No cravo e na ferradura
A decisão do Senado de cassar a presidente Dilma Rousseff mas manter os seus direitos políticos foi considerada uma ação demagógica dos parlamentares, a começar pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, que não esperou, sequer, o início da votação para anunciar o seu voto. Em um restaurante da cidade, onde acompanhava a sessão, o deputado Júlio Delgado (PSB) fez questão de antecipar o resultado: “pode anotar aí. Vão cassar a Dilma, mas não vão tirar-lhe o direito por pura demagogia”. Acertou em cheio. Finda a sessão, ele não só comentou o resultado: “não disse?”, e foi à luta, pois, além de estar envolvido na campanha em Juiz de Fora, tem que cuidar também de outros redutos, inclusive de alguns que não estavam na sua área de influência, como Sete Lagoas. Lá, depois das trapalhadas do presidente do diretório estadual, Marcio Lacerda, que ficou sem candidato até mesmo em sua sucessão, os socialistas se sentiram órfãos e pediram a ajuda de Júlio.
Romário em JF
O deputado volta ainda hoje a Juiz de Fora, para, se não houver contratempos, recepcionar o senador Romário, que gravará inserções na campanha de Wilson da Rezato, de seu partido. O senador estava em Brasília e votou pela cassação de Dilma e pela suspensão dos direitos políticos. O parlamentar deverá acompanhar Júlio Delgado em algumas empreitadas pela Zona da Mata, mas também tem deveres no Rio. Embora tenha desistido de disputar a Prefeitura da capital fluminense, ele está envolvido diretamente no processo eleitoral do município e dos demais do estado sob sua influência.
Bateu levou
O discurso do presidente Michel Temer ao ministério causou preocupação, pois, ao contrário do homem cordato de outros tempos, revelou que não aceitará críticas sem resposta, advertindo que sua equipe deve fazer o mesmo. Cria-se um espaço de tensão, porque a ex-presidente Dilma, no seu discurso de despedida, também esticou a corda, avisando que a luta não acabou, anunciando que há possibilidade de ações judiciais no Supremo e protestos contra o Congresso, que, no seu entendimento, deu respaldo político ao golpe. A dúvida é saber se essa tensão será levada para os palanques das campanhas municipais.
Com os candidatos
A Rádio CBN e a Tribuna inauguram hoje uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito ouvindo, sempre às terças e quintas-feiras os postulantes à Prefeitura de Juiz de Fora. Por sorteio, na presença de representantes dos participantes, o ciclo começa com a candidata Maria Ângela, do PSOL. Ela será sabatinada nos estúdios da CBN, ao vivo, entre 10h30 e 11h30. A ordem das entrevistas segue no dia 6, Margarida Salomão (PT); dia 8, Noraldino Júnior (PSC); dia 13, Lafayette Andrada (PSD); dia 15, Victória Mello (PSTU); dia 20, Wilson da Rezato (PSB), e dia 22, Bruno Siqueira (PMDB). No dia 29, no auditório do Independência Trade Center, eles se enfrentam num debate ao vivo, entre 10h e 12h.