O que é idadismo? É mais um preconceito que existe na sociedade, entre tantos, nas nossas relações sociais, familiares, políticas e
comunitárias baseado na idade das pessoas. E que elimina, discrimina, rejeita as pessoas pela idade delas: esse é o sentido da palavra idadismo.
O seu significado, a sua intenção. Para o seu sinônimo, podemos também nos referirmos à palavra ageísmo. Idadismo ou ageísmo, tanto faz. O que eu desejo aqui, e já te convidando, caro leitor e leitora, a fazer parte desse momento, na confecção dessas linhas, é escrever um pouco sobre esse preconceito. Refletir um pouco com vocês, porque todos nós vamos envelhecer ou já estamos envelhecido/as; conversar um pouco sobre a discriminação que recebemos pela idade que temos. E quanto mais idade nós vamos conquistando – mais desafios precisamos enfrentar e lutar para vencer. Não é nada fácil envelhecer ou ser velho no Brasil. Acho que aqui é muito pior do que, talvez, em outros países, não sei, posso estar equivocado, mas, o que tenho visto, e o noticiário vem demonstrando diariamente, é que a pobreza no Brasil, ainda mais nesse tempo de pandemia, independentemente da idade das pessoas, é algo assim desanimador, de ofuscar os nossos dias. É verdade: a pobreza aumentou no mundo inteiro, não só aqui! E as condições de vida de centenas, milhares de pessoas idosas, que já não estavam boas, pioraram muito. Nossa cidade não está fora desse circuito.
O idadismo ou ageísmo, como queiram, sempre existiu. Desde que o mundo é mundo. A velhice sempre foi e continua sendo um tema polêmico, difícil e controverso. Não só do ponto de vista das pessoas, como sendo uma condição inerente à nossa subjetividade humana; mas também, do ponto de vista, do olhar da sociedade sobre ela. Bom, na verdade, a sociedade não tem um olhar de respeito e aceitação sobre a velhice. São olhares desconfiados e cínicos, míopes e indiferentes às pessoas idosas que passam, por exemplo, pelo Calçadão da Rua Halfeld.
Enquanto o velho do açougue, com barba por fazer, finca seu lugar (embora totalmente invisível) na esquina da Rio Branco com a São João, com a perna esquerda esticada, na verdade, ele busca aumentar a visão para ter a caridade das pessoas que passam na calcada, à busca de mais uma pratinha. Mais um pouco à frente, outro velho; quase sentado, segura o marmitex de comida com as mãos como se fosse uma medalha olímpica dependurada no pescoço. Assim enfrentamos os nossos desafios diante do ageísmo: algumas pessoas idosas sobrevivendo da caridade anônima e corrida que passa na calçada das ruas da cidade. Damos dinheiro, quando damos – é para nos livrarmos da culpa ao percebermos que tem gente passando fome (muita gente). Muitas famílias são abandonadas à própria sorte. Descobertas de proteção social e pública. Quando integrantes dessas famílias, se é que existem (?), agora idosos, são culpados pela construção de sua velhice como se fossem exclusivamente deles, só deles, a maratona de viver mais e melhor. Onde está o artigo constitucional 230 que responsabiliza o Estado, a família e a sociedade pelo amparo às pessoas idosas?
Escrever semanalmente essa coluna também é uma forma de enfrentamento aos desafios que o idadismo nos (me) coloca diariamente. Por isso, eu me dedico a ela. E com a participação de vocês, a entrega fica muito mais valiosa e significativa – construímos uma narrativa comum. Precisamos conversar sobre esse tema do nosso envelhecimento. Não me canso de falar isso. É urgente o debate público sobre como é envelhecer na cidade. O que Juiz de Fora oferece de vida digna para as Pessoas Idosas? Os desafios ao ageísmo local será bem menor quando tivermos o envolvimento cada vez maior da cidade em torno de ações concretas públicas e políticas que transformem pra valer, Juiz de Fora, em uma cidade verdadeiramente amiga da Pessoa Idosa. Eu escuto o vento da mudança!