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Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/Auto Press

29/11/2012 às 16h32

Subcompacto chega ao país por R$ 30.960

Subcompacto chega ao país por R$ 30.960

A JAC Motors não está para brincadeiras. Capitaneada no Brasil pelo Grupo SHC, do empresário Sérgio Habib, a marca chinesa sofreu esse ano com as sanções tributárias impostas às importadoras de automóveis pelo InovarAuto. Decretado em agosto para estimular a indústria automotiva nacional, o programa governamental sobretaxa em mais 30% de IPI as importações além dos 4.800 veículos anuais para as marcas que não produzem em território brasileiro. Mas como a JAC já iniciou as obras de terraplanagem de sua futura fábrica em Camaçari, na Bahia – com inauguração prevista para novembro de 2014 e capacidade para produzir cem mil carros por ano -, a condição de futuro fabricante de automóveis "made in Brazil" dará à marca o direito de trazer, já a partir de 2013, mais 20 mil carros sem alíquotas extras, além dos 4.800 autorizados sem sobretaxação de IPI. Por conta disso, os chineses vão ampliando sua linha, composta pelas versões hatch e sedã do compacto J3, pelo sedã médio J5 e pelo monovolume J6. E aproveitaram o evento de lançamento da pedra fundamental da unidade industrial baiana para apresentar o J2.

Importado da China, como todos os JAC Motors atualmente vendidos no país, o novo subcompacto desembarca no Brasil por R$ 30.960 – R$ 6 mil a menos que o J3, até então o modelo mais barato da marca. É um carrinho simpático, de aspecto moderno – um estilo que poderia ser definido como "oriental contemporâneo". O design frontal do J2 exportado para o Brasil é diferente do vendido no mercado chinês e foi elaborado pelo Centro de Design da JAC Motors em Turim, na Itália. A grade do radiador – que lembra uma versão arredondada do "sorriso do tigre", criado pelo designer Peter Schreyer para os carros da Kia – foi ampliada para melhorar o arrefecimento, já que no J2 que roda na China, o motor demanda menos oxigenação, pois é 1.0. Ao lado dela estão os faróis do design original, em formato de gota. As rodas de alumínio são aro 14, com pneus 175/60. Na traseira, o destaque é o conjunto ótico assimétrico e de cantos arredondados. É bojudo na parte inferior e tem uma projeção mais estreita que sobe pelas colunas traseiras. Dentro da "febre de personalização" dos modelos destinados aos jovens, as concessionárias oferecerão para o J2 diversos tipos de faixas, bolinhas e outras estampas para a carroceria.

Por dentro, as cores vistosas ao gosto do consumidor chinês deram lugar a tons cinzentos, bem mais sóbrios. Predominam as formas arredondadas nas saídas de ar e na moldura do som. Também são circulares os três mostradores atrás do volante: um enorme – o velocímetro -, ladeado por dois bem pequenos – o conta-giros e o medidor de nível de combustível. Um plástico duro e quadriculado, que imita fibra de carbono, reveste a moldura redonda do rádio/CD player e ar condicionado, as bordas do cluster, a parte superior do porta-luvas e os puxadores das portas. O que dá ao interior um ar jovial.

Além das aparências, o J2 oferece bom nível de equipamentos, uma interessante relação peso/potência proporcionada por seu motor 1.4 16V VVT a gasolina de 108cv – são 8,47kg/cv, contra 9,41kg/cv do J3 hatch – e os seis anos de garantia oferecidos a todos os modelos da marca no Brasil.

Num segmento onde a concorrência no país é formada por modelos datados como Chery QQ e Ford Ka – esse já com nova geração prevista para 2013 -, tais atributos podem fazer diferença. Os outros subcompactos disponíveis no mercado brasileiro – Fiat Cinquecento, Kia Picanto e Smart Fortwo – estão em uma faixa de preços bem mais elevada, que os deixa totalmente fora dessa briga. Mas, com preços próximos aos R$ 30 mil, o J2 vai encontrar adversários um pouco maiores – os compactos de entrada. Carros como Fiat Uno, Volkswagen Gol, Ford Fiesta, Chevrolet Celta, Renault Clio, Nissan March e ainda o Toyota Etios e outros que, em breve, estarão na mira dos JAC Motors baianos. Bem explorada pelo marketing, uma característica comum aos modelos da JAC no Brasil é o fato de virem bem equipados de série, sem oferta de opcionais. O J2 honra as tradições e já chega em versão única, com um pacote de equipamentos bem similar ao do J3. Vem com ar-condicionado, direção eletricamente assistida, vidros, trava central e retrovisores com acionamento elétrico, freios com ABS e EBD, air bag duplo, CD player com MP3, rodas de liga leve aro 14, faróis de neblina e sensor de estacionamento traseiro. Tudo para reforçar a boa relação custo/benefício – algo que os executivos da JAC Motors nunca se esquecem de valorizar.¶

 

 

Em diversos aspectos, J2 se posiciona bem adiante em relação ao J3

Nas estradas baianas, o J2 mostrou que acelera bem – segundo a JAC Motors, faz de zero a 100km/h em 9,8 segundos. O motor 1.4 – de exatos 1.332cm3 – oferece seu torque máximo de 14,1kgfm em elevados 4.500 giros e mostra vigor. No final de 2013, deverá ganhar uma versão flex. Mas o câmbio compromete a eficiência do conjunto. Os engates não são precisos e ainda ficam distantes demais uns dos outros, exigindo movimentos amplos. Além disso, o curso do câmbio é longo, o que inibe o aproveitamento do potencial do propulsor. Já o curso do pedal de embreagem é curto demais. Antes de se acostumar, é normal o motorista deixar o carro morrer algumas vezes.

Superada a fase das retomadas, pisadas na embreagem e trocas de marchas, é possível sustentar velocidades de cruzeiro de 95km/h em apenas 2.500giros, sem forçar o motor. Pisando um pouco mais, pode-se chegar aos 140km/h com tranquilidade – a JAC garante que o J2 atinge os 187km/h. Deu para notar que a altura relativamente elevada em relação à pequena largura, combinadas ao baixo peso, tornam o modelo um tanto sensível aos ventos laterais. Por isso, em velocidades elevadas, é necessário fazer correções de rota para manter o rumo. Essa proporção entre largura, altura e peso também explica a ligeira rolagem nas curvas.

Molas e amortecedores recebem maior rigidez, para melhor se adequarem às vias brasileiras. O sistema de direção para o Brasil conta com assistência elétrica e é bastante suave – um detalhe que melhora a percepção de qualidade do consumidor. O isolamento acústico também foi aperfeiçoado em relação ao modelo destinado à China, mas não é nada excepcional.

Em diversos aspectos, o J2 se posiciona bem adiante na "linha do tempo" em relação ao J3. O estilo interno é inegavelmente mais atual e inspirado. Os plásticos duros ainda predominam, mas aparentam mais qualidade. A parte superior do tablier, embora ainda não seja fosca como deveria ser, é menos reluzente que a do J3. O padrão de acabamento também apresenta evolução, embora existam eventuais rebarbas. Até o cheiro do carro parece ser mais agradável no J2 que o do J3.

A visibilidade frontal e a retrovisão do J2 são corretas e reforçam a sensação de segurança a bordo do pequeno modelo chinês. Mas alguns elementos demasiadamente brilhantes do tablier, como as caixas de som, se refletem no para-brisas e atrapalham um pouco. O pequeno porte do J2 faz com que qualquer vaguinha mixuruca pareça enorme – e o sensor de estacionamento ainda dá uma ajuda. O ar-condicionado é eficaz e refrigera rapidamente o pequeno habitáculo.

Mas alguns detalhes na ergonomia do J2 tornam a vida a bordo menos aprazível do que poderia ser. O posicionamento dos comandos dos vidros elétricos, na parte baixa do console central, é incomum no mercado nacional – o que faz com que o motorista brasileiro demore a se acostumar a eles. O comando dos espelhos elétricos fica excessivamente recuado no puxador da porta e também é difícil de alcançar. Os porta-copos do console central são rasos, o que faz com que copos e garrafas colocados ali tendam a tombar nas curvas. E o porta-luvas não tem tampa, o que permite ver de fora o que se guarda dentro. No painel, os mostradores do conta-giros e do nível do tanque de combustível são tão pequenos que tornam difícil a visualização rápida das informações.

Itens importantes fazem falta ao J2, como limpador do vidro traseiro, apoio de cabeça no banco central e rebatimento parcial do banco traseiro – só rebate por inteiro, o que inviabiliza levar um passageiro atrás e rebater só uma parte do banco para levar volumes maiores. Algo que seria bem oportuno, já que o porta-malas é mínimo e leva apenas 121 litros de bagagem. Não há computador de bordo e o pequeno mostrador de LCD no velocímetro mostra apenas o hodômetro. Também não existe botão de abertura remota das portas e do porta-malas – para abrir as portas por dentro sem recorrer ao botão da chave, é necessário levantar um pino que fica próximo à parte posterior do vidro, como nos velhos fusquinhas. No banco traseiro, embora o teto seja até elevado para o porte do carro, o acesso não é fácil, já que as portas são estreitas e abrem menos de 90 graus. Ali, dois adultos medianos viajam com algum conforto – acima de 1,85 m de altura, se torna necessário ficar um pouco de lado, já que o espaço para as pernas é restrito. A presença de um terceiro passageiro central – possível, já que existe cinto central abdominal – causaria desconforto generalizado.

 

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