A nova tendência de golpes no Brasil é o uso da inteligência artificial (IA) para criar vídeos hiper-realistas de celebridades difundindo informações falsas. No episódio mais recente, registros falsificados foram usados para propagar que o governo federal estaria oferecendo compensação por um vazamento de dados fictício, enganando muitos cidadãos desavisados.
Essa tendência alarmante destaca o crescente uso indevido de IA em crimes cibernéticos e os desafios enfrentados pela população ao tentar identificar conteúdo deepfake. Abaixo estão alguns detalhes sobre como esses golpes operam e quais estratégias podem ser usadas para se proteger contra eles.
Como funcionam os golpes de deepfake
Os deepfakes usam algoritmos de IA para criar imagens e áudios altamente verossímeis, geralmente simulando rostos e vozes de pessoas reais. Ao analisar amostras de áudio ou filmagens disponíveis publicamente, como postagens em redes sociais, entrevistas ou aparições na televisão, os programas de IA podem sintetizar novos vídeos em que celebridades parecem dizer ou fazer coisas que nunca fizeram.
Os alvos famosos mais recentes disso no Brasil foram os apresentadores de TV Rodrigo Faro e Ratinho, cujas imagens foram empregadas em perfis falsos nas redes sociais que imitavam páginas oficiais do governo. Nessas publicações, os dois faziam a divulgação de uma compensação financeira falsa que supostamente seria ofertada aos cidadãos após uma violação de dados num sistema governamental.
A indenização, contudo, não existia, e as vítimas que caíam na mentira eram direcionadas a um site fraudulento para fornecer suas informações pessoais, permitindo que os criminosos cometessem roubo de identidade ou fraude financeira em seus nomes.
Por que os deepfakes são tão perigosos
O grande problema dos golpes de deepfake é que eles abusam da confiança que as pessoas têm em figuras públicas, especialmente celebridades e funcionários do governo. Como essas personalidades têm um grau significativo de credibilidade aos olhos do público, é fácil para os criminosos manipular os indivíduos para que alegações fraudulentas pareçam legítimas.
Para piorar a situação, a qualidade desses vídeos atingiu um ponto em que eles são indistinguíveis de registros reais para olhos destreinados. Essa capacidade prejudica não apenas a segurança individual, mas também a confiança pública na mídia, nas instituições e até mesmo nos sistemas legais.
Como se proteger de golpes de deepfake
Como mencionado, não é tarefa simples identificar vídeos falsos criados por deepfake. Mas os usuários podem adotar várias medidas para se proteger contra esses golpes. Abaixo estão algumas sugestões do que fazer.
- Ser cético. Ofertas boas demais para ser verdade, como promessas de grandes somas de dinheiro com o mínimo de esforço, normalmente são Compensações governamentais ou esquemas semelhantes são sempre anunciados por meio de canais oficiais, e não nas redes sociais.
- Usar uma VPN. Para quem se questiona “VPN o que é isso?”, ela se trata de uma tecnologia capaz de criptografar a conexão à internet do usuário, evitando que dados pessoais, como fotos, vídeos e histórico de navegação, sejam interceptados por hackers e usados para golpes de deepfake.
- Não clicar em links suspeitos. Ao receber mensagens ou e-mails com alegações estranhas e links, é importante não ceder à curiosidade. Ao entrar nessas páginas falsas, os usuários estão sujeitos a infecções por malware e roubo de informações confidenciais.
- Ter atenção aos detalhes. Vídeos de deepfake costumam apresentar inconsistências e imperfeições, como uma forma não natural do piscar dos olhos, movimentos labiais pouco sincronizados ou falhas no fundo dos registros.
- Verificar em fontes confiáveis. Quando diante de uma informação estranha, o recomendável é sempre conferir sua procedência em canais confiáveis, como os sites oficiais do governo ou das instituições sendo mencionadas.
- Limitar compartilhamento de dados pessoais. Ao publicar informações pessoais detalhadas, sobretudo nas redes sociais, os usuários fornecem aos criminosos todas as ferramentas necessárias para desenvolver golpes direcionados que potencialmente vão convencê-los de clicar em algum link malicioso.
- Cuidar das senhas. As credenciais das contas devem ser complexas e únicas para garantir que nenhum golpista consiga adivinhá-las e usar de seus perfis para divulgar informações falsas ou links infectados.
- Denunciar. Ao se deparar com mensagens ou publicações suspeitas, é imprescindível denunciá-las à plataforma onde foi encontrada e às autoridades, como a Polícia Federal, para ajudar a evitar que outras pessoas sejam alvos.
Com os avanços da tecnologia de IA, a tendência é que os golpes de deepfake se tornem mais sofisticados e comuns com o tempo. Por isso, agora mais que nunca, é de extrema importância que os internautas se familiarizem com esses tipos de fraude e, principalmente, com os métodos de proteção contra essas ameaças.
Ao adotar medidas simples, como manter uma postura cética e vigilante, usar ferramentas de segurança cibernética e tomar cuidado com as informações compartilhadas em redes sociais, os usuários podem mitigar esses riscos e proteger a si mesmos e a seus entes queridos de golpes envolvendo deepfake.