência pode comprometer cognição e humor. “Os vegetarianos que consomem laticínios e ovos, geralmente, conseguem alcançar as recomendações”, explica a nutricionista. Para veganos, a suplementação é quase sempre necessária.
“A suplementação deve ser individualizada, considerando o estilo de vida de cada pessoa”, complementa a especialista. O ômega-3, particularmente os ácidos EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico), também merece atenção. “Tanto DHA quanto EPA são cruciais para manter a fluidez das membranas neuronais”, destaca a nutricionista.
Essas gorduras são encontradas em peixes como salmão e sardinha. Fontes vegetais como linhaça e chia oferecem a variante ALA, precursora do EPA e DHA, mas “as taxas de conversão tendem a ser baixas”, alerta a profissional do Einstein.
O ferro é outro nutriente importante em dietas sem carne. Sua deficiência pode causar anemia. Vegetais como feijões e folhas verde-escuras contêm ferro não-heme, com menor biodisponibilidade que as fontes animais. A combinação desses alimentos com fontes de vitamina C melhora a absorção do mineral.