A Coluna É a Vez Delas inicia hoje uma nova etapa. Além de contar histórias inspiradoras de mulheres empreendedoras, passaremos também a abrir espaço para refletir sobre os desafios que atravessam essa jornada. E, neste mês de Agosto Lilás, dedicado ao combate e à conscientização sobre a violência contra a mulher não poderíamos deixar de trazer esse tema para a pauta.
Em Juiz de Fora, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher atua desde 2001 na formulação e fiscalização de políticas públicas, em parceria com instituições como a UFJF, Defensoria Pública, Polícia Militar e entidades de acolhimento, como a Casa da Mulher. Mais do que falar, o Conselho quer mobilizar. Por isso, no último dia 7, quando a Lei Maria da Penha completou 19 anos, promoveu uma caminhada no calçadão para alertar e conscientizar a população sobre como identificar situações de violência, onde buscar ajuda e quais são os equipamentos públicos e redes de apoio disponíveis no município.

Para Paula Assumpção, presidente do Conselho, o enfrentamento à violência começa pela mudança de mentalidade: “Não podemos banalizar comportamentos abusivos. É preciso estar atenta aos sinais e interromper o contato ao menor indício de violência, para que isso não se transforme em tragédias que, infelizmente, vemos com frequência no Brasil.”
O empreendedorismo, nesse contexto, é muito mais do que um sonho. Para muitas mulheres, ele é ferramenta de autonomia e libertação, significando a chance real de romper com relações abusivas e ciclos de violência. Ao garantir independência financeira, evita-se a dependência do agressor, que tantas vezes mantém mãe e filhos reféns de uma realidade de medo.

Os números mostram a urgência: em 2024, 1.456 mulheres foram assassinadas por motivações de gênero, uma média de quatro por dia. Foram ainda 2.375 homicídios dolosos e mais de 75 mil casos de estupro. Por trás de cada estatística, uma vida interrompida.
Fortalecer o empreendedorismo feminino pode ser um caminho para quebrar esse ciclo. Criar uma marca de roupas, oferecer serviços de estética, produzir velas artesanais ou ministrar cursos pode representar mais do que um negócio, pode ser um ato de resistência, um manifesto por dignidade e uma nova forma de existir no mundo.
Empreender fortalece a autoestima, garante autonomia e abre portas para que mulheres assumam o controle de suas histórias. Quando uma mulher empreende, ela constrói independência, poder de escolha e uma rede de apoio capaz de ajudá-la a romper ciclos de abuso.
Os cinco tipos de violência contra a mulher, segundo a Lei Maria da Penha, são:
- Física: agressões corporais, espancamento, sufocamento e lesões.
- Psicológica: ameaças, humilhações, manipulação e controle de comportamento.
- Sexual: relações forçadas, proibição de uso de contraceptivos, prostituição forçada e estupro.
- Patrimonial: destruição ou retenção de bens, documentos, instrumentos de trabalho e dinheiro.
- Moral: calúnia, difamação, injúria, acusações falsas e exposição de intimidade.
A denúncia é uma das principais armas contra esses crimes. Se souber de algum caso, ligue 180. O serviço é gratuito, anônimo e funciona 24 horas por dia, em todo o país.
Paula reforça que 80% das mulheres que procuram ajuda pelo Disque 180 relatam sofrer violência psicológica, aquela que fere por meio das palavras, que desqualifica, humilha e usa chantagens emocionais. “Esse tipo de violência precisa ser discutido, porque é um dos primeiros sinais de que o relacionamento já se tornou abusivo, violento e tóxico”, alerta.
Nesta nova fase da Coluna É a Vez Delas, seguiremos celebrando conquistas, mas também colocando luz nas dores e barreiras que fazem parte da vida de tantas mulheres. Porque empreender é resistir. E resistir, juntas, é a nossa maior força.
Conheça:
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Juiz de Fora
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Paula Assumpção
Só Delas JF