Informação: ferramenta para acabar com o preconceito
PUBLIEDITORIAL
Coluna de Respeito
A informação leva ao conhecimento, que, por sua vez, é a única ferramenta capaz de eliminar o preconceito. Para a comunidade LGBT, esse sempre foi o maior desafio, principalmente agora, diante dos rumos que a sociedade está tomando – que tem a deixado cada vez mais conservadora -, ampliar essas discussões é urgente. Juiz de Fora sempre foi protagonista em muitos setores, como por exemplo, na criação de um evento que deu visibilidade nacional e internacional à cultura transformista. Em 1976, em plena Ditadura Militar, Chiquinho Mota idealizou o que conhecemos hoje como o Miss Brasil Gay, alçado ao posto de patrimônio imaterial em 2007. Com muita luta, resistência e amor, ele construiu um legado que segue nos inspirando e nos dando ainda mais força para seguir em frente. E para que tudo isso se mantenha vivo, criamos este espaço na Tribuna de Minas para tratar de assuntos relevantes ao tema e promover um debate sadio e esclarecedor. Até a data do concurso, marcado para o dia 17 de agosto, teremos um encontro marcado com os leitores.
Neste primeiro momento, ressalto que o protagonismo de Juiz de Fora esbarrou novamente no público LGBT quando ela se tornou a primeira cidade do país a instituir a chamada Lei Rosa (Nº 9.791/2000), que combate práticas discriminatórias contra qualquer cidadão homossexual, bissexual ou transgênero em âmbito municipal. Mesmo diante deste avanço, ainda temos dificuldades em preservar nossos direitos como qualquer outro cidadão. E, para nos equipararmos aos direitos humanos universais, existe a necessidade de buscar o judiciário ou uma via que não é uma regulamentação de lei para nos sentirmos protegidos. Por isso temos como missão mostrar o quanto esse tipo de reflexão é necessária.
No último dia 13, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu criminalizar a homofobia como forma de racismo. Ao finalizar o julgamento da questão, a Corte declarou a omissão do Congresso em aprovar a matéria e determinou que casos de agressões contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) sejam enquadrados como o crime de racismo até que uma norma específica seja aprovada pelo Congresso Nacional.
Promover o diálogo, a afirmação de políticas públicas e a conscientização da população também são objetivos do Miss Brasil Gay, principalmente quando somado à Semana Rainbow da UFJF e ao Rainbow Fest do Movimento Gay de Minas (MGM). Juntos, esses eventos são transformadores para a comunidade LGBT e para o público de modo geral, pois se comportam como um movimento de empoderamento pessoal, de resistência e de responsabilidade, tanto social quanto cultural. Essas discussões também estarão presentes neste espaço, mediadas por pesquisadores e especialistas ligados à nossa comunidade.
Não podemos deixar de mencionar que o Miss Brasil Gay movimenta outros setores importantes para a economia da cidade: turismo, comércio e serviços. Para se ter uma ideia, em 2006, quando vivíamos o auge da economia e da militância, segundo dados da UFJF, registramos a ocupação de 100% da capacidade hoteleira e ainda reunimos mais de 120 mil pessoas na Parada Gay. Em quatro dias de evento, foram movimentados cerca de R$ 7 milhões. Já em 2018, o montante bateu a casa dos R$ 4 milhões, o que demonstra que temos que retomar a esse patamar. Na posição de organizador do Miss Brasil Gay e desta nova gestão, que traz outras estratégias de marketing, temos como foco fazer com que Juiz de Fora volte a ser um polo de destino LGBT, atraindo o “pink money” e fazendo a roda da economia girar, pois este público investe, e investe bem alto.