Amolando as facas

Por Gabriel Manhães e Jardel Aquino

Mensalmente, o IPEA divulga um relatório detalhando a inflação por faixa de renda no Brasil. Isso contribuiu para que tenhamos noção de como, de fato, o aumento de preços impacta cada setor da sociedade, dos mais ricos até os mais pobres.

Assim, no último relatório, o Instituto mostrou que, em abril, o segmento de renda mais elevado teve uma inflação de 1%, enquanto os mais pobres sofreram um aumento de preços de 1,06%. No acumulado do ano, os mais ricos obtiveram uma inflação de 3,70% e os mais financeiramente desfavoráveis, de 4,50%. Nos últimos 12 meses, os mais afortunados passaram por um aumento de preços de 10,80% e os mais pobres, de 12,70%.

Para os mais pobres, o grupo de alimentos e bebidas foi o que mais impactou o orçamento, com incrementos de preços, principalmente, no feijão (7,10%), na batata (18,30%), no leite (10,30%) e no óleo de soja (8,20%). No total, este grupo representou 61% da inflação do mês de abril para os mais pobres. Em seguida, o grupo de medicamentos, com 6,10% de aumento, também pesou nas finanças dos menos favorecidos.

Já para os mais ricos, o grupo de transportes novamente apareceu como o principal vilão quando se trata de inflação, uma vez que representou 60% da inflação do grupo. Aumentos nas passagens aéreas (9,50%), no etanol (8,40%), no diesel (4,50%), no transporte por aplicativo (4,10%) e na gasolina (2,50%) impulsionam os preços do grupo.

No entanto, vale ressaltar que todas as classes tiveram um alívio no grupo de energia elétrica, uma vez que os preços caíram 6,30% após o Governo anunciar o fim da tarifa vermelha, a mais cara, reduzindo assim, o preço por KW/H.

Portanto, podemos observar que os impactos causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, os desajustes nas cadeias produtivas causados pela pandemia, que vêm sendo causas do aumento das principais commodities, principalmente, agrícolas e petróleo em todo o globo, afetam a todos aqui no Brasil. Entretanto, os mais pobres, novamente, são os que ficam mais vulneráveis e sem armaduras para aguentar as facadas dos preços nos supermercados.

Por Gabriel Manhães e Jardel Aquino

Conjuntura e Mercados

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