Cientista político avalia o recado das urnas nas eleições municipais

O recardo das urnas deve servir para reflexão dos partidos e das lideranças políticas

Por Paulo Cesar Magella

Fechadas as urnas e contados os votos, o debate se volta, agora, para as consequências das eleições municipais que apontaram para um aumento de prefeituras sob o comando de políticos de centro e de centro direita. Qual o significado desse recado das urnas? Ao contrário da análise recorrente em torno de crescimento da direita e fracasso da esquerda, o cientista político Rubem Barboza tem uma visão mais crítica, que vai além dessa leitura maniqueísta. Na sua avaliação, ficou claro que o sistema partidário atual não organiza a sociedade. “Ele reflete muito mais a falta de rumo do que um quadro político que pode indicar uma determina direção”. Segundo ele, o eleitor não usou a régua de direita ou esquerda para votar.
Emendas e fundo
Para Rubem, o expressivo número de reeleitos também é relevante, por indicar prefeitos bem avaliados, mas também o uso de verbas fruto de emendas parlamentares e o fundo partidário. “Foi uma operação política com base nas verbas do Congresso”. Ele observou o afastamento do presidente Lula dos principais embates, para não comprometer a sua base no Congresso, e a hesitação do ex-presidente Jair Bolsonaro, como em São Paulo, onde apoiou uma candidatura – Ricardo Nunes, mas não fechou a porta para outra, no caso, do ex-coach Pablo Marçal.
Ações pragmáticas
Os partidos têm uma postura pragmática, especialmente o Centrão, que atua dentro do sistema de poder. “Quando tinha PSDB e PT, o sistema político era mais organizado. Perdemos uma nervura política, que permitia dizer quais as opções que restavam. Agora, não”. Rubem enfatiza também o papel das redes sociais, que desorganizaram o mundo que estava organizado e citou o caso Pablo Marçal. “Ele fez a movimentação em um território na qual os partidos não trabalham bem. O espaço político está desorganizado, os partidos fracos e sem projetos”, finalizou.

Paulo Cesar Magella

Paulo Cesar Magella

Sou da primeira geração da Tribuna, onde ingressei em 1981 - ano de fundação do jornal -, já tendo exercido as funções de editor de política, editor de economia, secretário de redação e, desde 1995, editor geral. Além de jornalista, sou bacharel em Direito e Filosofia. Também sou radialista Meus hobbies são leitura, gastronomia - não como frango, pasmem - esportes (Flamengo até morrer), encontro com amigos, de preferência nos botequins. E-mail: [email protected] [email protected]

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