Nova versão alavanca o Fiat Linea
Os planos da Fiat com o Linea no Brasil eram ambiciosos. No seu lançamento, em setembro de 2008, a marca italiana mostrou o carro com preço inicial de mais de R$ 60 mil, com mira nos líderes do segmento de médios Toyota Corolla e Honda Civic. Entretanto, o tempo mostrou que a tarefa era grande demais para o carro, que acabou competindo no segmento de sedãs compactos premium do que entre os médios. Mas parece que a Fiat aprendeu a lição. Em junho, a marca lançou a nova versão Essence para o Linea, com preço ligeiramente maior que o da extinta LX. E com um número maior de equipamentos.
Agora a configuração de entrada do modelo custa R$ 56.700, contra R$ 55.900 da versão antiga. De série, ainda vem equipada com computador de bordo, direção hidráulica, ar-condicionado, airbag duplo, faróis de neblina, volante em couro e trio elétrico. A novidade fica por conta da incorporação de freios ABS, rodas de liga leve de 15 polegadas e novo quadro de instrumentos com melhor visualização. Se o câmbio automatizado Dualogic for adicionado, como na versão testada, a conta chega aos R$ 59.700.
Com isso, o Linea Essence fica bem mais competitivo diante de seus concorrentes. A versão equivalente do Honda City, a EX, com câmbio automático sobre para elevados R$ 66.855 e com menor potência no motor. Já o Kia Cerato, fica em R$ 59.900 com transmissão manual e R$ 64.900, quando a opção é dar descanso ao pé esquerdo. No entanto, é no rival da Volkswagen que os preços ficam mais alinhados. O Polo Comfortline 2.0 sedã custa R$ 57.850 e tem praticamente os mesmos equipamentos que o modelo da Fiat.
O diferencial a favor do Linea fica sob o capô. O modelo traz o propulsor 1.8 16V E.torQ, que desenvolve 132cv de potência a 5.250rpm e torque máximo de 18,9kgfm a 4.500 giros. Nesse quesito, o Linea tem vantagem em relação aos seus concorrentes. O Honda City tem 116cv, o Kia Cerato, 126cv, e o Polo, 120cv de potência, todos abastecidos com etanol.
Primeiras impressões
As mudanças do Linea foram puramente mercadológicas. Ou seja, na prática, se trata do mesmo carro que já está nas concessionárias há quase um ano, desde que recebeu a linha de motores E.torQ. Isso significa que está lá o bom motor 1.8 16V, muito competente para mover o sedã da Fiat. Principalmente acima dos 2.500 giros, ele enche e consegue promover arrancadas e retomadas interessantes. Tal comportamento pode ser traduzido pelos números de acelerações. O zero a 100km/h é feito em 10,5 segundos, uma boa marca.
Entretanto, enquanto o motor é favorável, o câmbio Dualogic joga contra o Linea. Desde o seu primeiro lançamento, a Fiat vem melhorando a transmissão automatizada, mas isso não significa que seu funcionamento tenha se tornado agradável. As trocas ainda demoram muito para acontecer e o sistema parece "lutar" contra o motorista – exatamente o contrário do que se propõe um equipamento que deveria aumentar o conforto a bordo. No caso do modelo equipado com o Dualogic, o melhor mesmo é optar pelas trocas manuais com a alavanca.
Fora isso, o Linea continua a ser um carro bem acertado dinamicamente. A suspensão absorve as imperfeições do piso sem tirar a estabilidade necessária para manter a segurança em curvas de velocidades médias. Em alta velocidade, o mais indicado mesmo é aliviar o pé direito antes de entrar na curva e manter a aceleração constante.
O acabamento do Linea é apenas bom. É lotado de plásticos rígidos, mas que não aparentam ser de má qualidade e apresentam encaixes precisos. O espaço interno é bom apenas para quatro. Embarcar um quinto ocupante é praticamente caso de "bullying".