Em algum momento do século passado, algum “jênio”, assim, com J mesmo, revolveu trazer javalis para o Brasil. O javali-europeu. Sus scrofa. Aqui ganhou alcunha de porco selvagem. Bicho endemoniado.
Mata cachorro.
Mata galinha.
Acaba com um milharal numa noite.
Em Santa Catarina, Mato Grosso, Acre, Goiás, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná.
O bicho apavora.
Aqueles dentões pra fora.
(mas quando bebê é tão bonitinho)
Bonitinho, mas ordinário.
Cresce, mata bicho, come plantação e contamina a porcaiada com doença de Aujeszky, peste e cólera.
E transmite encefalite japonesa, brucelose, febre aftosa, leptospirose, tuberculose, parvovirose suína…
Uns 250 quilos de apocalipse de pêlo grosso em cima de quatro cascos.
Ocorre que essa desgraça não tem predador no Brasil. E, como diz a cartilha ambiental, o predador é o que mantém o equilíbrio na natureza. Então o Ibama oficializou a caça do bicho. Caça, não. Perdão. “Controle populacional.”
Temos assim autorizada há alguns anos, descartando o eufemismo, a temporada de caça ao javali-europeu no Brasil.
Mas não pode comercializar a pele nem a carne.
Comer pode.
Churrasco de javali é o que há.
E há relatos de que na temporada atual, em São Grigolo do Paraúna, Estado de Goiás, já morreram três caçadores.
Todos os três baleados.
Até o momento, ninguém descobriu quem é assim tão bom de mira.