Desde o final do Século XVII, Minas Gerais cria receitas que já percorreram o mundo, são preciosidades da terra rica em minério que carrega além de aroma e paladar singular, muita história. Tendo em vista que a maioria das comidas típicas do estado tem como base a carne de porco, trouxemos algumas adaptações para que aqueles que não consomem produtos de origem animal não fiquem de fora da “festa”. Adaptamos dois pratos mineiros para o veganismo.
Receitas mineiras adaptadas para o veganismo
Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Paulista de Opinião e Pesquisa (IBOPE) apontou que 14% da população brasileira se declara vegetariana. Embora ainda não tenhamos números em relação aos veganos, é um indicativo de que há uma predisposição em um número grande de pessoas de deixar de comer produtos de origem animal, sobretudo a carne.
É importante destacar as diferenças entre vegetarianismo e veganismo: vegetarianos não consomem carne, porém consomem outros alimentos de origem animal, como leite, manteiga, etc, diferentemente das pessoa veganas que optam por uma dieta livre de qualquer alimento que tenha origem animal.
Gosta da comida mineira e é vegano? Se surpreenda com o menu abaixo!
Frango vegano com quiabo
Houve um tempo em que em Minas era difícil transportar alimentos, as pessoas ficavam meio que ilhadas nas cidades que hoje chamamos de históricas, como Tiradentes, Ouro Preto e Mariana.
Para conseguir se alimentar as pessoas precisavam recorrer ao que era mais fácil. Como a plantação de quiabo deu certo na região e havia muita criação de galinha caipira, optaram por unir as duas coisas, então deu-se o frango com quiabo.
Embora tenhamos conhecimento desses fatos, a origem do prato ainda é uma incógnita. É possível que tenha vindo de Portugal ou mesmo de países africanos, mas não há comprovações históricas.
O frango vegano com quiabo é uma receita livre de qualquer alimento de origem animal. Ela é uma adaptação da original que se bem temperada consegue transportar qualquer um para o estado monumental.
Deixando a história um pouco de lado, embora seja curioso comer tendo ciência histórica dos pratos, vamos ao que interessa aqui. A receita!
Ingredientes para frango vegano com quiabo – receita mineira
100 gramas de proteína de frango vegano escaldada (não esprema)
300 gramas de quiabo orgânico
1 cebola inteira
7 dentes de alho
1 pedaço de pimentão picado
Sal à gosto
Páprica picante à gosto
Açafrão à gosto
Molho de pimenta
Molho shoyu à gosto
Cheiro verde (salsinha e cebolinha)
Como preparar o frango vegano com quiabo – receita mineira
Doure o alho e a cebola, acrescente o sal, coloque a proteína, todos os temperos, exceto o cheiro verde, e mexa bem, sem acrescentar água.
Quando estiver bem misturado acrescente o quiabo cortado e então coloque água aos poucos até chegar em um dedo abaixo da superfície da panela. Deixe ferver bem e coloque o cheiro verde. Desligue a panela e sirva.
Feijão tropeiro vegano
O feijão tropeiro é outro prato “chave” da culinária mineira. Com o nome autoexplicativo, a receita foi criada pelos tropeiros, que eram homens que andavam de cidade em cidade das regiões centro-oeste e sudeste do país, transportando gados, mercadorias, cavalos, mulas, entre outros produtos. Eram em grande parte comerciantes com atividades mais intensas no século XVIII.
Era um período em que o Brasil vivia sob o domínio da coroa portuguesa. Portanto os costumes dos povos que já viviam aqui, os índios, foram se transformando, inclusive a alimentação.
Com a vinda forçada dos povos africanos para trabalharem como escravos no país, três culturas passaram a predominar e se fundem: indígena, europeia e africana, o que explica a origem do feijão tropeiro, que em síntese é a mistura de feijão com farinha.
Ainda dentro do contexto dos comerciantes tropeiros, como eles realizavam frequentemente longas viagens, era mais fácil transportar, para seus próprios consumos, alimentos menos úmidos, como a farinha, o feijão, o toucinho, milho, café, entre outros alimentos resistentes às longas viagens dos tropeiros.
O feijão tropeiro surgiu como uma forma prática de sobrevivência. Ao longo do tempo, a mistura recebeu novos ingredientes, como temperos, cheiro verde, outras carnes, como linguiça e ovo, e acabou se transformando em mais um “patrimônio” de Minas Gerais.
Não é porque uma pessoa decidiu virar vegetariana ou vegana que ela precisa ficar de fora dos pratos que remontam a história do seu país, não é mesmo? Veja!
Ingredientes para feijão tropeiro vegano
250 gramas de feijão de corda
60 gramas de pimentão vermelho picados em cubos médios
70 gramas de pinhão picado (já cozido)
60 gramas de pimentão verde picados em cubos médios
1 unidade de limão
60 gramas de pimentão amarelo picados em cubos médios
½ unidade de cenoura picada em cubos médios
60 gramas de berinjela picada em cubos médios (adicione o suco do limão na berinjela para não escurecer)
60 gramas de cogumelo paris picado em lascas
60 gramas de abobrinha picada em cubos médios
1 dente de alho para cozinhar no feijão
80 gramas de alho picado
200 gramas de cebola picada em cubos médios
½ unidade de cebola para cozinhar no feijão
1 colher de chá de pimenta dedo-de-moça picada e sem sementes
½ colher de chá de cominho
½ maço de cheiro-verde
100 gramas de farinha de mandioca crua
100 ml de azeite
Sal e pimenta-do-reino a gosto
Como fazer
Cozinhe o feijão em panela de pressão com meia cebola e alho. Não deixe ele cozinhar muito, pois precisa estar inteiro para misturar posteriormente. Depois de fervido lave o feijão para não ficar com caldo.
Refogue o alho e a cebola no azeite. Acrescente a cenoura e o pinhão. Ferva um pouco. Acrescente a berinjela, o pimentão e a abobrinha. Mexa bem, em seguida acrescente a pimenta dedo de moça.
Coloque o cogumelo e o sal. Pegue o feijão que está reservado e misture. Acrescente os temperos que restaram e o cheiro verde. Finalize com a farinha. Mexa bastante e desligue a panela.
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