Educação em gerontologia e geriatria!

Por Jose Anisio Pitico

A realidade do envelhecimento da população de nossa cidade provoca mudanças em todos os circuitos da vida social, política e comunitária. Mesmo que a cidade ainda não esteja sintonizada com essa nova realidade demográfica, é preciso sugerir que o planejamento urbano leve em consideração a presença cada vez maior das pessoas idosas. É inadmissível a permanência de filas quilométricas que se formam nas entradas das agências bancárias, no início de todo mês, para o recebimento de seus direitos previdenciários, pelos contribuintes do INSS. Não é mais aceitável, aliás, nunca foi, ter a morte de algumas pessoas idosas – que tem sido recorrente – em acidentes de trânsito na Avenida Rio Branco. Da mesma forma, a cidade precisa reagir através de ações públicas que possam enfrentar os rotineiros roubos e outros tipos de crimes que acontecem com os mais velhos. Não é mais possível aceitar que algumas pessoas idosas vivam nas ruas. E que outras vendam pastilhas de balas, canetas, chicletes e paçocas nos cruzamentos das ruas do Centro, quando o sinal fecha para o trânsito dos carros.

Esse quadro apresentado acima, que faz parte do cenário urbano da cidade, tem que mudar. A expectativa é de que o número de pessoas idosas tende a aumentar. O que é uma realidade. As instituições prestadoras de vários tipos de serviços precisam treinar os seus funcionários para o atendimento aos clientes e consumidores idosos. É necessário conhecer os aspectos físicos, psicológicos e culturais que constituem o nosso envelhecimento. Daí a importância cada vez mais presente da promoção de educação em gerontologia e geriatria no nosso convívio social.

As instituições de ensino superior têm uma responsabilidade muito grande diante dos novos tempos em que estamos vivendo, principalmente no caso colocado aqui, do nosso rápido envelhecimento populacional. Não cabe mais estabelecer um contato profissional sem conhecer e respeitar a cultura da pessoa idosa em atendimento. Os/as estudantes em formação profissional devem ter com frequência em seus currículos conteúdos sobre o envelhecimento humano. Conteúdos, não. Os/as estudantes têm que ter disciplinas sobre saúde da pessoa idosa, em suas várias nuances, numa abordagem da gerontologia e da geriatria. Não é mais aceitável que as pessoas idosas continuem sendo desconsideradas em sua grandeza humana por causa da idade. Os profissionais de saúde e da área social têm que respeitar e considerar as falas e os modos de vida daqueles e daquelas que fizeram e fazem muito pela cidade.

A produção de conhecimento científico sobre as pessoas idosas é tarefa inadiável, que deve se constituir em uma plataforma educacional urgente pelas universidades brasileiras. Pesquisas científicas e mais pesquisas científicas se fazem necessárias para o conhecimento desse novo rosto da população brasileira. Estamos diante de um novo país. Um país mais velho, de mais velhos. Novas cidades. Com novos idosos. Nossa cidade, embora tenha mais de 170 anos, ainda não teve seu olhar aberto e atento para as pessoas idosas. Ainda dá tempo.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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