Inovação nas compras: o comércio virtual demanda sua própria moeda

Por Bruno Perry, Cristian Campos, Juliana Laurindo, Kamilla Menezes, Joyce Guimarães e Vinícius Versiani. E-mail para [email protected] 

Por Tribuna

A internet mudou o jeito do mundo de fazer negócios. Após a Guerra Fria, o desenvolvimento de novas tecnologias e a busca por tornar as transações financeiras digitais seguras fizeram com que a tecnologia blockchain fosse criada no intuito de registrar uma transação com alto índice de integridade. A ferramenta acabou possibilitando a criação de criptomoedas. O Japão surpreendeu recentemente por ser o primeiro país do mundo a regulamentar o Bitcoin – a criptomoeda mais popular atualmente – reconhecendo-o oficialmente como meio de pagamento. A decisão chama atenção, pois o país ainda realiza a maior parte de suas transações no comércio nacional por meio de cédulas e muitos estabelecimentos não aceitam pagamentos sequer com o cartão de crédito. O reconhecimento oficial da moeda digital como meio de pagamento contribuiu para uma valorização recorde do Bitcoin, que chegou a ultrapassar US$ 2.700 por unidade no dia 25 de maio, situando o iene como a moeda mais trocada por Bitcoins no mundo, à frente do dólar e do iuane chinês.

Nos Estados Unidos, o tratamento ao Bitcoin não segue o ritmo do aliado asiático, pois ainda não vigora nenhuma legislação federal que trate sobre o tema. Em abril deste ano, foi rejeitada pela SEC, órgão regulatório do mercado financeiro americano, a criação de um fundo atrelado à valorização e desvalorização da moeda, sob o argumento da falta de segurança e instabilidade que tal ato poderia acarretar. Existem, porém, ações isoladas em alguns estados, como Nova York, que recentemente vem discutindo a implantação de um marco regulatório para o Bitcoin e o reconhece como commodity (mercadoria).

A confiança é fator fundamental nas relações comerciais atuais, e é exatamente isto que impede o Bitcoin de alcançar mais usuários, pois muitos ainda não confiam neste modelo inovador. Um grande problema é que, pelo seu modelo de criptografia, o Bitcoin não permite rastreio, o que desperta interesse de hackers, que vem exigindo a moeda como meio de pagamento em roubos de dados. Outra grande desvantagem é a volatilidade a que ele está submetido por forças de oferta e demanda, superior à da maioria dos ativos encontrados no mercado, afastando indivíduos mais conservadores da criptomoeda como investimento.

Por outro lado, por proporcionar alta segurança ao usuário, a tecnologia utilizada pode representar uma saída para os bancos, que hoje ainda possuem a maior parte de seus serviços em lojas físicas. A tendência é de que, nos próximos anos, haja um grande esforço para incentivar os clientes a utilizarem os serviços bancários on-line, gerando maior eficiência e diminuindo os custos operacionais. Da mesma forma, todo o comércio on-line pode ser beneficiar da tecnologia de troca que suporta as criptomoedas. Uma grande vantagem da moeda digital é sua universalidade como meio de troca, podendo inclusive ser utilizada em uma espécie de cartão de débito, sem que o usuário precise se preocupar com variações cambiais.

No Brasil, a compra de Bitcoins pode ser feita com a intermediação de empresas especializadas a custo zero e cerca de 500 mil pessoas já fazem uso dela, mostrando que estamos caminhando para a consolidação das criptomoedas no mercado brasileiro, mesmo sem regulamentação específica – por aqui, quem comercializa criptomoedas ainda segue as leis regulares do comércio de bens.

 

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