Rússia x Ucrânia: o que esperar dos impactos econômicos?

Por Mylena Carvalho e Rafael Teixeira

Na madrugada da última quinta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma “operação militar” da Rússia nas regiões separatistas no leste da Ucrânia -Donetsk e Luhansk – aumentando a tensão geopolítica.

Desde o fim da União Soviética em 1991, a Ucrânia tornou-se um país independente, enquanto a Rússia passou a ter cada vez menos influência sobre o Leste Europeu, dado o ingresso de países que antes pertenciam ao bloco socialista na Otan – aliança militar comandada pelos Estados Unidos. Ao reconhecer a independência dessas regiões separatistas, o Governo russo busca ampliar sua influência na região e impedir a Ucrânia de se unir à Otan. Segundo especialistas, as ações russas violam princípios do direito internacional, motivando sanções econômicas sobre o país de Putin.

As principais medidas restritivas vêm de países como os Estados Unidos, Reino Unido, países da União Europeia e aliados, englobando restrições às exportações destinadas à Rússia, limitação do acesso do país a tecnologias como equipamentos de aeronaves, semicondutores, telecomunicações, segurança de criptografia, sensores e tecnologias marítimas, com o objetivo de isolar e enfraquecer a economia e o poderio militar russo.

Este conflito pode afetar todos os países. Dentre os impactos esperados, destacam-se problemas no fornecimento de trigo, gás natural e petróleo – o petróleo tipo Brent que, em janeiro, custava US$ 80, agora alcançou a marca de US$ 103 por barril nos mercados internacionais, preço não visto desde 2014 – e a consequente alta no preço desses insumos.

No caso brasileiro, os principais riscos recaem sobre a produção agrícola e a inflação, em decorrência, respectivamente, do grande volume de importações de fertilizantes russos e do aumento no preço dos combustíveis – que já tem contribuído fortemente para a pressão inflacionária. Além disso, o Brasil é altamente dependente da importação de trigo, e a Rússia está entre os maiores exportadores do grão – com cerca de 13% de participação no mercado.

Paralelamente, o diferencial de juros tem feito o Brasil ser a grande aposta emergente dentre os investidores estrangeiros. O fluxo de entrada de capital externo não para de subir e o valor do dólar vem diminuindo – atingindo seu menor valor em quase 7 meses. Porém, com uma guerra em jogo, a aversão ao risco pode mudar o fluxo de investimentos e enfraquecer países em desenvolvimento como o Brasil.

Conjuntura e Mercados

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