A Seleção Brasileira voltou às manchetes e não foi por causa de futebol. A informação de que os jogadores e o técnico Tite estariam dispostos a se manifestar contra a realização da Copa América ganhou as páginas do noticiário político. Segundo informação do jornalista Vicente Nunes, do “Correio Braziliense”, “um dos mais próximos assessores do presidente Jair Bolsonaro” disse que “os jogadores da Seleção não podem desafiar o presidente”. O assessor, de certo, não compreende as funções de um presidente e tampouco o que é uma democracia. Talvez esteja, por alguma magia, vivendo em 1970, quando os generais quiseram escalar o time de João Saldanha, o João Sem Medo. Ele deveria compreender, o sombrio assessor, que qualquer brasileiro pode desafiar qualquer presidente.
Os carroceiros da Avenida Brasil e suas respectivas mulas podem desafiar o presidente.
A Dona Sônia da conservadora pode.
O motorista do 527.
O presidente da Unimed.
Minha Tia Totota, falecida em 2009, se pudesse baixar aqui, poderia desafiar o presidente.
Edinho do Filezinho, motoqueiro atípico, pode.
O cachorro preto e branco que mora na Rua Maceió.
Minha prima Amanda, que é cabeleireira e faz bons drinks.
Quinho, o pedreiro.
O Magrão do Cultural Bar.
As meninas que fazem ponto lá embaixo na Floriano.
Um haitiano vindo do futuro pode desafiar o presidente, pois é assim que funciona numa democracia.
Talvez o assessor não saiba, mas ser desafiado é atribuição que se ganha ao meter a faixa presidencial no peito num 1º de janeiro. E não há desafio maior que governar um país que há um ano deixa morrer mais de mil pessoas todo santo dia. Bem maior que se meter em negócio de Seleção. Não quer ser desafiado, a porta da rua é serventia do cargo.
Um baita desafio