Aprendendo com a natureza: Jardim Botânico da UFJF oferece educação ambiental para todas as idades
Mais de 200 escolas e cerca de cem mil visitantes passaram no ano passado pelo espaço, que oferece diversas atividades de conscientização e conservação do meio ambiente

É em contato com a natureza que se aprende educação ambiental. Um conceito que a cada dia que passa se torna mais fundamental. Conhecer mais sobre a biodiversidade da nossa cidade é o caminho para se importar com o que temos de mais precioso. Com o objetivo de formar cidadãos conscientes e comprometidos com a conservação da sociobiodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais, o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) oferece diversas atividades de educação ambiental para todas as idades. A iniciativa tem cativado o público, que demonstra interesse e curiosidade pelo espaço. Para se ter uma ideia, apenas no ano passado foram realizadas 240 visitas escolares e cerca de cem mil visitantes passaram pelas trilhas do jardim.
De forma interativa e acessível, o Jardim Botânico busca promover a conscientização ecológica. As atividades são variadas e abrangem todo o público. Existem os roteiros voltados para crianças; tem os espaços voltados para os interessados em conhecer mais sobre plantas, como o Bromeliário, o Cactário e o Orquidário Frederico Carlos Hoehne, este com espécies nativas e exóticas de orquídeas; o Laboratório Casa Sustentável, com oficinas e demonstrações de práticas ecológicas e sustentáveis; e as trilhas que possuem diferentes propostas, como a Trilha do Mel e Meliponário, que mostram a importância das abelhas nativas sem ferrão, e a Trilha da Juçara, que aborda a conservação da palmeira Juçara e da fauna associada. Além dessas opções, a Casa Sede também permite que os visitantes explorem exposições artísticas e culturais nas galerias de arte.
O diretor do Jardim Botânico, Breno Motta, diz que cada espaço oferece possibilidades únicas de ações de educação ambiental. “No Bromeliário e Cactário, os visitantes podem aprender sobre adaptações das plantas a diferentes ambientes e a importância da conservação da vegetação de áreas secas. No Orquidário Frederico Carlos Hoehne, é possível realizar atividades sobre polinização, diversidade e estratégias de sobrevivência das orquídeas. Na Trilha do Mel e Meliponário, destacam-se ações voltadas à preservação das abelhas nativas, com foco na polinização e produção sustentável de mel. A Trilha da Juçara permite reflexões sobre o uso consciente dos recursos naturais e a importância da palmeira Juçara para a fauna. Na Casa Sede, exposições artísticas com temas ambientais incentivam a sensibilização através da arte. Já o Laboratório Casa Sustentável oferece oficinas sobre compostagem, reaproveitamento de materiais, economia de água e energia, mostrando na prática como adotar hábitos sustentáveis no dia a dia”, afirma o biólogo, exemplificando as possibilidades de cada atividade.
Para Breno, educação ambiental é processo contínuo de formação crítica e participativa que visa a desenvolver uma consciência ecológica e promover atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente. Conforme a Política Nacional de Educação Ambiental, essa prática pedagógica é um componente essencial e permanente da educação nacional, voltado à construção de sociedades sustentáveis. “Mais do que transmitir informações, a educação ambiental busca formar cidadãos capazes de agir frente aos desafios socioambientais. Nesse sentido, ela é fundamental no combate às emergências climáticas, pois promove mudanças de comportamento, estimula a participação social e fortalece políticas públicas voltadas à mitigação e adaptação às mudanças do clima.”
Porta de acesso à natureza
Há seis anos, desde sua inauguração em 2019, o Jardim Botânico se tornou uma das principais portas de acesso à natureza em Juiz de Fora. O espaço oferece atividades e visitas guiadas para públicos de diferentes idades, de crianças a idosos, e classes sociais, proporcionando uma imersão na biodiversidade local. O principal objetivo dos projetos de educação ambiental desenvolvidos ali é formar cidadãos conscientes e comprometidos com a conservação da sociobiodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais. Inspirado pelas diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental e pelos princípios da Unesco, o Jardim busca integrar conhecimento científico, saberes populares e experiências sensoriais.
“Ao promover atividades interativas e inclusivas, pretende estimular o pensamento crítico, o respeito à natureza e a valorização dos ecossistemas locais. A equipe do Jardim Botânico entende a educação ambiental como prática transformadora, que ultrapassa os muros escolares e envolve toda a comunidade. Os roteiros temáticos e espaços educativos são planejados para despertar o interesse, promover o diálogo e incentivar ações concretas. Assim, o Jardim Botânico contribui diretamente para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ao formar agentes de mudança comprometidos com um futuro mais justo e sustentável”, destaca Breno.
Saiba mais sobre os roteiros temáticos
1 – “Grandes Grupos Vegetais” (estudantes acima de 14 anos): Toda a diversidade vegetal está, segundo a classificação botânica, distribuída em quatro grandes grupos, a saber: Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Seus pontos destacam as características morfológicas, ecológicas e evolutivas, além da importância econômica. Assim, este roteiro estabelece um diálogo direto com os temas lecionados nas escolas, sendo, dessa maneira, um instrumento complementar de ensino para os professores visitantes.
2 – “Etnobotânica” (10 anos): Esse roteiro explora a diversidade vegetal e os saberes populares associados a tais recursos. Entretanto, mais do que descrever os nomes científicos e populares das espécies e sua importância econômica, foi concebido para valorizar os saberes campesinos, quilombolas, indígenas e tradicionais. Os pontos de visitação deste roteiro podem ser vistos como um grande quebra cabeça que, quando unido, revela certos processos cognitivos, servindo para desmistificar que os saberes “não acadêmicos” são inferiores. São sistemas com distintas epistemes nem melhores e nem piores, apenas diferentes.
3 – “Relações Ecológicas” (10 anos): A diversidade vegetal não é algo estático, pelo contrário, as espécies se relacionam de diferentes maneiras. Este roteiro explora as relações ecológicas que conferem uma dinâmica temporal e especial à biodiversidade, revelando processos intrigantes, como competição, mutualismo, parasitismo.
4 – “Contos e Lendas da Floresta” (público infantil)
Na contramão da homogeneização cultural e na tentativa da valorização de histórias locais e brasileiras, serão apresentados mitos, heroínas e heróis populares. Mais que relatos ou causos, estes pontos podem ser entendidos como uma base para se discutir temas fundamentais a uma sociedade mais justa, respeitosa e igualitária, como feminismo, racismo e etnocídio.
Como levar a sala de aula para o Jardim Botânico?
Para experimentar as diversas sensações e conhecimentos proporcionados pela floresta, as escolas podem realizar o agendamento gratuito pelo site do Jardim Botânico, conforme disponibilidade.
As visitas mediadas ocorrem de terça a sexta, em dois horários, das 8h às 11h e das 13h às 16h. São gratuitas, e o transporte é custeado pela própria instituição interessada.
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