Eu entendo e é para isso que ele foi criado, que esse espaço da coluna deve ser utilizado para promover reflexões e provocações, no bom sentido, aos leitores e leitoras sobre aspectos que envolvem o nosso envelhecimento. Questões do tipo. Como é envelhecer em Juiz de Fora?
A nossa cidade está preparada ou vem se preparando para receber as demandas das pessoas que já são idosas, e as das pessoas que estão envelhecendo aqui? Na verdade, o que eu desejo com esse expediente é que ele seja lido e que possa merecer algum comentário seu, que me lê nesse momento.
Desejo trocar ideias, críticas e sugestões: te ouvir, caro leitor e leitora! Penso que, como já disse em outras oportunidades, nós precisamos falar sobre o envelhecimento. Sobre o envelhecimento de juiz-foranos e juiz-foranas que vivem na cidade, porque temos e somos quase 105 mil pessoas com a idade de 60 anos ou mais.
Será que essas pessoas são ouvidas em casa, nas ruas, nos ambientes de definições de políticas públicas? Não. Ainda falta um tempo. A participação aqui na coluna, semanalmente, tem me proporcionado uma boa conversa com uma porção de gente da cidade. Espontaneamente, manifestam-se para mim, num encontro casual nas ruas. Ou até me telefonam, como já aconteceu. Escrevem e-mails. Pronunciam-se nas redes sociais sobre o que leram de mim. É muito gratificante e estimulante receber esse retorno de que a escrita está cumprindo o seu papel: falar das pessoas idosas na cidade. Mostrar para a cidade que as pessoas idosas existem!
Com essa coluna, eu desejo falar um pouco, como forma de homenagem e reconhecimento ao trabalho e à importância que o seu João _ diretor-presidente da Amac – teve para todos nós. Um chefe diferente. Desses, raros, que fazem uma gestão olho no olho. Mineiramente, simples e firme no comando. Sem firulas. Onde o que vale é a palavra. Além de ser muito parecido com o meu pai, magro e bem humorado, o que aumentava em mim, a simpatia por ele. E por isso mesmo, eu gostava dele, de graça. E também pelo simples fato de ele ter presença na minha vida e na vida de muita gente.
Seu João era muito carismático. Dono de uma grande empatia e interesse em ajudar as pessoas, a funcionários e funcionárias. Sempre queria muito bem à instituição Amac. E esse desejo ficava expresso nas inúmeras reuniões e encontros que participava, quando a pauta relacionava-se à Amac. Tive mais contato com ele nas reuniões mensais da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. Fazia suas intervenções com equilíbrio e muita sensatez. E, às vezes, fazia a gente rir.
Eu atendia aos seus convites para fazer uma palestra ou outra sobre a situação social dos idosos na cidade, nos movimentos religiosos que ele participava. Ele fez o que pôde para manter a Amac com brilho e valorização na competência profissional de sua prestação de serviços sociais à população da cidade. Seu João desejava, sem
nenhuma dúvida, uma cidade para todas as idades e para todas as pessoas. Ele foi um grande apaixonado pelo serviço de assistência social. Fazia de forma voluntária, como diretor-presidente não tinha salário. Tinha apego e amor ao que fazia. Seu João não deve ser esquecido. Fará muita falta. Ele tinha a presença e a sabedoria dos que sabem a importância da palavra bem colocada. Sem ser passivo.
Mais do que depressa, sugiro, sim, que a Câmara de Vereadores, crie um fato – não sei se ele vai gostar disso – que simbolicamente, faça com que a sua memória fique sempre iluminada. Porque ele foi luz para muita gente! E por falar em não esquecer as pessoas. A cidade tem se despedido de algumas pessoas públicas que fizeram muito por ela. Estou me referindo à passagem do Júlio Gasparette. Uma pessoa de grande atuação pública, que como o seu João, trabalhou muito para o desenvolvimento socioeconômico e político da cidade. Tanto com um, quanto com o outro, fica a lição: o que temos de mais importante e valioso no nosso trabalho público é o vínculo que estabelecemos com as pessoas.