Brechó e consumo consciente: uma mistura que dá certo

PUBLIEDITORIAL

Idealizadora do Rata de Brechó, a empresária Aline Azevedo revela projetos para conscientizar mulheres sobre moda sustentável


Por Rata de Brechó

23/03/2019 às 17h00

rata de brecho2
“A roupa tem que trazer felicidade, conforto e praticidade”, defende Aline Azevedo, idealizadora do Rata de Brechó (Fotos: Leonardo Costa)

logo rata de brechóA cultura do brechó vai muito além de comprar uma roupa boa e barata. Esbarra num conceito muito atual e urgente: a sustentabilidade. Ao adquirir uma roupa usada, além de prolongar a vida útil da peça, é possível economizar dinheiro e ainda reduzir a demanda de produção nas fábricas, diminuindo gastos com energia e água e na emissão de produtos químicos poluentes. Despertar as pessoas para um consumo mais consciente, em especial as mulheres, é a grande luta da empresária Aline Azevedo, 38 anos, idealizadora do Rata de Brechó, que oferta boas opções para renovar o armário e praticar o desapego.

Mais do que vender peças usadas, o que mais motiva Aline é mostrar que esse pequeno gesto pode ser importante para o futuro do planeta. “O brechó vende roupa mais barata, mas o conceito não deve ser apenas esse, principalmente nesse momento em que vivemos nos preocupando com o senso ecológico, a sustentabilidade e os produtos orgânicos. Precisamos saber a procedência não apenas dos nossos alimentos, mas também das roupas, em como elas são produzidas, qual tipo de mão de obra é usada e dar sempre preferência aos produtores locais”, afirma a empresária, que gerencia o negócio há quase seis anos.

rata3

O Rata de Brechó surgiu na sala de seu apartamento como uma alternativa para trabalhar em casa em um ritmo mais leve. Ela começou pegando peças de amigas e vendendo pelas redes sociais. Em pouco tempo o brechó foi crescendo e hoje funciona em uma casa, nos cômodos da frente. Nos fundos é onde Aline mora na companhia do filho, João de 14 anos, e três gatos. Ela destaca que a forma como ela apresenta os produtos na internet é o que chama a atenção das pessoas. “Sou uma pessoa muito detalhista e procuro deixar as peças ‘instagramáveis’, como se diz atualmente, o que deixa as pessoas interessadas”, conta.

Outro ponto positivo que ela observa em relação aos brechós é a afinidade que as pessoas estão tendo por este ambiente. “Percebo que as pessoas estão assumindo mais que vão a brechós, antes era algo vergonhoso. Embora meu público seja de mulheres com mais de 30 anos, noto que muitos jovens chegam aqui preocupados com o futuro. Isso é bom, pois estão levando para sua casa o conceito de reutilização, de sustentabilidade. Por conta desse movimento, vender roupa não estava mais me bastando. Aqui no Rata quero oferecer uma consultoria em consumo consciente, mostrando às mulheres como economizar comprando menos, o que é diferente de comprar barato, e a importância de se reutilizar tudo. A roupa tem que trazer felicidade, conforto e praticidade, não escravidão e pânico, aquela necessidade de troca que a moda nos causa sem a gente perceber.”

Aline ainda pretende, em breve, lançar um ecoponto de coleta de material têxtil, voltado não só para confecções da cidade e região, como também dar a destinação correta a tecidos que não servem nem para doação, como meias, panos de prato e de chão. “Se a gente se preocupa em descartar corretamente garrafa pet, pilhas, baterias, óleo, é preciso pensar nesse material também.”

Chave para a criatividade

rata 1

O contato com este universo surgiu ainda na infância. Mesmo sendo filha única, seus pais não tinham condições de dar a ela tudo o que queria, por isso, cada roupa e sapato que ganhava eram usados até o final. À medida em que foi crescendo, seu guarda-roupa foi montado com roupas que recebia de familiares. “Nunca tive preconceito em vestir roupas já usadas. Meu perfil sempre foi criativo, cada peça que eu ganhava eu pensava em como transformá-la e usá-la por mais tempo. Era também uma forma dos meus pais não gastarem tanto dinheiro”, revela.

Já adulta, começou a trabalhar no comércio, em uma loja de roupa. A experiência, para ela, foi cheia de altos e baixos. “Como não cresci com esse apelo de consumo, a necessidade que as pessoas tinham em estar sempre comprando me incomodava bastante, mas, ao mesmo tempo, eu queria ter acesso a esse mundo também. Inclusive, me endividei por causa de roupa. Quando me casei e engravidei, acabei ficando por conta de casa. Não queria pedir dinheiro ao meu marido para comprar roupas. Foi aí que entrei no meu primeiro brechó. Adorei a ideia e comecei a levar roupas que não usava mais para vender e, com esse dinheiro, eu comprava novas roupas. Para mim, roupa é roupa, não importa se ela é nova ou usada.”

Roupa que chega, roupa que sai

O acervo do Rata de Brechó, que atualmente soma cerca de três mil peças, é construído de duas formas: garimpos feitos por Aline em bazares e brechós do país e no exterior, e por meio dos próprios clientes, que trazem suas peças tanto para compra quanto para consignação. Atualmente, o Rata conta com mais de 50 fornecedores. Depois de chegarem ao brechó, todas as peças passam por uma triagem. “É sempre uma expectativa saber quais surpresas vão chegar. Cada saco de roupa reserva uma surpresa. Eu gosto de escolher peças que atendem aos gostos e estilos dos clientes. Sempre procuro dar prioridade a peças duráveis e de qualidade, de forma a prolongar o seu uso. Inclusive, quando uma peça por consignação não teve saída, sempre ofereço ao fornecedor a opção de encaminhar para a doação. Ele concordando, repasso a instituições da cidade”, ressalta.

Todas as peças são higienizadas e fotografadas para a divulgação pelas redes sociais, como Facebook e Instagram. Boa parte das vendas acontece de forma virtual, com auxílio do Whatsapp (32) 98813-5046. Quem deseja conferir as peças pessoalmente, o Rata de Brechó fica aberto ao público de segunda a quinta-feira, das 16h30 às 19h30. Fora deste horário, só com agendamento feito também pelo aplicativo de mensagens.

O brechó fica na Rua Padre Anchieta, 158, São Mateus. O Rata também participa semanalmente da feira que acontece às quintas e sextas na esquina das ruas Halfeld com Batista de Oliveira.

conteudo anunciante3

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.