Outubro Rosa: oncologista da Santa Casa orienta sobre prevenção ao câncer de mama
PUBLIEDITORIAL
Além de nova terapia, Rhaissa Dutra também fala sobre fatores de risco, formas de detecção e possibilidade da doença em homens
A médica oncologista da Santa Casa de Juiz de Fora e do Plasc, Dra. Rhaissa Dutra, deu entrevista à Rádio Transamérica na última terça-feira (14), sob a temática do Outubro Rosa, campanha mundial de conscientização sobre o câncer de mama.
Ela conta que o Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, chegou ao Brasil por volta de 2002, e vem expandindo em todo o país a prevenção e a detecção precoce dos tumores da mama, ao longo dos anos. Aponta ainda como as mulheres se unem nesse período, fazem eventos, e uma vai, cada vez mais, ajudando a outra. Além disso, a médica lembra que a campanha pode marcar a data como referência para os exames, que precisam ser anuais.
Como detectar?
“A mamografia é um exame como se fosse um Raio-X das mamas. Ela consegue detectar tumores bem pequenos e é muito importante para o diagnóstico precoce. É indicada para as mulheres a partir de 40 anos de idade e não tem uma data para parar de fazer. É um exame muito simples e tranquilo de ser feito, às vezes pode ter alguma dor, mas é muito importante que se enfrente esse momento, uma vez só por ano”, frisa a oncologista.
No Outubro Rosa, além da mamografia, ela conta que os profissionais de saúde também orientam o autoexame das mamas e o conhecimento do próprio corpo: “É se tocar, avaliar se tem algum nódulo, um tumor diferente, notar qualquer alteração que possa ter acontecido na mama, de um, dois meses, para cá”.
Entre as alterações possíveis que devem motivar a busca por ajuda, ela lista mudanças na pele e coloração da mama, se assemelhando a uma casca de laranja; mamilo invertido; saída de secreção do mamilo, que pode ser um líquido mais claro ou, às vezes, mais escuro; e o surgimento de pequenas ínguas, embaixo da axila ou no pescoço.
Diagnóstico precoce
Com o diagnóstico precoce, motivado também pela campanha, há uma diminuição da mortalidade, em decorrência da doença, muito importante, de acordo com a entrevistada. Não só, como também uma redução na exposição a efeitos e terapias mais agressivas.
“A gente consegue, também, fornecer para a mulher cirurgias mais conservadoras da mama, muitas vezes não é necessária mais a retirada completa, que causa aquela angústia na mulher. E nem todo câncer de mama diagnosticado vai ser necessário, obrigatoriamente, fazer uma quimioterapia, por exemplo, que também leva a esse medo”.
Ela explica que existem terapias hormonais, que controlam a doença, e que, “hoje em dia, existem também algumas terapias-alvo. que são específicas para os genes do tumor da mama”. “Então, a gente consegue fazer um painel genético da mulher. Todo tumor de mama é diferente de outro, então uma mulher nunca vai ter um tumor igual a outra mulher. Não dá para comparar também terapias, com aquela pessoa conhecida que teve a doença”.
Fatores de risco
“O câncer de mama é mais frequente na mulher a partir de 50 anos de idade”, explica Rhaissa. “Nada impede, também, que tenha mulheres jovens com a doença. Hoje em dia, a gente vem vendo o aumento dessa prevalência. Mulheres que têm um histórico familiar positivo – principalmente mães, tias e irmãs –, mulheres que têm sobrepeso, praticam pouca atividade física, tem uma alimentação desbalanceada também têm um aumento desse fator”. Como fatores genéticos, ela destaca mutações dos genes BRCA 1 e 2, e exemplifica com o caso da atriz estadunidense Angelina Jolie, em 2013.
Os parentes de primeiro grau que demonstram um fator de risco podem ser, inclusive, homens. Esses casos são raros, menos de 1%, segundo a doutora, mas podem ser até mais graves. No caso deles, não é necessária a mamografia de rotina: “Ele só vai ter que fazer exames caso perceba alguma alteração na mama. Diante de algum nódulo ou qualquer coisa diferente, tem que procurar ajuda também, com mastologista, e realizar exames de prevenção”.
Gravidezes mais tardias
Questionada sobre uma possível relação entre gravidezes mais tardias e o aumento no número de mulheres mais jovens diagnosticadas com a doença, a médica confirma que é possível, sim, pensar no quadro. Isso porque existe um aumento do risco do câncer de mama com uma maior exposição a hormônios. “Quando fica menstruada muito cedo – menos de 12 anos –, e para de ficar menstruada (a menopausa), mais velha, tem uma maior exposição a essa faixa hormonal. Quando a gente faz amamentação, engravida, diminui um pouco dessas taxas. Isso explica porque é um fator protetor”.
Além dos hormônios intrínsecos à mulher, como estrogênio e progesterona, Rhaissa também cita que eles podem ser consumidos no ambiente externo, através de medicações e terapias de reposição hormonal, elevando um pouco o risco.